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Nº 1431 - Ano 30 - 25.3.2004

Maculan defende orçamento global para as universidades



Secretário propõe mais investimentos em educação: "é caro investir em pesquisas, mas muito mais cara é a ignorância"


Murilo Gontijo


implantação de um orçamento global para as universidades públicas é uma das prioridades da reforma universitária. A afirmação é do Secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Nélson Maculan Filho, que esteve na UFMG na semana passada. Ele participou de reunião de trabalho promovida pelo Fórum das Instituições Públicas de Ensino Superior (Ipes) para discutir a reforma universitária e visitou obras e prédios do projeto Campus 2000.

Para Maculan, a atual estrutura de gastos prejudica o funcionamento das universidades. "Os reitores estão engessados por verbas rubricadas, que têm destino previamente determinado", criticou. A proposta do Secretário é transformar o orçamento em uma questão particular de cada universidade: "Elas precisam ter autonomia para definir como preferem ou devem aplicar seus recursos". Na opinião do Secretário, despesas com o pagamentos de aposentadorias não devem fazer parte do orçamento das universidades.

Maculan reconheceu que os orçamentos das universidades federais estão defasados. "Há cerca de seis anos, o volume de recursos não se altera", observou. Segundo ele, é preciso pensar a autonomia, mas também atentar para as deficiências orçamentárias. O Secretário lembrou que educação é investimento dispendioso. "É caro investir em pesquisas, laboratórios. É caro ampliar as atividades dos alunos para além da sala de aula. Mas muito mais cara é a ignorância", disparou, ao defender que o Estado cumpra o seu papel no desenvolvimento da educação.

Discussões

Para o Secretário da SESu, a reforma universitária deve procurar uma resposta para os anseios da sociedade em relação às suas universidades. "As discussões estão começando em diversos segmentos sociais, e esperamos que eles tragam contribuições que nos ajudem a melhorar a universidade". Dentre as possíveis melhorias, Maculan aponta a ampliação do número de vagas. "Há uma estagnação na oferta que precisa ser modificada", advertiu, ressaltando que, hoje, as universidades estaduais oferecem mais vagas que as federais.

A reforma universitária não deverá ser apenas orçamentária, mas também de conteúdo, na avaliação de Maculan. "Devemos saber que profissionais formamos e quais queremos formar", disse. Segundo Maculan, a reforma vai em busca de uma nova formação, mais afinada com os desafios contemporâneos: "O aluno precisa conhecer sua região, seu país. Entretanto ele não pode descartar o plano internacional. A formação deve ser ampla. Nossos títulos precisam ser internacionais".

Para Maculan, a reforma precisa atingir todo o sistema universitário, o que inclui as instituições particulares. "A reforma universitária também deverá definir o que a sociedade espera das universidades privadas", disse o Secretário, ao lembrar que a educação é um bem social, não comercial. "Precisamos de critérios para o funcionamento das escolas privadas", argumentou. Segundo o Secretário, é necessário criar métodos eficientes de avaliação do funcionamento de instituições universitárias. "Não uma avaliação punitiva, mas construtiva", defendeu. Para ele, isso equivale a responder o que se quer para o futuro do ensino superior.

Cursos noturnos

A reitora da UFMG, Ana Lúcia Gazzola, afirmou que a reforma universitária é uma metáfora. "A universidade sempre deve estar em transformação em conformidade com as demandas sociais", explicou. Ela disse que, para a UFMG, uma das grandes questões da reforma universitária é a democratização do acesso. "Para nós, o modelo mais adequado é a criação dos cursos noturnos, que representam inclusão social", defendeu a reitora. Segundo ela, a UFMG também caminha para a interiorização. "É o que procuramos fazer em Montes Claros, onde criamos cursos na área agrícola, para transformar a economia da região".


Reitora e Secretário inauguram prédio da Química

A placa de inauguração do prédio do departamento de Química, no campus Pampulha, foi descerrada na última sexta-feira, dia 19, pela reitora Ana Lúcia Gazzola e pelo secretário nacional de Educação Superior do Ministério da Educação Nelson Maculan em solenidade que contou com a presença de ex-reitores da UFMG, professores, alunos e funcionários.

No discurso de agradecimento, a professora Ione Maria Ferreira de Oliveira, chefe do departamento de Química, lamentou a atual crise financeira e disse que, apesar da alegria por receber o novo prédio, o departamento não poderá trabalhar em plena capacidade. "Este semestre não teremos monitores para as nossas disciplinas; tudo foi reduzido em 20%", afirmou a professora, que cobrou a realização de "investimentos públicos para que o quadro seja revertido".

Em breve discurso, Maculan reconheceu as dificuldades por que passa o sistema federal de ensino superior e elogiou o esforço da reitora Ana Lúcia Gazzola para conseguir mais recursos junto ao MEC. "Contem com minha presença no Ministério, trabalhando em prol da educação pública e gratuita", finalizou.

A Reitora fez uma análise das crises que atingiram o sistema federal de ensino superior ao longo dos anos e afirmou que a UFMG precisa ser respeitada, para continuar sendo referência no sistema: "A UFMG exige isso, e sei que teremos no secretário Maculan um aliado justo e correto".

Durante sua permanência na Universidade, o Secretário visitou outras obras do projeto Campus 2000, como a Faculdade de Educação, inaugurada em dezembro de 2003, e a Faculdade de Farmácia, cujo prédio deverá ser concluído em abril. Acompanhado por Ana Lúcia Gazzola, Nelson Maculan também visitou obras de modernização de laboratórios na Escola de Veterinária e no ICEx, financiadas com recursos do edital CT-Infra, do Ministério da Ciência e Tecnologia.