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Nº 1718 - Ano 37
08.11.2010

EMPREENDEDORES do mundo, uni-vos

UFMG volta a sediar atividades da Semana Global do Empreendedorimo

Gabriela Garcia

Pela segunda vez, a UFMG adere à Semana Global do Empreendedorismo, realizada há três anos com atividades simultâneas em mais de 100 países. O Brasil, inclusive, já ocupa posição de destaque desde a primeira edição: conseguiu mobilizar 1,4 milhão de pessoas, o que representa metade da participação mundial, e ainda conquistou dois prêmios internacionais.

Dessa vez, a Semana Global do Empreendedorismo acontecerá entre os dias 16 e 18 de novembro, com atividades na Escola de Engenharia, Fafich, Face, ICB, Inova-UFMG e na Praça de Serviços do campus Pampulha. Nos três dias, serão realizadas palestras, mesas-redondas e oficinas. Professores da Universidade e empresários foram convidados.

Com a realização do evento na Universidade, a gerente da Inova-UFMG, Ana Maria Serrão, espera que o tema se dissemine na academia com a criação de novas disciplinas. “Na UFMG, as questões do empreendedorismo são tratadas ainda de forma isolada e pontual. São ações que acontecem, principalmente, através das empresas juniores, de incubadoras ou da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT)”, explica.

Uma das preocupações desta edição, segundo Ana Maria, é despertar o interesse pelo empreendedorismo social. “O discurso da transferência de tecnologia e inovação é muito mais forte nas ciências exatas e tecnológicas. Nessas áreas existe uma corrida para se ter uma ideia, criar uma empresa, incubar e levá-la ao mercado. O mesmo não acontece na área de humanas. O empreendedorismo social ainda está muito associado ao terceiro setor”, explica. Por esse motivo, foram convidados professores com iniciativas empreendedoras nas áreas de música, sociologia e ciência da informação.

Na música

O professor de violoncelo Cláudio Urgel, da Escola de Música da UFMG, é um exemplo de profissional da área de humanas preocupado em introduzir conceitos da área em suas aulas. Ele ministra a disciplina Empreendedorismo e música, na qual ensina os alunos a elaborarem projetos culturais e a desenvolverem uma postura mais ativa em relação ao mercado e aos mecanismos formais de financiamento. “O músico depende muito das leis de incentivo a cultura. Assim, trabalhamos suas características, como funcionam e como elaborar projetos”, explica.

Urgel também defende o estreitamento de laços entre a Universidade e o empreendedorismo. “O trabalho final não tem que ser necessariamente um relatório de pesquisa, pode ser um produto”, argumenta. Ele alega que a área de música, como qualquer outra, depende do mercado de trabalho e, por isso, precisa preparar os profissionais a buscarem soluções criativas, identificar oportunidades e tomar iniciativas. “Existe um preconceito da Universidade e da área das artes em aceitar o mercado, com a justificativa de que ele não pode interferir na vida acadêmica. Dar as costas ao mercado é um erro”, analisa.

Outro exemplo de empreendedorismo de sucesso é o Centro de Capacitação e Pesquisa em Projetos Sociais, coordenado pela professora Danielle Cireno, do Departamento de Sociologia da Fafich. Há quatro anos, ela organiza cursos de extensão e especialização para alunos interessados em empreender ou transformar alguma situação social em oportunidade de negócio. Um dos exemplos mais bem-sucedidos é a realização de oficinas para programas governamentais, como o Fica Vivo. Os cursos têm como diretriz o estudo das leis de incentivo à cultura e da Lei de Responsabilidade Fiscal. “O estágio do empreendedorismo na Universidade ainda é embrionário. Não por falta de procura, mas porque ainda somos treinados para sermos exclusivamente pesquisadores”, explica.

Que palavrão é esse?

Apesar de largamente empregado, o termo empreendedorismo ainda soa vago. As definições passam sempre pelo aproveitamento das oportunidades de mercado e incentivo à criação de negócios e empresas a partir de ideias inovadoras. Esse viés mais mercadológico ainda é encarado com reservas na Universidade.

Mas a gerente da Inova, Ana Maria Serrão, defende a consolidação de uma cultura empreendedora como forma de despertar os alunos para o mercado e torná-los mais interessados durante o período da graduação. “Precisamos reconhecer que a visão empreendedora, além da criação de empresas, gera desenvolvimento, empregos, patentes e enriquece a transferência de tecnologia e própria produção científica”, defende.