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Nº 1676 - Ano 36
16.11.2009

Ciência ‘descomplicada’

UFMG Jovem volta a receber milhares de
estudantes do ensino básico

Foca Lisboa Edição anterior da UFMG Jovem: trabalhos abordam questões próximas do cotidiano

Danilo Borges *

Convide um adolescente a passar um dia inteiro estudando física, matemática ou biologia. Imediatamente ele se lembrará das longas e entediantes aulas; das noites de sono desperdiçadas sobre um livro cheio de equações e termos ininteligíveis; e das temidas avaliações.

Para ajudar a espantar esses fantasmas da cabeça de estudantes da educação básica de todo o estado, a UFMG volta a receber, esta semana (19 e 20 de novembro), jovens ávidos por um conhecimento “descomplicado”. Em sua décima edição, a UFMG Jovem deverá reunir cerca de 12 mil pessoas, entre estudantes, professores e comunidade em geral, vinculados a cerca de 100 escolas. Serão aproximadamente 90 exposições de alunos e professores de escolas de Educação Básica, 15 do Centro Pedagógico e 15 do Coltec, além de 20 oficinas e atividades culturais, um recorde na história do evento.

A maioria dos projetos está focada em áreas como meio ambiente, inovações tecnológicas e comunicação. “Percebemos que os alunos têm direcionado seus trabalhos para as questões próximas ao seu cotidiano”, explica a professora Tânia Costa, diretora do Centro de Difusão da Ciência (CDC), responsável pela organização da UFMG Jovem, realizada paralelamente à terceira edição da Feira de Ciências da Educação Básica de Minas Gerais (Feceb-MG). Pela primeira vez, a UFMG Jovem contará com trabalhos de alunos e professores de graduação em diversos cursos de licenciatura, e do curso de Pedagogia da UFMG.

Durante os dois dias do evento, uma comissão científica avaliará as exposições. Os autores dos três melhores trabalhos de cada grupo – UFMG Jovem, Feceb-MG e licenciatura – serão contemplados com viagens a São Paulo, onde farão um circuito de visitas a museus, e kits com livros.

“Esperamos que os alunos se comprometam mais com a ciência e o desenvolvimento de um espírito criativo”, afirma Tânia Costa. Outra expectativa, diz a professora, é que o evento possa servir de inspiração aos professores que trabalham com o ensino de ciências. “Os professores terão a oportunidade de ver diferentes práticas e poderão transferi-las para a sala de aula”, acrescenta.

Bastidores

O público visitante da X UFMG Jovem talvez não perceba, mas, para os organizadores, os trabalhos começaram bem antes da abertura do evento, que acontece no próximo dia 18. “Ele vai além da apresentação dos trabalhos nos dois dias do evento. É um projeto que tem duração anual. Começa com a captação de recursos, passa pela articulação com as secretarias de educação e as várias unidades da UFMG, conta com a participação de vários alunos, professores e funcionários de diversas instituições de nível básico e superior”, descreve Jéssica Norberto, estudante de letras e estagiária do CDC desde 2006.

Experiência enriquecedora para os visitantes, a UFMG Jovem também o é para a equipe que trabalha na organização da feira. Flávia Diniz, graduada em geografia, conta como o trabalho no evento auxiliou em sua formação: “Como geógrafa, estou tendo uma experiência que me proporciona conhecimento maior na área de educação. Percebo como os alunos e professores da educação básica, principalmente das escolas públicas, se interessam e se dedicam aos projetos desenvolvidos”, afirma.

Evento nasceu de reunião da SBPC

O embrião da UFMG Jovem foi concebido em 1997, durante a SBPC Jovem, realizada no campus da Pampulha. O evento, que fez parte da 49ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, dirigiu-se especialmente a estudantes da educação básica e média. Na época, lembra a professora Beatriz Alvarenga, do Departamento de Física e uma das fundadoras do UFMG Jovem, iniciativas voltadas a esse público eram muito raras: “Frequentava as reuniões da SBPC e percebia que elas eram ponto de encontro de pesquisadores e alunos de pós-graduação. Mas os alunos do ensino fundamental e médio não tinham a oportunidade de conhecer com mais profundidade a SBPC e o desenvolvimento da ciência no Brasil”.

Segundo a professora, o evento foi muito bem avaliado pelo público e teve ótima repercussão na imprensa e no meio acadêmico, o que fez com que a direção da entidade incorporasse o projeto aos seus encontros anuais. A UFMG, atenta a essa nova demanda, também não ficou atrás e decidiu apoiar o projeto UFMG Jovem – Conhecimento para Todos, cuja realização já estava sendo idealizada pela professora. Em 26 de fevereiro de 1999, após um ano de planejamento, o evento estreou no campus Pampulha.

A partir de então, a UFMG Jovem passou a reunir trabalhos de alunos do Colégio Técnico e do Centro Pedagógico da UFMG. Há dois anos, a pedido do Ministério da Educação (MEC), a Feira de Ciências da Educação Básica de Minas Gerais (Feceb – MG) começou a ser realizada em conjunto com a UFMG Jovem, o que aumentou exponencialmente a frequência do público no campus Pampulha durante os dias de realização do evento. Em 2007, foram 68 trabalhos e 4,5 mil visitantes. No ano passado, foram selecionados 100 trabalhos, e o público foi de 9 mil pessoas.

* Estudante de Comunicação Social da Fafich e estagiário de jornalismo do Centro de Difusão da Ciência (CDC)