Memórias na mesa

A partir de conversa entre ex-coordenadores, documentário 40 Invernos resgata imagens e histórias das quatro décadas de Festival

Ricardo Bandeira

Sete personagens com atuação destacada na coordenação do Festival de Inverno da UFMG, em suas diversas fases, reuniram-se em dezembro de 2006, no Grande Hotel de Ouro Preto, para uma conversa descontraída e emocionante sobre as quatro décadas do evento. À mesa, as alegrias, dores, desafios e memórias do festival universitário mais longevo do país. Todo o papo foi registrado e serve de fio condutor ao documentário 40 Invernos, que será lançado no 40º Festival, em Diamantina.

A intenção dos diretores, Evandro Lemos e Sérgio Vilaça, era fazer um filme desprovido de caráter acadêmico ou institucional. “Queríamos também fugir da tradição da reportagem. Entrevistar a pessoa é um pouco induzi-la a dizer o que a gente quer”, afirma Vilaça, justificando a opção de reunir aqueles personagens em torno de uma mesa. “Foi um momento privilegiado para que as filigranas da história, do passado, fossem resgatadas a partir do ponto de vista de cada um”, lembra um dos participantes da conversa, o professor emérito da UFMG José Tavares de Barros, ex-diretor do Festival (leia quadro com os integrantes da mesa).
Em 40 Invernos, o papo entre os coordenadores é intercalado por imagens de arquivo do evento e depoimentos de personalidades como a pianista e diretora-executiva da Fundação de Educação Artística, Berenice Menegale, uma das pioneiras.

Também estão lá integrantes de grupos que têm sua história ligada intimamente ao evento, como Giramundo, Corpo, Galpão e Uakti. A narrativa traz à tona a evolução do Festival nessas quatro décadas, seu impacto na vida das cidades por onde passou e o intercâmbio das culturas regional, nacional e internacional, uma de suas marcas.

“A conversa leva a outras pessoas e situações. Eles (os participantes) resgatam a memória e fazem uma análise do evento, o que permite uma viagem ao longo dos 40 anos”, afirma Evandro Lemos, atual diretor da Escola de Belas Artes da UFMG e ex-coordenador do Festival de Inverno.
Fica evidente no documentário a influência do evento no surgimento de manifestações artísticas que estão entre as mais importantes de Minas. Além dos grupos já citados, vale destacar o Festival Internacional de Teatro de Belo Horizonte (FIT-BH), que promoveu este ano a 9ª edição e teve como embrião a Mostra Internacional de Teatro, realizada na edição de 1989, na capital.

Imagens em movimento

Um dos objetivos da 40ª edição é lançar um olhar para o passado do Festival, e 40 Invernos pode ser o ponto de partida para o resgate de uma porção importante dessa história, registrada na forma de imagens em movimento. Um dos desafios dos produtores do documentário foi reunir o acervo sobre o evento, espalhado por diversas fontes. “Alguma coisa está preservada na Proex (Pró-Reitoria de Extensão da UFMG), mas não de maneira sistematizada”, diz Lemos. “Hoje, discute-se muito a produção do audiovisual.

Mas como guardar as imagens? É preciso haver uma cultura de preservação”, acrescenta Vilaça, também coordenador de Produção do Centro de Referência Audiovisual (Crav) da Prefeitura de Belo Horizonte.
Em 40 Invernos, há registros formais de festivais do passado e imagens produzidas de forma amadora por alunos e professores. Entre os filmes oficiais utilizados, destacam-se dois documentários. O primeiro é Festival de 10 Invernos, que registrou a primeira década de existência do evento, com direção de José Tavares de Barros e participação do próprio Evandro Lemos na sonoplastia. O outro é 20 anos do Festival de Inverno da UFMG, de Silvino José de Castro. O primeiro filme tem 12 minutos de duração e integra, como bônus, o DVD de 40 Invernos, distribuído a escolas, bibliotecas e videotecas.

40 Invernos teve pré-estréia em agosto de 2007, em Belo Horizonte. Após a estréia, em Diamantina, no dia 14 de julho, ele deverá ser exibido na TV e no cinema. As negociações para a distribuição estão em andamento.

Imagem do filme 40 Invernos