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Nº 1676 - Ano 36
16.11.2009

Muito além do entretenimento

Congresso internacional na UFMG discute, no final do mês, estágio do ensino de arte na América Latina e Caribe

Tatiana Palhares

Diogo Domingues Lúcia Pimentel preside o Congresso de Arte-Educação

O ensino de arte nas escolas como área de conhecimento e não como mero entretenimento é um dos maiores desafios da educação no Brasil. Desde 1996, por causa da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), as atividades de educação artística deram lugar à disciplina arte, que passou a ser obrigatória nas escolas. A discussão do estágio da prática artística em sala de aula é um dos eixos do Congresso Latino-Americano e Caribenho de Arte-Educação, que a Escola de Belas-Artes realizará entre os dias 25 e 28 de novembro.

De acordo com a professora Lucia Gouvêa Pimentel, presidente do Congresso, ainda há uma distância considerável entre o que preconiza a LDB e o ensino das artes no Brasil, uma vez que grande parte das instituições de ensino do país não conta com professores especializados nem com espaços adequados. “Além de não possuir formação na área, a maioria dos professores não tem vivência artística. Outro problema é que os cursos de pedagogia priorizam disciplinas como o português e a matemática em detrimento da arte”, analisa a professora.

Outro fator fundamental para o ensino da disciplina, segundo Lucia Pimentel, é a existência de um ambiente físico adequado. Por lei, as escolas precisam ter laboratório e sala-ambiente de arte. “No entanto, a maioria das instituições transformou esses espaços em depósito, almoxarifado ou sala de reuniões.” A professora lembra que é inviável uma aula de teatro em que ninguém possa fazer barulho ou falar alto, uma sessão de dança em que o aluno não possa se mexer ou de música em que não se possa cantar ou tocar instrumentos. “Daí a importância de um ambiente propício”, assinala.

Pesquisas

Lucia Gouvêa Pimentel conta que a UFMG desenvolve pesquisas na área de arte-educação e está envolvida em redes de pesquisa nacionais e internacionais. Além disso, a Universidade oferece um curso de especialização para professores da América Latina e Península Ibérica. A própria professora lidera a linha de pesquisa Ensino da Arte e Tecnologias Contemporâneas e participa dos grupos internacionais Arte, Educação e Cultura e Cibercultura, este último on-line, além de integrar a Comissão de Especialistas de Arte, Educação, Cultura e Cidadania, da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI).

A Escola de Belas-Artes oferece ainda um curso de especialização em ensino de artes visuais, voltado a professores sem formação na área ou para alunos de pedagogia que pretendem trabalhar com a disciplina. A UFMG também colabora com instituições como a Escola Guignard, da Uemg.

Congresso

O Congresso Latino-Americano e Caribenho de Arte-Educação, o primeiro do gênero na América Latina e Caribe, promoverá a discussão das concepções contemporâneas do ensino de arte e suas pesquisas. A programação prevê mesas-redondas, lançamento de livros, apresentações artísticas e reuniões com grupos de pesquisa. O evento reunirá especialistas de países como Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Cuba, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

Um dos destaques é a palestra, no dia 26, às 10h15, no Palácio das Artes, de Ana Mae Barbosa, pioneira e principal referência em arte-educação no Brasil. O evento deverá reunir um grande número de participantes, ao vivo e on-line, entre pesquisadores, professores e estudantes de arte, arte-terapeutas, artistas, representantes de organizações governamentais e não-governamentais e agentes culturais. O congresso será realizado simultaneamente ao 19º Congresso Nacional da Federação de Arte-Educadores do Brasil (Confaeb) e ao Encontro Nacional de Arte-Educação, Cultura e Cidadania, iniciativa da OEI. Outras informações estão disponíveis no site www.eba.ufmg.br/clea.