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Nº 1636 - Ano 35
01.12.2008

BH mira um milênio melhor

Com participação da UFMG, capital mineira ganha observatório para acompanhar o cumprimento de agenda social global

Paula Lanza

Quatro núcleos de pesquisa da UFMG – Laboratório de Estudos Territoriais (Leste), do IGC, Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Face, Observatório de Saúde Urbana, da Faculdade de Medicina, e Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (Nepem) – participam de uma iniciativa inédita no Brasil: o Observatório do Milênio, lançado no último dia 20, em Belo Horizonte, para acompanhar o cumprimento, na capital mineira, dos Oito objetivos do milênio, agenda para o desenvolvimento social global lançada há oito anos.

A iniciativa também envolve Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), Governo de Minas, PUC Minas, Fundação João Pinheiro, Fumec, Una e Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), com apoio do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN Habitat). “O Observatório poderá contribuir de forma mais contundente para a disseminação dos estudos desenvolvidos por essas instituições, que possuem uma produção de grande relevância para a cidade”, analisa Haydée Frota, gerente do projeto do Observatório do Milênio e coordenadora da Rede de Cooperação Local ODM – América Latina e Caribe.

Apesar do Observatório ter sido formalmente instalado apenas no mês passado, seus parceiros desenvolvem ações conjuntas desde o final de 2006. Elas resultaram na publicação da primeira edição da Revista do Observatório do Milênio, com periodicidade semestral, e do segundo número do Relatório de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio de Belo Horizonte. O relatório é parte do projeto-piloto Localizando os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, instrumento de análise que permite monitorar a evolução das metas. O relatório avalia o desempenho social da capital mineira a partir de 50 indicadores.

Segundo a Prefeitura, o relatório deste ano revelou que a cidade já atingiu uma das metas propostas, a que previa a redução, entre 1990 e 2015, de dois terços da mortalidade de crianças com até cinco anos. Em 1994, BH registrou 47,4 óbitos de meninos e meninas dessa faixa etária para cada grupo de mil pessoas nascidas vivas. Em 2007, foram 13 óbitos.

Parceria com a UFMG

De acordo com Haydée Frota, os núcleos de pesquisa ligados à UFMG foram responsáveis pela maior parte dos resultados incluídos na edição 2008 do relatório de acompanhamento dos objetivos do milênio. O Laboratório de Estudos Territoriais (Leste), por exemplo, foi indicado pela Prefeitura para trabalhar com a mobilidade e sustentabilidade ambiental. “Como tivemos, há pouco tempo, um doutorando (Leandro Cardoso) que defendeu tese nessa área, elaboramos uma análise, cujo título é Garantia da mobilidade urbana e sustentabilidade ambiental, a partir de tabelas e indicadores de Belo Horizonte fornecidos pela Prefeitura”, revela o professor Ralfo Matos, do Departamento de Geografia da UFMG e coordenador do Leste. Segundo ele, o estudo verificou a necessidade de aperfeiçoar o atual procedimento de mensuração, a matriz origem/destino (OD). Para Ralfo, o método existente, que produz análises muito espaçadas (a cada dez anos), precisa ser sofisticado, com a inclusão de mapas dotados de indicadores e medidas que associem transporte e constrangimentos ambientais, produzidos conforme as regionais de BH ou por áreas mínimas de ponderação. “Além disso, esses dados precisam ser analisados ano a ano, a fim de gerar respostas mais rápidas para os problemas de trânsito”, defende Ralfo.

Já o Cedeplar avalia a importância de ampliar o número de indicadores utilizados no monitoramento de cada um dos objetivos do milênio. “As metas são multidimensionais e é necessário examiná-las segundo o maior número possível de indicadores. Somente assim será possível orientar de forma mais eficaz os investimentos na cidade, alocando recursos para as regiões que apresentam desenvolvimento mais lento e para os grupos da população mais vulneráveis”, explica Cássio Turra, professor do Departamento de Demografia da UFMG e integrante do Cedeplar. No relatório de 2008, o Cedeplar esteve diretamente envolvido nos objetivos 1 (erradicar a extrema pobreza e a fome) e 4 (reduzir a mortalidade infantil).

oito objetivos do milênio
Conjunto de objetivos levantados por 189 países em setembro de 2000 sob a chancela da Organização das Nações Unidas (ONU). Os governos dessas nações avaliaram estatísticas referentes a 1990 e estabeleceram metas a serem alcançadas até 2015: