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Nº 1719 - Ano 37
15.11.2010

Um MERGULHO em São Fernando

Município do Rio Grande do Norte será alvo de ações de alunos da UFMG dentro do Projeto Rondon

Clarice Cerqueira

Travar contato com outras realidades, adquirir experiência de vida, pôr em prática os conhecimentos adquiridos na Universidade. Esses são alguns motivos que levaram um grupo de alunos da UFMG a se inscrever no Projeto Rondon e programar uma viagem de duas semanas a São Fernando, no Rio Grande do Norte, em fevereiro do ano que vem. “É uma forma de o aluno aprimorar sua formação, trabalhando as dimensões técnica e humana”, comenta Rosilane Mota, orientadora da Equipe Rondon da UFMG e professora do Departamento de Fotografia, Teatro e Cinema da Escola de Belas-Artes.

A lista de objetivos a serem alcançados em São Fernando é ambiciosa: promover a inclusão digital, capacitar professores de ensino médio, criar um cineclube, ampliar o uso da biblioteca municipal e motivar os alunos a frequentarem a escola. As atividades também se estendem à área de qualificação profissional. O grupo pretende capacitar os trabalhadores a melhorar a produção de bordados e a produzir o leite de acordo com os padrões sanitários.

Na área de saúde, a ênfase recairá sobre as doenças sexualmente transmissíveis e endêmicas. Os alunos vão orientar a população a respeito dos métodos contraceptivos, capacitar vacinadores e realçar a importância da vacinação. Inclusão de deficientes, cidadania, valorização da cultura local, trabalho em equipe e o respeito aos outros e às leis – Código de Trânsito, Estatuto do Idoso, lei Maria da Penha – são valores que a equipe espera disseminar durante as duas semanas do Projeto.

O trabalho será materializado em palestras, oficinas e treinamentos com professores, servidores públicos e estudantes da cidade, que terão a função de replicar o conhecimento entre os outros moradores. Para dar conta dessa empreitada, o grupo contará com o suporte da Prefeitura local e do Exército.

Preparação

Na UFMG, o interesse de participar do Projeto foi manifestado por duas alunas de cinema de animação e artes digitais, Ana Carolina Rocha e Jéssica Silva. “Decidimos pela cidade com menor população e Índice de Desenvolvimento Humano entre as contempladas pelo Rondon”, explica Ana Carolina. Em seguida procuraram por outros interessados. “O projeto foi divulgado por meio de redes sociais e cartazes”, informa Jéssica.

Após a inscrição, os estudantes entraram em contato com moradores, professores e servidores públicos de São Fernando e elaboraram um programa capaz de cobrir várias frentes – comunicação, cultura, direitos humanos e justiça, educação, meio ambiente, saúde, tecnologia e produção e trabalho. “Os estudantes identificaram as carências da cidade e, a partir delas, formularam um plano de ação”, informa Rosilane Mota. Em dezembro, os orientadores irão a São Fernando para observar a realidade local e propor adaptações e ajustes no planejamento feito pelos estudantes.

Com 3.500 habitantes, São Fernando tem na agropecuária a sua principal fonte de renda. Confecção de bordados e produção de leite e derivados são outras atividades relevantes na região. Segundo apuraram os alunos envolvidos no projeto, São Fernando apresenta elevados índices de evasão escolar e analfabetismo, de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez na adolescência.

Projeto nasceu com os militares e foi retomado por sugestão da UNE

O Projeto Rondon é uma ação governamental, coordenada pelo Ministério da Defesa, que conta com o apoio de outros ministérios e das Forças Armadas para desenvolver trabalhos sociais nas regiões mais carentes do país. O objetivo é contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades e aproximar os estudantes universitários da realidade de lugares mais remotos. O projeto surgiu em 1967 e vigorou até 1989. Sua reativação, proposta pela União Nacional dos Estudantes (UNE), veio em 2005 com a Operação Amazonas.

Para participar, as Instituições de Ensino Superior (IES) devem se inscrever, escolher uma cidade e enviar proposta de trabalho, que passará pelo crivo de uma comissão avaliadora. As equipes devem ter oito alunos sob a orientação de professores. Cabe às universidades preparar os alunos e enviar um relatório sobre as atividades realizadas após a conclusão dos trabalhos.

Foto: Aline Dacar
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A equipe

Além das estudantes Ana Carolina Rocha e Jéssica Pinto da Silva, do curso de cinema de animação e artes digitais, estão envolvidos no trabalho os alunos Thiago Almeida e Camila Castro (Turismo), Rafael Marques e Érika Sacramento (Ciências Biológicas), Leandro Bicalho (Engenharia de Minas) e Leandro Ribeiro (Engenharia Mecânica). O grupo é orientado pelos professores Rosilane Mota e Arthur Ricardo, ambos do Departamento de Fotografia, Teatro e Cinema, da Escola de Belas-Artes.