![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() ![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
|
![]() |
![]() |
|||
![]() |
Nº 1607 - Ano 34
25.04.2008
![]() |
![]() |
Luiz Dumont Jr.
Paulo Cerqueira |
![]() |
Simeone: PM mudou seu relacionamento com a sociedade |
Como construir uma organização policial que dialogue com o cidadão? Em busca da resposta para esse questionamento, Márcio Simeone, professor do departamento de Comunicação Social da Fafich, analisou, do ponto de vista da comunicação organizacional, a filosofia de polícia comunitária no âmbito da PM mineira. Implantada na década de 90, essa sistemática de trabalho aposta na proximidade com a população para reduzir a criminalidade. O trabalho resultou em tese de doutorado defendida pelo professor em março deste ano, junto ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social.
Segundo o professor, o primeiro passo da pesquisa foi compreender as transformações da comunicação organizacional da Polícia Militar. “Ao longo das três últimas décadas, a PM passou por grandes mudanças em sua organização. Elas acompanharam marcos políticos fundamentais relacionados com a redemocratização do país”, explica. E esse processo, de acordo com Simeone, também afetou a comunicação da PM, que, de estrutura amadora na década de 70, transformou-se em setor capaz de dialogar amplamente com a sociedade. “É evidente que a PM se sentiu pressionada e precisou reorganizar o seu sistema de comunicação. Houve uma mudança no relacionamento com a imprensa e com a opinião pública”, comenta o professor.
Para compreender o diálogo da Polícia Militar com a população, Márcio Simeone acompanhou os trabalhos de três Conselhos Comunitários de Segurança Pública (Conseps), nas regiões Sul, Oeste e Noroeste de Belo Horizonte. Os Consep são entidades de livre associação, cuja criação é estimulada pela Polícia Militar. Eles favorecem os encontros da polícia com a população, com o objetivo de criar ambiente de interlocução e de cooperação. “Procurei perceber como se dá essa interlocução, quais as dificuldades e os obstáculos desse contato. Tentei identificar como se estabelece, ou não, a confiança da comunidade na polícia”, argumenta o professor.
Em geral, a participação da comunidade se dá pela presença de membros de associações de bairros e líderes locais, que já trabalhavam para a melhoria da condição de vida da região. Contudo, o pesquisador percebeu que o nível de institucionalização alcançado pelos Conseps ainda é muito pequeno. “Desde 2000, quando foram implementados na Capital, poucos se formalizaram. Sua existência é quase informal”, afirma Simeone. “Apesar disso, nos três Conseps que eu acompanhei, há interlocução e comunicação que antes não existiam entre esses representantes e a Polícia Militar”, completa.
Para Simeone, a mudança da PM no modo de se comunicar com a sociedade é muito tímida e ainda insuficiente para alterar completamente sua imagem e criar nova percepção sobre a instituição policial. “São percepções ambíguas, cheias de contradições próprias de uma organização como a polícia. Uma imagem pode variar de acordo com uma série de fatores internos e externos ligados à instituição”, explica o professor. Por outro lado, acrescenta Simeone, é notório que a PM sente a necessidade de manter uma comunicação mais próxima com o cidadão. “Nesse caso já não cabe apenas difundir informações para a sociedade; é preciso dialogar com cada comunidade. O que se quer agora é interlocução”, conclui.
De acordo com o pesquisador, a compreensão da comunicação pública contemporânea não pode limitar-se às funções de comunicação estratégica, tradicionalmente atribuídas às relações públicas e ao marketing, que produzem e difundem informações em massa para manter uma imagem favorável junto à opinião pública. “Esse processo também precisa envolver uma comunicação dirigida a públicos mais restritos e localizados”, defende Márcio Simeone.