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Nº 1575 - Ano 33
30.4.2007

Foca Lisboa
Pesquisadores do ICB analisam armadilha usada para capturar o mosquito da dengue
Pesquisadores do ICB analisam armadilha usada para capturar o mosquito da dengue

Guerra ao Aedes

UFMG implanta sistema para monitorar mosquito da dengue no campus Pampulha

Tatiana Santos

E

stá aberta a temporada de caça ao mosquito da dengue na UFMG. Para capturar o Aedes aegypti, vetor do vírus causador da doença, foram instaladas 230 armadilhas em todas as 36 unidades acadêmicas e administrativas do campus Pampulha. A iniciativa de “caçar” o mosquito integra o Sistema de Monitoramento Inteligente da Dengue (MI-Dengue), programa resultado de parceria entre a UFMG, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e a empresa Ecovec, que pretende identificar a incidência do vetor na Universidade.

As armadilhas foram distribuídas pelo campus no dia 21 de março, segundo critérios que abrangem desde o tamanho das unidades até a concentração de pessoas, luz e sombreamento do local. Durante um ano, dois estudantes do ICB irão vistoriar as armadilhas e fazer a contagem dos mosquitos capturados. “A atualização da relação mosquito/unidade será feita semanalmente, para que seja possível monitorar a presença do vetor e o nível de infestação na Universidade”, informa a pesquisadora do ICB Rosemeire Aparecida Roque, coordenadora do MI-Dengue.

Os primeiros dados coletados, referentes ao período de 21 de março a 18 de abril, apontam o Hospital Veterinário, o ICB, o Centro Pedagógico e a Faculdade de Letras como as Unidades com a maior incidência do Aedes aegypti – mais de dez mosquitos por unidade. Focos do mosquito ainda não foram encontrados na Unidade Administrativa III e na Estação Ecológica.

Conforme prevê a parceria, as informações obtidas pelo monitoramento são transferidas para a PBH, que, junto com o departamento de Serviços Gerais (DSG-UFMG), é responsável pela elaboração de medidas de controle do mosquito e de conscientização da comunidade. “A Prefeitura tem feito um trabalho contínuo de controle da dengue. Incumbimos um agente exclusivo para fazer a vigilância quinzenal do campus Pampulha, com a aplicação de inseticidas nas unidadessentinelas, onde a incidência do mosquito é maior”, informa Cristiano Fernandes, biólogo e gerente da Regional Pampulha de Controle de Zoonoses.

Segundo ele, os índices de risco de dengue na Regional Pampulha caíram 60% nos três primeiros meses de 2007. Para ele, a proliferação do mosquito depende tanto da edificação dos espaços quanto do comportamento das pessoas. Para minimizar o problema, acrescenta Fernandes, a Regional promove campanhas de mobilização e conscientização, com distribuição de cartazes e faixas educativas, e a organização de multirões de limpeza.

Armadilha

Os produtos utilizados no MI-Dengue – o MosquiTRAP e o AtrAedes – foram desenvolvidos por pesquisadores do Laboratório de Culicídeos do ICB, sob coordenação do professor Álvaro Eduardo Eiras. Patenteado pela UFMG, o MosquiTRAP é uma espécie de vaso preto, com água ao fundo, que imita o criadouro do mosquito. Nele, é depositado o AtrAedes, fabricado em forma de pastilhas, que libera um odor que atrai a fêmea adulta do mosquito. “Ao entrar na armadilha, o inseto fica preso a um cartão adesivo, colocado na parede do vaso, e não consegue depositar seus ovos”, explica Eiras. Através da análise do cartão, é possivel detectar a concentração do inseto na região onde a armadilha foi instalada.

As informações, recolhidas em planilhas eletrônicas, são enviadas por celular para a Ecovec, que utiliza os dados para a geração de gráficos, tabelas e mapas georreferenciados. Esse material será entregue à PBH e disponibilizado na página principal da UFMG e de suas unidades, para que toda a comunidade acadêmica possa acompanhar o monitoramento.

A tecnologia utilizada pelo MI-Dengue está sendo aplicada em Congonhas (MG), Vitória (ES), Presidente Epitácio (SP) e na regional Oeste de Belo Horizonte. As armadilhas também já foram testadas e exportadas para Alemanha, Austrália, Cingapura e Panamá.