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Nº 1653 - Ano 35
18.5.2009

Projeto de extensão da UFMG voltado para a revitalização da bacia do Rio das Velhas. Fundado em 1997 na Faculdade de Medicina, é hoje uma iniciativa de caráter interdisciplinar, envolvendo professores e estudantes de diversas áreas.

Os dentes na linha de frente

Encontro de pesquisa discute os avanços da Odontologia e sua integração com outras áreas da saúde

Itamar Rigueira Jr.

Filipe Chaves
Júnia Serra-Negra: abordagem que alie as pesquisas à sua aplicabilidade

A odontologia tem se beneficiado de forma significativa, nos últimos anos, de avanços tecnológicos, mas isso ainda não aparece na boca da maioria da população. Essa é uma das questões que serão postas em debate no X Encontro de Pesquisa da Faculdade de Odontologia da UFMG, que vai acontecer de 28 a 30 de maio, no campus Pampulha. Além da divulgação dos trabalhos, da troca de informações e do estímulo ao interesse dos alunos pela pesquisa, o evento pretende discutir como fazer que o conhecimento na área – que já incorpora estudos de ponta como os relacionados à nanotecnologia – beneficie camadas cada vez mais amplas da população e destacar a integração entre a odontologia e outras áreas da saúde.

“Nossa intenção é promover exposição de trabalhos e discussões diversificadas, abrangendo aspectos como estética, tecnologia e bem-estar das pessoas”, explica a professora Júnia Maria Cheib Serra-Negra, uma das coordenadoras do evento, que inclui a oitava edição do Encontro Científico das Faculdades de Odontologia de Minas Gerais. Espera-se que a iniciativa reúna cerca de 500 pessoas, e serão expostos mais de cem trabalhos de graduação e pós-graduação.

Júnia Serra-Negra defende uma abordagem que alie as pesquisas à sua aplicabilidade, sem deixar de lado a importância de pensar a odontologia como aliada de áreas como psicologia e pediatria. Segundo ela, o encontro pretende contribuir para desfazer ideias simplistas e equivocadas sobre o dentista – “para muitas pessoas somos torturadores ou meros tapadores de buracos” – e associar a odontologia ao conceito de promoção da saúde. “Quem senta na minha cadeira não é uma boca, é um ser humano. É também papel da pesquisa em nossa área, utilizando a força do método e das evidências, abrir novos caminhos para uma visão mais ampla”, ela diz.

Filipe Chaves
Evandro Abdo: trabalhos em parceria com outras unidades

O diretor da Faculdade de Odontologia, Evandro Neves Abdo, destaca os encontros como oportunidade especial de troca de conhecimento e lembra que a unidade está mais preparada do que nunca para receber eventos. “Estamos plenamente inseridos nas atividades de pesquisa e oferecemos a pós-graduação em todos os níveis”, diz o diretor, para quem a mudança para o campus Pampulha, em 2000, fez toda a diferença. “Ganhamos espaço físico para crescer, e a proximidade de outras unidades possibilita trabalhos em parceria”, salienta Evandro Abdo.

Novos materiais

Estudos realizados na física, na biologia e nas engenharias, entre outras áreas, beneficiam direta ou indiretamente os tratamentos odontológicos. A biologia molecular, tema de uma das mesas de discussão do Encontro de Pesquisa, propicia a criação de materiais naturais para reconstituição de partes da estrutura dos dentes.

Outra mesa vai abordar a nanotecnologia, com a participação de pesquisadores dos departamentos de Física, Engenharia Mecânica e Engenharia Metalúrgica e de Materiais da UFMG. A aplicação da nanotecnologia envolve a liberação controlada de drogas e a produção de materiais restauradores mais resistentes. O estágio de aproveitamento das pesquisas pela odontologia ainda é inicial. “A aplicação da nanotecnologia depende de investimentos altos. Os estudos vão possibilitar a redução desses custos”, estima o professor Luiz Thadeu Poletto, do Departamento de Odontologia Restauradora, que coordenará o debate sobre o tema.

A parceria com as engenharias já contempla tópicos importantes, como a realização de testes que identificam a resistência de materiais à mastigação e à umidade. Na área de engenharia metalúrgica, por exemplo, há avanços relacionados à durabilidade de ferramentas como as limas para tratamento de canal. “A abordagem pode parecer pontual, mas instrumentos mais duráveis reduzem custos”, ressalta Saul Martins, coordenador da pós-graduação na escola e membro da Comissão Científica do Encontro de Pesquisa.

O evento promete debater também uma preocupação que une pesquisadores e governo. O Sistema de Único de Saúde (SUS), com apoio de agências de fomento como o CNPq, tem estimulado projetos de investigação capazes de responder às demandas específicas da saúde pública no Brasil. “O objetivo é tirar proveito do desenvolvimento da odontologia para ampliar o acesso à assistência e baixar os custos dos programas governamentais, como as campanhas de prevenção”, explica Júnia Serra-Negra.

Ensino e serviço

O encontro das faculdades de Odontologia de Minas Gerais vai tratar, nesta oitava edição, do Pró-Saúde, programa do governo federal que visa à integração entre ensino e prestação de serviços em saúde. As escolas da área de saúde participantes recebem recursos financeiros para produzir conhecimento aplicável à melhoria do SUS e ajudam a decidir a direção dos investimentos no serviço.

“Nossa intenção é promover a colaboração entre as faculdades do estado. Faremos intercâmbio de soluções para problemas semelhantes e levantaremos questões novas, que podem ajudar a aprimorar o programa”, afirma a professora Efigênia Ferreira e Ferreira, coordenadora da área de saúde coletiva na pós-graduação da UFMG e do encontro das faculdades de Odontologia do estado.

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