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Nº 1575 - Ano 33
30.4.2007

Foto: Foca Lisboa
Alunos do ensino médio visitam a UFMG na Mostra das Profissões

A escolha que vale uma carreira

Realizada pela quarta vez na UFMG, Mostra das Profissões ajuda alunos do ensino médio a definir caminhos

Fernanda Cristo

“Tinha eu 14 anos de idade
Quando meu pai me chamou
Perguntou se eu não queria estudar
Filosofia, medicina ou engenharia
Tinha eu que ser doutor
Mas a minha aspiração
Era ter um violão
Para me tornar sambista”

(trecho da música 14 anos, de Paulinho da Viola)

D

urante a infância, quem já não foi assaltado pela pergunta fatal, a mesma que martirizou o sambista Paulinho da Viola: O que você vai ser quando crescer? E, provavelmente, para cada pessoa que perguntava, havia uma resposta diferente. Um dia, o desejo era trabalhar como detetive e, passadas 24 horas, a opção mudava abruptamente para dentista, médico, ator ou cantor. Uma semana depois, a imaginação de criança a transformava em cientista ganhador de prêmio internacional por ter descoberto a cura de um mal terrível. Isso quando não pensava em ser tudo ao mesmo tempo.

Quando foi para o ensino médio, no entanto, a pergunta mudou de tom: qual profissão vai escolher, ou para qual curso vai tentar vestibular? Neste momento da vida, todas as certezas parecem se esvair e os sonhos da infância acabam se transformando numa fria decisão de preencher o quadradinho da ficha de inscrição.

Uma saída para, pelo menos, abreviar a solução desse dilema, é a Mostra das Profissões, que está sendo realizada até o final desta semana na UFMG. “Com a Mostra, a Universidade busca apresentar ao público do ensino médio todos os seus cursos, com peculiaridades, grades curriculares e possibilidades no mercado de trabalho. Tudo isso por meio de minipalestras e salas interativas”, resume o professor Antônio Zumpano, coordenador do evento. Em 2006, a UFMG recebeu cerca de 40 mil pessoas em três turnos (manhã, tarde e noite), durante três dias. Este ano, a estrutura é a mesma, mas a programação apresenta novidades. “Simplificamos um pouco as atividades para concentrar a atenção nas duas partes mais importantes da Mostra: as mini-palestras, ministradas pelos coordenadores dos 48 cursos de graduação da UFMG, que durante 40 minutos esclarecem as principais dúvidas dos participantes sobre as profissões; e as salas interativas, onde os alunos realizam atividades específicas de cada área”, explica Zumpano.
Fotos: Éber Faioli
Salas Interativas - Mostra das Profissões - UFMG
Organização da Mostra aposta no diálogo entre veteranos e alunos do ensino médio

Foco na formação

Uma das principais novidades desta edição é o estande da Pró-Reitoria de Extensão na Praça de Serviços. “Queremos divulgar as principais atividades da extensão da UFMG, principalmente o Centro de Difusão da Ciência”, comenta o coordenador da Mostra.

Este ano, a organização do evento também optou por não realizar grandes palestras sobre temas atuais. “Percebemos, pelas experiências anteriores, que elas não despertavam muita atenção entre os alunos. Os participantes querem se aproximar dos cursos e suas atividades e observar como profissionais da área atuam. Por isso, também não teremos mais atividades culturais. Acreditamos que elas desviavam um pouco o foco de nosso objetivo”, completa.

Para o coordenador do evento, um dos espaços mais interessantes para os participantes são as salas interativas: “Quem participa desse espaço são alunos veteranos da UFMG, o que favorece um diálogo muito interessante entre estudantes da Universidade e do ensino médio. É uma interação que extrapola o formato professor-aluno, discípulo-mestre. A conversa se dá numa linguagem informal, que talvez seja mais eficaz”.

Um tour pelo campus

“Nem todo mundo sabe o que representa uma Universidade”, afirma Antônio Zumpano. Por isso, uma das principais atividades da Mostra é o Campus tour, organizado por alunos e professores do curso de Tursimo. São dois ônibus que saem da Praça de Serviços de hora em hora, mostrando todos os prédios e atividades que ocorrem dentro do campus. O coordenador da Mostra revela que já ouviu comentários de alunos do ensino médio que pensavam que a Universidade era apenas um prédio, como o do Instituto de Ciências Exatas. “Realizando esse passeio, pretendemos dar ao aluno uma dimensão da imensa estrutura da UFMG”.

Todas as atividades da Mostra contam com a ajuda de alunos da Universidade. Luísa Lagoeira, do 7º período de Turismo, participou no ano passado da organização geral do evento e este ano trabalha como monitora na sala interativa. "Espero apresentar o curso da melhor forma possível. Quando fiz vestibular, ainda não havia Mostra das Profissões. A idéia é muito interessante, pois oferece uma oportunidade para a troca de experiências entre quem está de fora e quem estuda na UFMG. A simples leitura de informações sobre o curso não oferece uma visão tão detalhada", argumenta a estudante.
Foca Lisboa
Imagem da Mostra das Profissões, na UFMG

Luz no fim do túnel

O público-alvo da Mostra são as escolas de segundo grau. Segundo o coordenador do evento, três mil instituições de todo o Estado receberam mala direta da Universidade, convidando seus alunos para virem à UFMG. O evento, no entanto, é aberto ao público, independentemente do vínculo escolar. O estudante Ítalo Martins, de 16 anos, por exemplo, diz que participará da Mostra mesmo que seu colégio não se interesse em enviar alunos. “Estou em dúvida entre Arquitetura e Engenharia Mecânica. Vou à Mostra tentar esclarecer algumas dúvidas e espero sair de lá decidido”, afirma.

Mesmo tendo concluído o ensino médio há algum tempo, Eugênia Mendes, de 24 anos, que já iniciou dois cursos superiores, vê na Mostra uma oportunidade para definir seu futuro. “Já comecei a fazer Relações Internacionais e Educação Artística. Desisti de ambas, pois não conseguia me ver trabalhando nessas áreas”, explica. Eugênia, agora, faz orientação vocacional e está em dúvida entre arquitetura e cursos das áreas de humanas e biológicas. “A psicóloga que me orienta sugeriu que eu fosse à Mostra das Profissões da UFMG. Lá, espero saber mais sobre os cursos em geral, complementar alguma informação que falta e sair com um curso escolhido”.

Certezas e dúvidas

A UFMG não dispõe de estudo aprofundado sobre a influência da Mostra na definição profissional dos alunos do ensino médio. Mas há pelo menos indícios de que o evento é decisivo para dirimir dúvidas e afirmar escolhas. Na avaliação da edição do ano passado, dos 4.320 alunos, 45% disseram que a participação ajudou na escolha, enquanto 41% afirmaram que o evento reforçou uma opção já definida. Outros 5% declararam que a Mostra contribuiu para mudar sua opção e apenas 9% saíram do evento com mais dúvidas do que quando entraram.

Outra tentativa de “medir” o retorno da Mostra das Profissões ocorreu no Vestibular 2007, quando foi introduzida pergunta sobre a participação no evento, no questionário socioeconômico. Segundo o professor Zumpano, o Vestibular 2008 desdobrará tal pergunta em outra questão, com o objetivo de verificar a influência da Mostra na escolha final do curso. “Pelas experiências anteriores, é possível perceber que a Mostra é muito importante, pois o público vem crescendo ano a ano. Mas ainda é preciso fazer um trabalho de pesquisa mais elaborado, com alunos matriculados”, pondera Antônio Zumpano.

Pesquisas à parte, não é difícil encontrar estudantes que tenham definido sua escolha em edições anteriores. Aluna do 3º período de Comunicação Social, Vanessa Veiga diz que participou de mostras em várias instituições: “De todas, a da UFMG foi a que mais me empolgou. É interessante como os alunos falam com muita paixão sobre os cursos. Tem toda uma organização que leva a gente a querer ingressar na Universidade. Quando passeamos pelo campus, temos vontade de vir estudar neste lugar. Fiquei com a certeza de que queria cursar comunicação aqui e hoje acredito ter feito a escolha certa”.