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Nº 1486 - Ano 31 - 2.6.2005


Uma história regida por acordes consonantes

Ao completar 80 anos, Escola de Música aposta na capacitação docente para manter qualidade de suas atividades

Neide Dantas*


Foto: Foca Lisboa

m dos principais centros de formação musical do Brasil, a Escola de Música chega aos 80 anos - completados no dia 29 de abril - às voltas com um movimento de fortalecimento acadêmico e de melhoria de sua infra-estrutura. Um processo que passa pela qualificação de seu corpo docente - dos 46 professores, 41 possuem mestrado e doutorado - e pelo investimento em pesquisa e pós-graduação.

"A Escola de Música vem incorporando tendências e mudou seu perfil, o que tem sido fundamental para as nossas atividades de geração e reprodução do conhecimento", afirma o professor Lucas Bretas, diretor da Unidade, ao lembrar que a Escola agora estuda a criação do doutorado.

Mesmo com este novo perfil, ancorado na pesquisa e na pós-graduação, a Escola de Música mantém como prioridade a formação na graduação _ uma de suas principais marcas em 80 anos de história. Segundo o diretor, a meta é preparar profissionais capazes de atuar nas redes de ensino fundamental e médio.

A Unidade também aposta na melhoria de sua infra-estrutura física. Agora, prepara-se, por exemplo, para ganhar um anexo, que abrigará as instalações do Centro de Musicalização Infantil (CMI), que hoje funciona na rua Carangola, no bairro Santo Antônio. Com 571 metros quadrados, a nova sede, que deverá ser inaugurada ainda este ano, foi projetada para o ensino da música, com quatro estúdios, duas salas de aula e duas de multimeios, todas com tratamento acústico e ar-condicionado. A chegada do CMI ao campus atenderá a uma demanda da região Norte de Belo Horizonte, carente de escolas de música para crianças. "Na Zona Sul, há muitas instituições de ensino musical. Aqui, na Pampulha, o CMI certamente fará a diferença", prevê o diretor.

No Parque Municipal

A Escola de Música foi fundada em 1925 pelo presidente do Estado de Minas Gerais, Fernando Mello Vianna, com o nome de Conservatório Mineiro de Música. Sua primeira sede foi um velho casarão no Parque Municipal, no centro de Belo Horizonte. Segundo relatos da época, na solenidade de inauguração "ouviram-se sons vibrantes da Banda de Música do 1 o Batalhão da Força Pública, entoando o Hino Nacional Brasileiro, em meio a uma chuva de flores, entremeada do calor de entusiastas palmas".

A intenção dos idealizadores do Conservatório era "ministrar a instrução musical em todos os seus ramos, formando professores de música, de instrumentos e de canto, compositores e regentes de orquestra", informa a ex-diretora da Instituição, Sandra Loureiro de Freitas Reis, em seu livro Escola de Música da UFMG: um estudo histórico (1925-1970).

Em setembro de 1926, o Conservatório já estava instalado no imponente prédio em estilo neoclássico na avenida Afonso Pena, no coração da jovem capital mineira. Em seus primeiros 30 anos, o Conservatório Mineiro de Música exerceu grande influência na vida cultural de Belo Horizonte. Na gestão de Francisco Nunes, o seu primeiro diretor, sediou a Sociedade de Concertos Sinfônicos de Belo Horizonte, que contou com a participação de importantes músicos da época.

O status de estabelecimento isolado de ensino superior foi alcançado em 1950. Doze anos depois, transformou-se em unidade da UFMG.

Tempos modernos

A partir dos anos 70, a Escola de Música foi dirigida por Sebastião Vianna, músico que trabalhou ao lado de Heitor Villa-Lobos e foi regente da Orquestra Sinfônica da Polícia Militar de Minas Gerais e da Sociedade de Concertos Sinfônicos de Belo Horizonte. Na época foi criado o Curso de Formação Musical e implantado o Curso de Especialização em Piano. Na década seguinte, o corpo docente da instituição recebe professores visitantes, como o maestro Guerra Peixe, compositor ligado aos movimentos de vanguarda musical, e o violoncelista Watson Clis. Mais tarde, chegaram David Machado e Hans-Joachim Koellreutter. Este último, que abriu a Escola para as revoluções estilísticas do século 20, foi um dos fundadores e primeiro coordenador do Centro de Pesquisa em Música Contemporânea (CPMC).

*Jornalista da Escola de Música

Um marco no campus

Depois de 71 anos no prédio da avenida Afonso Pena, a Escola de Música mudou-se, em 1997, para um edifício no campus Pampulha que permitiu ampliar suas atividades. Suas instalações dispõem de estúdio de gravação, associado a auditório modular para 300 pessoas. Possui laboratórios de apoio às disciplinas; de música eletroacústica e computacional; de musicologia, que trabalha com restauração de partituras; e uma sala com microcomputadores. A instituição possui, ainda, biblioteca com mais de 13 mil partituras, quatro mil livros e periódicos, quatro mil gravações e 500 vídeos/DVDs, além de extenso acervo de obras antigas e raras.

Ela também abriga várias formações musicais permanentes: Orquestra Sinfônica, Coro de Câmara, Gerais Big Band, Grupo de Percussão, Coral de Trombones, Grupo de Saxofones, Banda Sinfônica e Corais do Curso de Extensão em Música.

A Escola de Música em números

46 professores, sendo 41 com mestrado e doutorado
46 funcionários, sendo que 16 são músicos que desempenham atividades acadêmicas
265 alunos matriculados na graduação
87 matriculados no mestrado e na especialização
250 alunos que participam anualmente de cursos de extensão