Busca no site da UFMG

Nº 1575 - Ano 33
30.4.2007

Residentes da Google em momento de descontração no DCC: dando asas à criatividade
Residentes da Google em momento de descontração no DCC: dando asas à criatividade

Welcome ao mundo Google

Sob coordenação do DCC, programa de residência em computação prepara profissionais para ingressar no maior portal de buscas da Internet

Maurício Guilherme Silva Jr.

N

a parede, ao fundo, placas revelam, em letras coloridas e garrafais, a bilíngüe saudação ao visitante: “Bemvindo!" “Welcome!". Mais uma análise sobre o ambiente – uma iluminada sala do Instituto de Ciências Exatas (ICEx) da UFMG – e surpresas saltam aos olhos. Dispostos lado a lado, computadores “convivem” com objetos de natureza múltipla: cesta de basquete, tabuleiro de xadrez, luminárias “cheia” de designer, jogos de montar. Também lá, a usufruir de tudo aquilo, dez estudantes de diferentes origens e titulações mantêm-se concentrados, cada qual com seu afazer. Todos eles se aproveitam da diversidade de cores, aprendizados e possibilidades, para alimentar um só objetivo: fazer parte da “família” Google.

Selecionados na UFMG e em outras universidades do país, os alunos que, desde março, permanecem dias e noites naquela sala, são os selecionados para a primeira turma do programa de residência em computação, desenvolvido em parceria com a Google. A iniciativa, proposta pelo Synergia, laboratório de Engenharia de Software e Sistemas do Departamento de Ciência da Computação (DCC) do ICEx, busca propiciar aos participantes formação abrangente e sólida. “A residência personalizada é pensada em parceria com a empresa”, explica o professor Geraldo Robson Mateus, um dos coordenadores do projeto, ao lado de Antônio Alfredo Loureiro.

No programa, o DCC mantém parceria com empresas e instituições públicas e privadas para realização de pesquisa e desenvolvimento de produtos. Trata-se de fábrica de software, que presta consultoria e treinamento na área computacional. O projeto é oferecido em duas modalidades: as residências Padrão, que segue processo- padrão definido pelo Synergia, e a Personalizada, direcionada a necessidades específicas, como é o caso da Google. As duas categorias podem ser oferecidas em contrato de patrocínio, com uma ou mais organizações parceiras.

A residência desenvolvida atualmente no ICEx, demandada pela Google, busca capacitar, em quatro meses, profissionais de tecnologia da informação e alocá-los em áreas afins da empresa. Os contratados ficarão na sede da companhia em Belo Horizonte. “Temos perfis muito diferentes, o queé interessante para nossa formação”, diz o engenheiro de computação Ivan Monteiro de Castro Conti, um dos dez participantes do programa, selecionado no Instituto Militar de Engenharia (IME), com sede no Rio de Janeiro.

Criatividade

Ao revelar o sonho que nutre por trabalhar na Google, uma “empresa extraordinária”, Ivan elogia a ementa do curso do DCC, que, em sua visão, supre demandas nãosatisfeitas ao longo do curso de graduação. Um de seus colegas, o engenheiro elétrico Iúri Chaer, que estudou na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), diz ter encontrado na residência formas de dar asas à criatividade: “Temos a oportunidade de resolver casos novos”, ressalta o estudante, que, antes de ser selecionado para o projeto, foi finalista da competição Google Jam, que apresenta desafios a serem solucionados por programadores.

Ao longo dos quatro meses de residência, os alunos permanecem o dia inteiro na sala reservada a eles no ICEx – sem direito a sábado, domingo ou feriado de folga: “No feriado da Semana Santa, não vim à UFMG apenas no domingo de Páscoa”, conta Iúri Chaer. Tanto trabalho, no desenvolvimento de um mecanismo de busca semelhante ao da Google – mas de porte bem menor –, é justificado pela oportunidade profissional.

Uma das três mulheres selecionadas para o programa, a engenheira elétrica Cássia Regina Santos Nunes, que já possui doutorado na área, é ex-aluna de graduação da UFMG. Ela chegou a ser entrevistada por profissionais da Google, um ano antes de entrar na residência, mas não conseguiu uma vaga na empresa. “As entrevistas de emprego da Google são feitas por técnicos, e não por psicólogos especializados na área profissional”, explica. Se tudo correr bem, em quatro meses Regina e suas outras duas colegas de classe serão algumas das representantes do sexo feminino na empresa norte-americana, dona da marca mais valorizada do mundo.