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Nº 1379 - Ano 29 - 19.12.2002


/ Maria José Gazzi Salum

Por uma política integral e integrada

Carla Maia

reestruturação do Serviço de Atenção à Saúde do Trabalhador (Sast) é uma das prioridades da Pró-Reitoria de Recursos Humanos. "Queremos que ele seja um promotor da saúde, não apenas um serviço que combata a doença", argumenta a pró-reitora Maria José Gazzi Salum. Nesta entrevista ao BOLETIM, ela também fala sobre os projetos de sua área, da gestão de RH na UFMG e das expectativas em relação ao novo governo.

Quais são os desafios de gerenciar os recursos humanos em uma universidade pública, que enfrenta sérias dificuldades financeiras?

O grande desafio é o de propor políticas que favoreçam o servidor público. Esta é uma obrigação da Universidade, ainda que as respostas a elas sejam negativas, como ocorreu durante este último governo. Mas a intenção é de que a Universidade se faça ouvir sempre. Por outro lado, graças a uma resolução do Conselho Universitário, a UFMG dispõe de relativa autonomia para implantar políticas de capacitação de pessoal por meio de recursos próprios, oriundos das atividades de extensão.

A senhora afirma que o governo federal refutou grande parte das propostas de desenvolvimento de recursos humanos sugeridas pela UFMG. O que se pode esperar do novo governo?

Esperamos que as reivindicações sejam atendidas. A expectativa é de que seja estabelecido um plano de carreira, coroando todo um trabalho feito até hoje pela Fasubra. O funcionalismo público tem sido injustiçado pela ausência de um efetivo plano de carreira. Temos um documento consistente, preparado pela Comissão Permanente de Pessoal Técnico e Administrativo (CPPTA), que revela que a Universidade é madura o suficiente para assumir sua autonomia e estabelecer seus próprios projetos.

Quais são os grandes projetos da Pró-Reitoria de RH?

Uma de nossas prioridades é a saúde do trabalhador. Instituímos uma comissão para repensar o papel do Sast na Universidade. Queremos que ele seja um promotor da saúde, não apenas um serviço que combata a doença. Essa comissão vai entregar, ainda este mês, a sua proposta de reestruturação do Sast. Também solicitamos a essa comissão que avalie a possibilidade de implementação de planos de saúde especiais para os servidores, principalmente para os de menor renda. Mas queremos, sobretudo, aproveitar a infra-estrutura física e a competência instalada na UFMG para promover a saúde do trabalhador. Embora já esteja a serviço da comunidade universitária, essa estrutura pode se organizar de forma mais sistemática para realizar um atendimento global.

O que está sendo feito na área de qualificação de recursos humanos?

Nosso principal projeto é o Programa Integrado de Desenvolvimento (Progrid), que aborda a capacitação de RH com enfoques distintos. Um, baseado na capacitação para o trabalho, envolve o treinamento específico das pessoas para exercer melhor as suas funções. Aqui também usamos as nossas competências internas. Um exemplo é o treinamento das secretárias de departamento para uso do INA-Opus, nova versão do INA (banco de dados das atividades docentes da Universidade). Também treinamos os funcionários das secretarias dos colegiados de pós-graduação. E acabamos de fechar mais dois treinamentos para o exercício de funções específicas: um para profissionais de informática trabalharem como gerentes de rede e outro para treinar os secretários dos colegiados de graduação no sistema on-line de matrículas. A outra vertente é o que chamamos de capacitação para a vida.

Que programas inserem-se nessa vertente?

Temos cursos nas áreas de relações humanas, informática e línguas. Também participamos mais ativamente do Programa Nacional de Educação de Jovens e Adultos (Penja), que antes era totalmente financiado pela Pró-Reitoria de Extensão. Fizemos uma parceria com a Proex, porque acreditamos que o programa tem a ver com essa filosofia de capacitar para a vida. O objetivo é propiciar condições para que todos os funcionários da Universidade concluam pelo menos o ensino médio. Outra iniciativa é a Bolsa Pré-Vestibular, também voltada para os funcionários da UFMG.


Maria José Salum: capacitação para a vida

Gostaria, ainda, de destacar o projeto Porta, destinado aos adolescentes que trabalham na Universidade. Ele oferece um salário aos jovens de até 18 anos que trabalham na administração e nas unidades acadêmicas. Hoje, a Universidade paga uma determinada quantia para que a Cruz Vermelha recrute e acompanhe esses meninos. Só que a Cruz Vermelha não faz isso. Não avalia os benefícios que a passagem pela Universidade trouxe à formação destes menores e não sabe como eles estão se saindo lá fora. A UFMG vai assumir o recrutamento, a seleção e o treinamento desses jovens. Vamos prepará-los melhor, trabalhando numa perspectiva educativa e profissionalizante.

Como é feita a gestão da política de RH?

Há diferenças significativas entre as unidades da UFMG. Um bom programa para uma unidade talvez não o seja para outra. Portanto, em vez de centralizar todo esse planejamento, a Pró-Reitoria de RH realiza uma gestão compartilhada, que envolve diretores de unidades, funcionários, chefes de departamento e coordenadores de curso. Não poderia deixar de destacar o trabalho da CPPTA e da Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD), responsáveis pela elaboração de importantes políticas de recursos humanos.

Qual é a importância de uma política de RH na Universidade?

Ela é fundamental e precisa se pautar por metas e objetivos que atendam a todos. Não podemos distinguir um funcionário técnico-administrativo de um docente. Na Universidade, pensamos a questão dos recursos humanos de forma integrada.