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Nº 1587 - Ano 34
23.10.2007

De casa nova

Crianças em ação no projeto Cariúnas: inclusão pela música
projeto
Maira Vieira

Projeto Cariúnas, que ensina música a jovens de baixa renda, inicia atividades em sede na Pampulha

Luiz Dumont Jr.

Música constitui-se, basicamente, de uma sucessão de sons e silêncio, organizada ao longo do tempo. Com o acréscimo de outros ingredientes, como amor e cidadania, ela pode se transformar numa poderosa aliada da transformação social e já começa a mudar a vida de cerca de 280 crianças da periferia de Belo Horizonte. Trata-se do projeto Cariúnas, coordenado pela professora aposentada Tânia Maria Lopes Cançado, da Escola de Música.

Desenvolvido pela Sociedade Artística Mirim de Belo Horizonte, o projeto surgiu em 1985 junto com o Centro de Musicalização Infantil (CMI), do qual é parceiro até os dias de hoje. O curso foi o primeiro projeto de extensão exclusivo para crianças desenvolvido na Universidade. Na época, um entrave era o custo da atividade. “O curso foi muito bem-sucedido. Só que era pago. E meu sonho era oferecê-lo a quem não podia pagar”, lembra a professora Tânia. Seu sonho começou a virar realidade no bairro Primeiro de Maio, na região Norte de Belo Horizonte. Lá ela iniciou um projeto com canto coral, embrião do Cariúnas.

O objetivo do Cariúnas é ministrar um ensino integrado de música, dança e teatro, além de disponibilizar meios para que os jovens alcancem a profissionalização. Cada jovem passa obrigatoriamente pelas três áreas. As aulas acontecem de segunda a sexta, durante um período de 3 a 4 horas. “Aqui eles têm biblioteca e acesso à Internet, fazem o dever de casa, recebem atendimento psicológico e alimentação”, diz. Os mais novos, com idade até 9 anos, têm aulas de flauta doce, violão e teclado. Ao mudar de estágio, os alunos escolhem um instrumento de sopro. Entre as opções estão flauta transversal, trompete, saxofone, clarinete e trombone. Há ainda aulas de percussão, ministradas por alunos da Escola de Música.

Tânia Mara: sonho em construção
tania
Maira Vieira

Auto-sustentação

Desde o início de outubro, o Cariúnas ocupa nova sede, erguida em terreno de 12,8 mil metros quadrados no bairro Planalto, na região da Pampulha. Na área, doada pela Prefeitura de Belo Horizonte, está sendo criado um parque-escola. A nova sede, de 1500 metros quadrados, já é usada por professores e alunos. A construção é financiada com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Eletrobrás e Fiemg.

A obra do primeiro pavimento foi finalizada. Para a professora Tânia Cançado, a prioridade do projeto é alcançar a auto-sustentação. “A idéia é criar um teatro-oficina para gerar recursos para a escola e abrir cursos livres, com cobrança de mensalidades, para outros jovens da região”, explica.

O espaço recebe atualmente cerca de 100 jovens e crianças. As outras crianças atendidas estão vinculadas a instituições que firmam parcerias com o projeto. “Quando uma creche se interessa pelo nosso trabalho, ela entra em contato e nós firmamos uma parceria, encaminhando professores”, explica a coordenadora.

Apesar das conquistas, Tânia Cançado afirma que o programa ainda tem muito trabalho pela frente. Segundo ela, o Cariúnas teve projeto de financiamento aprovado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei Rouanet, que permite direcionar recursos do Imposto de Renda para iniciativas culturais. “Temos agora que investir na captação de recursos para continuar as obras. Ainda precisamos de muita ajuda”, conclui.

Projeto Cariúnas
Endereço: Rua Luiz de Melo Matos, 175, Planalto
Telefone:3490-5510
Página na Internet: www.cariunas.org.br