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Nº 1587 - Ano 34
23.10.2007

Reduzindo incertezas

Laboratório de Finanças da Face quer incrementar parcerias e conhecimento na área de mercado financeiro

Encontrar soluções para o desafio de sobreviver no mercado enfrentado permanentemente por pequenas e médias empresas é um dos objetivos do Laboratório de Finanças da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG. “Os softwares de análise de risco, por exemplo, podem minimizar dificuldades, mas a maioria dessas empresas não sabe que esses recursos existem”, comenta o professor Leopoldo Grajeda, do Departamento de Matemática do Icex, que integra a equipe do Laboratório.

Criado no início de 2006, o núcleo estabelece laços entre os conhecimentos adquiridos em sala de aula com a pesquisa acadêmica e o desenvolvimento de produtos e serviços de consultoria na área financeira. As linhas de pesquisa abrangem estudos sobre mercados financeiros de capitais, gestão de riscos, finanças corporativas e finanças em pequenas e médias empresas.

Leopoldo Grajeda: riscos minimizados
leopoldo
Foca Lisboa

 

“Queremos ampliar parceria com empresas que estão no mercado para, simultaneamente, prestar consultoria e propiciar experiência aos alunos no desenvolvimento de soluções, consolidando sua formação”, diz o professor Aureliano Bressan, coordenador do Laboratório.

Segundo ele, modelos computacionais sobre gestão de riscos no mercado financeiro, em fase de desenvolvimento no núcleo, ainda não estão disponíveis para usuários externos, devido à necessidade de customizá-los a partir da realidade de cada empresa.

“Eventuais parcerias com entidades do mercado seriam interessantes para finalização e divulgação dos modelos, pois não podemos desenvolvê-los sozinhos, sem conhecer suas demandas”, esclarece.

 

 

Vertentes

A linha de estudo e consultoria em finanças corporativas do Laboratório é focada em grandes empresas de capital aberto. Para as de pequeno e médio porte, o trabalho se destina à avaliação de seus projetos de investimento, principalmente quando querem expandir sua capacidade de produção. “Nesse aspecto, é preciso definir a fonte de captação de recursos necessários à sua execução, conhecer a melhor forma de investir e administrar os riscos dos novos negócios”, detalha Bressan, lembrando que a chance de sucesso da empresa num projeto de investimento é avaliada por meio de simulações de fluxos de caixa futuros.

Outro modelo estruturado de trabalho refere-se ao gerenciamento de risco para investimentos no mercado financeiro. Como os fluxos de capitais negociados nas bolsas de valores se alteram a cada instante, vários especialistas desenvolvem modelos que avaliam as chances de perdas máximas que a empresa pode sofrer quando decide investir. “A análise do ambiente é um exercício diário para quem negocia ações no mercado. Os modelos computacionais facilitam e tornam mais eficiente o gerenciamento dos riscos”, comenta Aureliano Bressan.

Essa atividade é essencial no ambiente competitivo. “O mercado pressiona as empresas a se posicionarem melhor, e para isso elas devem ter sistemas eficientes na gestão de seus recursos financeiros”, analisa o professor, que destaca o papel dos softwares de gerenciamento de riscos no ambiente financeiro. “Não existem modelos com respostas perfeitas e universais, mas eles ajudam a reduzir as incertezas no processo decisório”, analisa.

Aureliano Bressan: parcerias com empresas
aureliano
Foca Lisboa

Alguns desses modelos são desenvolvidos por alunos vinculados ao Laboratório de Finanças. “Há softwares mais elaborados, porém o nosso objetivo é educar e capacitar o estudante para que ele chegue ao mercado de trabalho com base conceitual e técnica, caso necessite produzir modelos mais sofisticados”, ressalta.

A última vertente do trabalho baseia-se em estudos sobre diversos tipos de investimentos no mercado financeiro e empresas que desejam abrir capital. Segundo o coordenador do Laboratório, esse segmento conta com monografias de iniciação científica e relatórios de pesquisa de bolsistas do laboratório que já estão sendo publicados em revistas acadêmicas brasileiras.

O núcleo é formado por dez alunos da Face, do ICEx e da Escola de Engenharia, além dos professores Hudson Amaral e Wagner Lamounier, dos cursos de Administração e Ciências Contábeis.

 

 

Investimentos à vista

A estabilidade econômica alcançada na última década e a redução das taxas de juros estão promovendo mudanças expressivas no mercado financeiro nacional. Dois indicadores divulgados pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) retratam nova tendência na área e revelam comportamento inédito dos investidores no Brasil.

Um dos indícios é o aumento do volume financeiro negociado na Bovespa, entre 1996 e 2007, período em que os negócios saltaram de R$ 7,1 bilhões para R$ 84,4 bilhões. Os recursos advêm de capital especulativo, produtivo e de pessoas físicas que passaram a considerar o mercado de ações como opção confiável de investimentos.

Outro indicador positivo mostra aumento significativo no número de empresas que promoveram abertura de seu capital. Apenas no último triênio, elas passaram de sete para 49 ofertas públicas, o que comprova que investimentos oriundos do mercado de ações ampliaram sua participação entre as fontes de financiamento das empresas brasileiras. Para as empresas que conhecem as regras do jogo, investir nesse segmento dá novo fôlego aos seus negócios.