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Nº 1659 - Ano 35
29.6.2009
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Luiza Lages
“Mar azul das ilhas perdidas na conjuntura dos séculos/
Vegetação densa no horizonte imenso dos nossos sonhos/
Verdura, oceano, calor tropical/
Gritando a sede imensa do salgado mar/
No desespero paradoxal das praias humanas/
Sedentos de espaço e de vida”
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O poema da são-tomense Alda do Espírito Santo faz um retrato lírico de São Tomé e Príncipe, Estado insular localizado no Golfo da Guiné, a 300 quilômetros da costa ocidental da África. Já um retrato socioeconômico e cultural do país será traçado durante a primeira Semana Cultural de São Tomé e Príncipe, organizada pelo Núcleo de Estudantes de São Tomé e Príncipe em Minas Gerais. O evento será realizado entre os dias 7 e 12 de julho, na Faculdade de Educação, realizadora das atividades junto com o Programa Ações Afirmativas e o Diretório Central dos Estudantes (DCE).
A cultura e costumes são-tomenses vão invadir a arena da Praça de Serviços da UFMG na quarta-feira, 8 de julho. A exposição São Tomé e Príncipe de portas abertas para o mundo exibirá peças de artesanato, trajes típicos, produtos turísticos, vídeos promocionais e as grandes empresas do país. A mostra também contará com apresentação de danças típicas e temas musicais tradicionais, com a participação de um DJ ou músico são-tomense. A programação inclui mesas-redondas, exibição de filme e a festa de encerramento com comidas típicas, exatamente no dia 12 de julho, quando se comemora o 34º aniversário da independência de São Tomé e Príncipe.
Abrindo a programação de mesas-redondas, a professora Aracy Alves, da FaE, o professor Gabriel Antunes, da USP, e o estudante de Comunicação Social da UFMG Abdelasy de Sousa abordarão cultura, educação e potenciais turísticos de São Tomé e Príncipe. “A cultura de São Tomé tem muitas semelhanças com a brasileira. Se os brasileiros querem mudar a visão que os estrangeiros têm do Brasil, chamamos a atenção para o mesmo problema: mostrar que eles não podem se limitar a associar os países africanos a guerras, doenças e pobreza. São nações com grande potencial turístico e intensa produção cultural”, afirma Abdelasy de Sousa, natural de São Tomé e Príncipe e integrante da equipe organizadora do evento. A palestra está marcada para 18h20 do dia 7, no auditório da Reitoria.
Na quinta-feira, dia 9, é a vez da mesa-redonda São Tomé e Príncipe e os seus novos quadros superiores. No auditório Neidson Rodrigues, da FaE, o ex-assessor de cooperação e desenvolvimento da Embaixada do Brasil em São Tomé e Príncipe, Jacy Braga, a funcionária do Ministério dos Negócios Estrangeiros de São Tomé e Príncipe Gika Simão e o estudante de economia Alcino Afonso discutirão possíveis contribuições dos estudantes e recém-formados são-tomenses para o desenvolvimento do país.
A relevância do debate pode ser traduzida em um número: cerca de 250 intercambistas graduados fora de São Tomé e Príncipe devem retornar ao país ainda este ano. O problema é que pairam dúvidas sobre a capacidade do mercado de trabalho do país de absorver mão-de-obra tão especializada. Em 2006, a taxa de desemprego chegou a 27,7%, três vezes maior que a registrada no Brasil naquele mesmo ano.
A intenção dos organizadores da Semana é propor um modelo de políticas de emprego, inspirado na experiência brasileira, e que será levado a autoridades do governo são-tomense. Para Abdelasy de Sousa, o futuro da economia do país pode estar na indústria petrolífera. “Uma grande estrutura de exploração do petróleo está sendo montada. Por isso, acredito que as pessoas que estão se formando em economia, engenharias, medicina e jornalismo poderão ter espaço nesse novo cenário”, explica o estudante. As empresas que atuam lá estimam que, em dez anos a partir do início da exploração, a produção de petróleo poderá atingir um milhão de barris por dia.
A exploração do petróleo será debatida na mesa-redonda São Tomé e Príncipe perante as expectativas do petróleo, na sexta-feira, 10 de julho, às 19h, no auditório Neidson Rodigues da FaE. Foram convidados estudantes e profissionais de São Tomé especializados no assunto.