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Nº 1692 - Ano 36
26.4.2010
Projeto Elsa na UFMG conta sobretudo com adesão de servidores acima dos 50 anos
Igor Lage
Diogo Domingues |
Retinografia: os exames são de difícil acesso para muitas pessoas |
A primeira etapa do Projeto Elsa (Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto), que vai realizar diagnósticos regulares em 15 mil pacientes em diferentes regiões do país pelos próximos 20 anos, está prestes a ser finalizada. A UFMG, responsável por três mil pacientes, tem mais de dois mil cadastrados – a maior parte deles já passou pelos exames – e busca novos voluntários entre seus servidores, sobretudo aqueles de faixa etária mais avançada.
O objetivo do estudo é entender melhor algumas doenças crônicas, em especial as cardiovasculares e o diabetes, responsáveis pelos maiores índices de mortalidade no país. Financiada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia, o projeto convida funcionários de seis instituições brasileiras de ensino superior a participarem de entrevistas e exames que ajudam a traçar um panorama da incidência das doenças. As outras cinco instituições envolvidas são a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade de São Paulo (USP) e as universidades federais da Bahia (UFBA), Espírito Santo (Ufes) e Rio Grande do Sul (UFRGS).
“Pretendemos concluir o que chamamos de ‘primeira onda’, que é esse contato inicial com o paciente, em novembro ou dezembro deste ano”, afirma a professora da Faculdade de Medicina Sandhi Barreto, coordenadora do Elsa em Minas Gerais. Os pacientes analisados, que participam como voluntários, têm entre 35 e 74 anos de idade. A proposta é que os funcionários e professores sejam convocados uma vez a cada três anos para realizar bateria de entrevistas, testes cognitivos e exames laboratoriais que duram, em média, de seis a sete horas.
Segundo Sandhi Barreto, a maior dificuldade do Centro de Investigação Elsa em Minas Gerais, no momento, é conseguir pacientes acima dos 50 anos de idade. Ela lembra que a participação de pessoas de faixas etárias distintas é importante para a abrangência do projeto.
O professor José Alberto Magno de Carvalho, 69 anos, diretor da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) e decano da UFMG, foi submetido no mês passado à bateria de exames do Elsa. “Eu sempre fui daqueles que fogem de médico, mas compareci dessa vez e fiquei muito satisfeito com o atendimento”, conta José Alberto, que mesmo com histórico de incidência elevada de doenças cardiovasculares em sua família, nunca havia realizado exames mais completos.
A reação positiva dos pacientes tem sido registrada não apenas na UFMG, mas também nas outras instituições, de acordo com Sandhi Barreto. “A receptividade do projeto foi muito boa e já são 12 mil voluntários inscritos.” Ela conta que a adesão dos homens tem sido menor que o desejável. “O ideal é que haja equilíbrio entre as faixas etárias, os gêneros e as profissões. Precisamos de maior colaboração dos servidores para conseguirmos cumprir as nossas metas”, ela ressalta.
A UFMG vem realizando esses diagnósticos desde outubro de 2008. A partir da ficha de contato enviada pelos pacientes, a equipe do projeto seleciona os voluntários, que são chamados de acordo com a unidade em que trabalham. “Nossos primeiros pacientes foram os da Escola de Arquitetura, da Faculdade de Direito e do campus Saúde. Somente no segundo semestre do ano passado começamos a chamar os funcionários do campus Pampulha”, afirma o médico Roberto Marini, diretor do Centro de Investigação Elsa em Minas Gerais, que está localizado no Hospital Borges da Costa, parte do complexo do Hospital das Clínicas da UFMG.
Ele informa ainda que, além dos exames tradicionais, como os que envolvem coleta de sangue e urina, a equipe realiza avaliações mais avançadas como a de velocidade de onda de pulso (VOP) e a de variabilidade de frequência cardíaca (VFC), “aos quais os pacientes raramente teriam acesso em outras condições”.
Outra voluntária que já se submeteu aos exames é Luzia de Carvalho Cruz, chefe da seção de pessoal do Instituto de Ciências Biológicas (ICB). Ela considera que o estudo é uma ótima oportunidade para manter os cuidados com a saúde em dia. “Até então, eu nunca havia tido a chance de fazer exames tão sofisticados”, afirma. Ela conta que a equipe do Elsa entrou em contato em meados de março para realizar uma primeira entrevista e, uma semana depois, ela já estava sendo chamada para realizar a bateria completa. Luzia aguarda agora a chegada dos resultados do seu check-up, que são entregues entre 45 e 60 dias após as avaliações.
Segundo Roberto Marini, a partir do momento em que o paciente recebe seus exames, ele entra na fase de “monitoramento” e recebe acompanhamento periódico por meio de entrevistas por telefone. “É muito importante ressaltar que o paciente tem acesso aos resultados de seus exames para apresentá-los a seu médico e utilizá-los em outros tipos de consultas”, lembra.
Para participar do estudo, basta preencher ficha de cadastro disponível no site e esperar contato da equipe do Elsa.