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Nº 1743 - Ano 37
8.8.2011

ESPALHAMENTO renovador

Itinerância e oferta de oficinas para além da área artística deram fôlego novo ao Festival de Inverno

Ártemis Caldeira Brant

Um evento que retomou tradições das primeiras edições e, ao mesmo tempo, se renovou com a ideia de espalhamento materializada em sua itinerância pelas cidades de Tiradentes, Cataguases, Diamantina, Belo Horizonte e Brumadinho (Inhotim). Mesmo sem um balanço estatístico fechado, o 43o Festival de Inverno da UFMG, encerrado neste domingo, dia 7, já carrega uma avaliação positiva – ainda que preliminar – tendo lançado mão de um modelo com potencial para inspirar edições futuras.

“Foi um divisor de águas, um momento histórico de grandes transformações”, sintetiza o coordenador-geral do evento, professor Fabrício Fernandino. Também ligado à organização do evento, o professor Maurício Campomori, diretor de Ação Cultural da UFMG, aprovou o novo formato. “Além de manter o caráter original de oficinas de formação artística, houve também um acréscimo significativo com atividades de outro perfil, contemplando a área de ciências humanas”, analisa.

Sobre a edição de 2012, Fabrício Fernandino avalia que ainda é cedo para antecipar caminhos. “Estamos trabalhando em uma avaliação profunda desta edição, com a produção de documento a ser encaminhado ao reitor Clélio Campolina e à Pró-reitoria de Extensão”, informa ele, acrescentando, no entanto, que “é, sim, desejo da organização manter o formato deste ano, com as cinco cidades como sede e um mês de duração”. O que certamente não mudará, em sua avaliação, é o compromisso com a formação artística. “O que nunca desejamos perder de vista é o compromisso com a qualidade das oficinas e dos eventos, procurando oferecer atividades de alto nível, tanto de aprofundamento quanto de iniciação, mesmo que isto signifique abrir mão de propostas que atraiam grandes públicos”, pontifica Fernandino.

Para solucionar um problema crônico do Festival – as dificuldades de financiamento –, a organização pretende antecipar o seu planejamento para setembro. O objetivo é ter mais tempo para planejar, propor, elaborar projetos e captar recursos.

Cidade a cidade

Cada uma das cinco cidades que abrigaram o Festival de Inverno da UFMG trabalhou com temáticas e coordenações diferentes. A primeira parada foi Tiradentes, que recebeu o evento entre os dias 8 e 10 de julho. “Tiradentes tem uma característica especial; é um lugar ideal para um Festival menor, restrito a finais de semana, com um formato de aulas abertas para turistas”, explica. Na cidade, o Festival pretende contribuir para a implantação do Campus Avançado de Cultura da UFMG e para a consolidação da presença da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, que, sob a gestão da Universidade, mantém cinco importantes equipamentos culturais.

Depois de Tiradentes, o Festival aportou pela primeira vez em Cataguases, onde ficou entre 15 e 24 de julho. O foco recaiu sobre as poéticas computacionais e a arte audiovisual, inspirada na figura de Humberto Mauro, um dos pioneiros do cinema brasileiro, que lá morou durante grande parte de sua vida. Lá também é importante a presença do Festival como apoio à formação de um polo audiovisual que há alguns anos é desenvolvido pela comunidade de Cataguases.

Diamantina, que recebe o Festival há 11 anos, foi a terceira parada, com programação entre 17 a 29 de julho. Segundo Fabrício Fernandino, um grande esforço já está sendo feito para avaliar profundamente o impacto do evento na cidade. “É um lugar que trabalha com a proposta de envolver todas as áreas artísticas, além dos projetos especiais e das demandas locais, ligadas à produção cultural. É preciso repensar o que queremos para o Festival em Diamantina”, defende o professor, ao lembrar que coordenação e equipe se reuniram ainda na cidade, antes mesmo do encerramento do módulo, para começar a fazer essa análise mais profunda do evento.

E em seu ponto final, Belo Horizonte e Brumadinho (Inhotim), o Festival de Inverno retomou, na avaliação do professor Maurício Campomori, coordenador do módulo, uma tradição dos primeiros festivais, pois se voltou não somente para as artes, alcançando também as ciências humanas. Entre os destaques do módulo, palestras do filósofo espanhol Francisco Jarauta e os cursos de atualização sobre as cidades. Campomori aprovou a parceria estabelecida com Inhotim. “É indiscutível que ela trouxe ganhos ao Festival no sentido de que permite a utilização de outro espaço e porque incorpora ao evento um novo tipo de leitura da arte contemporânea”, conclui.