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Nº 1614 - Ano 34
16.06.2008

Expansão pressiona transporte e trânsito

Foca Lisboa
onibus
Só em 2009, a Universidade receberá 1.200 novos alunos

Glauciene Lara

A circulação de veículos no campus Pampulha é um problema que vai além das medidas emergenciais que asseguram vagas de estacionamento perdidas nas obras dos centros de atividades didáticas (CADs). O relatório de circulação elaborado em 2002 para a construção dos prédios e estacionamentos das faculdades de Farmácia e Ciências Econômicas, da Escola Engenharia e do Anexo do Departamento de Química verificou trânsito diário de cerca de 14 mil veículos. “Hoje, avaliamos que 20 mil automóveis circulam diariamente no campus”, calcula a pró-reitora de Administração, Ana Motta. Ela se baseia em projeção da BHTrans, segundo a qual o crescimento anual da frota de veículos em Belo Horizonte é de 10%. Em 2009, o problema deve se agravar com a criação de 1.200 vagas no Reuni.

Para melhorar o trânsito no campus Pampulha, a UFMG vai elaborar diagnósticos, estudos e planos de ações, desenvolvidos em duas frentes de atuação: relatórios que detalham a circulação no campus e que também serão usados no licenciamento ambiental dos CADs e apresentação de soluções para a gestão do tráfego no campus, trabalho que envolverá pesquisadores e técnicos da BHTrans.

Comissão ligada à Pró-Reitoria de Planejamento foi criada para acompanhar o licenciamento ambiental dos CADs. A autorização para a construção dos prédios de mais de seis mil metros quadrados está condicionada à elaboração de relatórios de impacto de circulação, exigência do processo de licenciamento. A licitação para a compra dos relatórios de circulação será aberta nos próximos dias.

Alternativas

A professora Heloísa Barbosa, do departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da UFMG, e o professor Renato Guimarães, do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), elaboraram proposta de avaliação da circulação do campus que identifica alternativas como incentivo às bicicletas e às caronas e o escalonamento de horários.
O estudo apresenta nova visão dos problemas do tráfego de veículos, baseada em metodologias européias, que consistem em não produzir demandas de viagem, mas controlá-las.

Isso significa que ações caras como alargamento de ruas e construção de viadutos melhoram o fluxo apenas temporariamente, porque também estimulam o aumento de carros. A intenção é propor soluções locais, simples, que geram resultados em curto prazo – média de três a cinco anos – e que se baseiam em mudanças de comportamento e hábitos. Para Renato Guimarães, o automóvel é um transporte confortável e de qualidade, mas causa impacto ambiental e isolamento. Uma alternativa seria que cada pessoa deixasse o carro na garagem pelo menos uma vez por semana. “Não é para deixar de usar, mas usar com parcimônia”, esclarece.

A mudança de comportamento resulta de ações educativas, acompanhadas da infra-estrutura necessária. Barbosa explica que o incentivo ao uso de bicicletas, bem-sucedido em Paris, gera a necessidade de ciclovias. “As pessoas só mudam se houver condições adequadas”, afirma.

A BHTrans estuda a adoção das idéias dos professores Heloísa Barbosa e Renato Guimarães. O estudo deverá subsidiar propostas de gestão de tráfego do Cefet e da UFMG.

Ações em parceria

A BHTrans será parceira da UFMG na elaboração do plano de ações para a circulação do campus, baseado na metodologia de mobilidade local. Para o pró-reitor José Nagib Cotrim Árabe, “a circulação no campus está acoplada aos problemas de trânsito da cidade”, caracterizados pelo excesso de carros e pelo transporte coletivo deficiente. De acordo com Marcelo Cintra, gerente de Coordenação da BHTrans, o envolvimento da empresa e a elaboração de um plano em sintonia com as políticas públicas facilitam sua implantação.

“A cidade está mudando e a UFMG tem que estar atenta para se aproveitar dessas mudanças”, afirma.

Alterações de trânsito e tráfego planejadas pela BHTrans deverão beneficiar a circulação no campus Pampulha. Uma delas é a abertura de licitação do novo consórcio de transporte coletivo para a região da Pampulha. De acordo com Marcelo Cintra, não há garantia da criação de novas linhas, mas o consórcio estabelece ambiente favorável para a discussão. A BHTrans também implantará, até o início de 2009, a Ciclovia Norte, que vai da região de Venda Nova até a orla da Lagoa da Pampulha, dentro do programa Pedala BH. Para Cintra, a ciclovia tem potencial para chegar à UFMG. Outra medida em estudo é a implantação da Estação Pampulha do BH Bus, no encontro das avenidas Antônio Carlos e Pedro I.