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Nº 1620 - Ano 34
07.08.2008


Gentileza urbana

Filipe Chaves
lago
Agora recuperado, espelho d´água é uma referência à Lagoa da Pampulha

Escola de Arquitetura revitaliza jardim inspirado nas idéias de Burle Max

A Escola de Arquitetura da UFMG completou, em 5 de agosto, 78 anos de fundação, com um presente para Belo Horizonte: a reinauguração de seu jardim externo. Inspirado em linhas modernistas propostas pelo mestre do paisagismo brasileiro Burle Marx, o espaço, de 625 metros quadrados, sofreu ampla revitalização e teve seu espelho d’água recuperado. Há anos desfigurado, o laguinho encontrava-se literalmente enterrado, devido a dificuldades de manutenção e de controle sanitário. Com a recuperação, a população voltará agora a apreciar seus contornos – uma referência à Lagoa da Pampulha.

“O jardim é uma gentileza que oferecemos à cidade e mostra a importância do espaço público para o urbanismo”, diz o professor Flávio Lemos Carsalade, que assumiu, na mesma data, a direção da Escola (leia mais na página 6). Construído na década de 1950, no cruzamento das ruas Paraíba e Gonçalves Dias, na Savassi, o prédio da Arquitetura foi um dos primeiros em estilo modernista de Belo Horizonte. Aspecto marcante de seu design reside nessa interface com a rua, por meio de área ajardinada, imediatamente adotada pela população da região, como ressalta o professor. “As pessoas a visitam e trazem seus animais; ela possui uma função importante como local de convivência”, afirma.

Curvas

Modelado em composição livre, sem a preocupação de imitar a natureza, o jardim modernista brasileiro privilegia as plantas brasileiras e evolui em série de curvas, evidenciando a organicidade de seu conceito. Essas características o diferenciam de dois ícones do paisagismo: os jardins ingleses – projetados para se assemelharem ao máximo ao espaço natural – e os franceses – mais simétricos e precisos. Diferentemente, o modelo brasileiro recorre a elementos geométricos de modo mais livre, em que a curva é uma recorrência predominante. A mesma característica é visível na arquitetura modernista. Carsalade observa que, nos anos 50, período em que o prédio da Escola foi erguido, havia grande influência dos traços de Oscar Niemeyer na arquitetura local.

De modo correlato, seu contemporâneo Burle Marx também deixou profundas marcas no paisagismo da capital mineira. A Praça do Papa e o jardim da Assembléia Legislativa são outros exemplos de espaços verdes que seguem a risca do mestre.

A recuperação da área da Escola integra proposta de sua reestruturação física. “Vamos começar estudo arquitetônico e projeção do impacto no espaço físico da implantação dos novos cursos decorrentes do Reuni”, informa o novo diretor. O Vestibular 2009 já vai oferecer vagas para o curso de Design e para o período noturno de Arquitetura e Urbanismo.