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Nº 1725 - Ano 37
07.02.2011

EXCELÊNCIA nas escalas MÍCRON e NANO

Instalações do Centro de Microscopia potencializam desempenho de equipamentos

Ana Rita Araújo

A simples chegada de mais um equipamento – o microscópio eletrônico de varredura de baixa resolução que pertencia ao Departamento de Engenharia Metalúrgica – pôs em evidência a alta qualidade das instalações do Centro de Microscopia da UFMG, considerado o melhor prédio no Hemisfério Sul para esse tipo de atividade.

“Na Escola de Engenharia, o microscópio conseguia ampliações de até 20 mil vezes; aqui chega a 300 mil vezes”, compara a professora Karla Balzuweit, do Departamento de Física e uma das idealizadoras do Centro. Segundo ela, em instalações que ofereçam condições ideais de uso, certos equipamentos até superam o desempenho projetado pelos fabricantes.

Pioneiro no país em seu formato multiusuário, que congrega pesquisadores das áreas de Ciências Biológicas e Saúde; Exatas e da Terra; Engenharia e Humanidades, o Centro de Microscopia possui área de 1.090 metros quadrados na parte extrema do quarteirão 10 do campus Pampulha, com ambientes para 13 laboratórios de microscopia, áreas para preparo de amostras, laboratórios de informática para análise e interpretação de imagens e dados, ambientes de apoio administrativo e gabinetes de pesquisadores e de técnicos.

Sua construção exigiu planejamento especial. A localização, por exemplo, só foi decidida após cuidadosa medição dos níveis de vibração mecânica e de campo eletromagnético em diversas as áreas do campus. Para evitar vibração mecânica, o edifício tem fundações especiais – os alicerces de cada laboratório são independentes entre si, e cada um dos seis ambientes planejados para microscópios de maior resolução tem base de 20 toneladas de concreto maciço, cercada de areia dentro de uma caixa de concreto com um total aproximado de 150 toneladas. Outro desafio foi fazer a fiação elétrica chegar aos equipamentos sem criar campo magnético. Como a tubulação não pode circular pelas salas, em cada ambiente a ligação entra exatamente por trás de cada microscópio. Também foram adotadas soluções para impedir variação térmica e vibrações acústicas.

Inaugurado em setembro de 2006, o Centro atende atualmente cerca de 400 usuários, entre professores, pesquisadores e alunos da UFMG e de outras instituições mineiras e estados do país. “Pesquisadores de outros lugares têm vindo conhecer o modelo adotado na construção desse prédio”, conta Karla Balzuweit, ao lembrar que a UFMG pesquisou outros laboratórios brasileiros e do exterior, além de visitar unidades de produção dos equipamentos.

“À época, observamos o que tinha dado certo ou errado e, considerando o recurso disponível, foi erguido um prédio o mais barato possível com soluções técnicas que atendessem aos parâmetros determinados pelos fabricantes”, resume. A montagem do Centro de Microscopia – construção e aquisição de equipamentos – custou cerca de R$ 12 milhões, com recursos da própria UFMG, Fundep, Ministério da Educação, Banco do Brasil, Fapemig, Finep e de emendas parlamentares.

Ambiente interdisciplinar

Com grande impacto na geração de pesquisas, o Centro agrega diversas áreas do conhecimento e cria ambiente de interdisciplinaridade propício a uma maior interação dos diversos departamentos da Universidade e fora dela. Segundo Karla Balzuweit, no momento as áreas com maior demanda são física e química, em especial os estudos de síntese de materiais nanoestruturados. Nas ciências biológicas, há pesquisas em botânica, zoologia, taxonomia, morfologia de células e vírus.

Diretor da Escola de Belas-Artes, o professor Luiz Souza afirma que o Centro de Microscopia é fundamental para pesquisas na área artística, principalmente no que concerne à preservação e à restauração de bens culturais móveis, pois possibilita o estudo detalhado da constituição de obras e materiais. “A estrutura do Centro é tão boa que pretendemos promover oficinas internacionais de restauração de bens culturais móveis, trazendo para cá pesquisadores dos Estados Unidos e da Europa”, comenta.

Além de receber pesquisadores vinculados a instituições de pesquisa, o Centro presta serviços a empresas. “Pretendemos ampliar esse atendimento”, informa a professora, ao citar como exemplo a área metalúrgica.

Varredura e alto contraste

Equipamento do Centro de Microscopia: em alguns casos, desempenho pode superar o projetado pelo fabricante

Há quatro anos, o Centro de Microscopia começou a funcionar com três equipamentos adquiridos com recursos de edital CT-Infra: um eletrônico de varredura de alta resolução; outro de transmissão de alto contraste de 120 kilovolts e um terceiro de 200 kilovolts. Depois de inaugurado, o Centro recebeu, por meio de edital da Fapemig, um microscópio dual, de feixe eletrônico e iônico, também conhecido como sistema de nanofabricação, pois, além de ser usado para preparar amostras, também produz protótipos.

O Centro possui ainda um microscópio de força atômica, adquirido em projeto da Petrobras através de pesquisa da professora Glaura Goulart, do Departamento de Química do Icex; e o mais recente, um microscópio eletrônico de varredura, cedido pelo Departamento de Engenharia Metalúrgica. No ano passado, a UFMG e a Secretaria de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais firmaram um acordo para a aquisição e implantação de microscópio com software específico para atender a área mínero-metalúrgica. Esse tipo de equipamento tem sido usado para definir a viabilidade de exploração de minas.