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Nº 1375 - Ano 29 - 21.11.2002


UFMG usa software para barrar e-mails indesejáveis

Tecnologia impede que mensagens comerciais e ofensivas cheguem às caixas-postais dos usuários

uase tão indigestos quanto as multas de trânsito são os e-mails de profissionais que oferecem serviço jurídico para anulá-las. A eles, somam-se correntes milagrosas, prêmios, promessas de trabalho fácil e dinheiro farto, anúncios de garotas de programa, pacotes de viagem, boatos sobre vírus - ou os próprios vírus - que inundam as caixas de correio eletrônico da UFMG. Cerca de 30% das 45 mil mensagens eletrônicas recebidas diariamente pela Administração Central e por algumas unidades acadêmicas da Universidade são consideradas indesejáveis e barradas por um software que identifica possíveis vírus, propaganda comercial em massa e textos com conteúdo potencialmente ofensivo.

No ambiente Internet, este tipo de mensagem - que chega ao usuário sem ter sido solicitada - chama-se spam. Para identificá-lo, o software verifica o estilo e o conteúdo de cada mensagem, comparando com padrões, que levam a uma pontuação positiva ou negativa. A presença de palavras ou frases típicas de publicidade ou de boatos sobre vírus, por exemplo, têm grande peso negativo (ver quadro nesta página). Quando a pontuação final é superior a um determinado limite, a correspondência é rejeitada, e um alerta é enviado ao remetente. "O programa é maleável, e estamos sempre incluindo palavras novas ou ajustando a pontuação de outras", explica Fernando Morais, Diretor da Divisão de Redes de Comunicação do Centro de Computação (Cecom).

Segundo o Diretor de Tecnologia da Informação da UFMG, professor Márcio Bunte de Carvalho, o recebimento de spam resulta em incômodo para os indivíduos e em prejuízos para a instituição. "Enormes recursos computacionais são gastos nos equipamentos responsáveis por prover os serviços de e-mail com arquivos inúteis e que, principalmente no caso dos vírus, demoram a ser eliminados definitivamente da rede interna", comenta.

Testes

Durante sua fase de experiência, o serviço atendia, inicialmente, os órgãos ligados à Administração Central; nos últimos três meses, departamentos e unidades acadêmicas foram incorporados ao sistema. Hoje, além da Administração Central, 18 outras unidades e órgãos da UFMG utilizam o serviço, executado pela Diretoria de Tecnologia da Informação (ATI), através da Divisão de Redes de Comunicação do Cecom. O restante da comunidade universitária será gradativamente incorporado. "Estamos nos preparando para aumentar nossa capacidade de atendimento. Em breve, entraremos em contato com aqueles que já nos solicitaram este serviço e com os que ainda não o conhecem para viabilizar sua inclusão no sistema", informou Márcio Bunte em recente correspondência aos diretores de unidades.

Os resultados obtidos com o experimento são considerados positivos. Nos últimos três meses, desde que as mensagens começaram a passar pelo filtro eletrônico, foi praticamente eliminada a ocorrência de vírus na rede interna. Também foi reduzida a necessidade de compra de discos e servidores em função da redução do número de e-mails que entram na Universidade. Além disso, houve uma queda drástica do número de mensagens indesejáveis recebidas pela comunidade, permitindo um ganho de tempo e de produtividade no uso de serviços da Internet, acrescenta Fernando Morais.

Desde setembro, o sistema faz um resumo diário das mensagens bloqueadas de cada usuário e o envia para análise dos destinatários. Através da página web listada no resumo, o usuário pode, a seu critério, comandar a liberação de mensagens bloqueadas. Fernando Morais admite a possibilidade de erros na análise das mensagens. "Estamos trabalhando nos ajustes dos filtros, mas sempre existe o risco de uma mensagem séria ser equivocadamente classificada", diz. Exatamente por isto, o remetente recebe um aviso para providenciar alterações no texto, se a mensagem for urgente. O destinatário também recebe o resumo diário das mensagens barradas e pode selecionar as que considere como falso positivo. Contudo, mais de 95% das mensagens retornam com a informação de que o remetente não existe ou está com a caixa postal cheia, o que confirma que o sistema reagiu acertadamente à mensagem.

Segundo Márcio Bunte, a prestação deste serviço, acrescida de outras atividades em execução, como a análise do tráfego e do consumo de recursos da rede UFMG, possibilitará, "com a colaboração da comunidade universitária, construir padrões éticos de uso dos nossos recursos computacionais".

 
Mensagens suspeitas

- Tipo "Correntes" e todas que com ela se pareçam _ que costumam conter frases como "repasse para o maior número possível";

- Com várias exclamações juntas, algo comum em textos comerciais que exaltam a qualidade de algum produto;

- Com frases que indiquem boatos (geralmente sobre vírus);

- Sem o nome do usuário junto ao endereço eletrônico. A falta do nome real da pessoa é vista como suspeita pelo sistema, pois é uma estratégia muito utilizada por mensagens comerciais enviadas em massa;

- Com a palavra "teste" em alguma parte do cabeçalho. O sistema suspeita dessa palavra porque ela é usada por quem está fazendo limpeza em listas de endereços.