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Nº 1534 - Ano 32
08.06.2006

UFMG amplia participação em estudos financiados
pela Petrobras

Ana Maria Vieira

om seu pé direito alto, o galpão poderia ser confundido com uma fábrica ou oficina mecânica. A um canto, a escada vazada leva a corredores que, ladeando o ambiente, mostram portas onde alguém pode surgir a qualquer momento para verificar o andamento dos trabalhos. Mas é no térreo, saindo da área central em direção a salas de piso aramado ou com vãos, que o visitante terá uma certeza: sim, ele se encontra em uma oficina de carros.
Eber Faioli

Ramon Molina nas instalações do Centro de Excelência em Tecnologia Veicular: novo modelo de parceria


É “quase” isso. O lugar em questão é a nova sede do Centro de Excelência em Tecnologia Veicular (Cetev), do departamento de Engenharia Mecânica da UFMG. Em fase final de construção, o espaço deverá receber nova geração de equipamentos que o colocará entre os cinco melhores laboratórios nacionais de pesquisa na área. Os recursos, vindos da Petrobras, totalizam R$ 3,55 milhões. O investimento é resultado de novo modelo de parceria da empresa, que vai destinar, a universidades e institutos científicos brasileiros, mais de R$ 1 bilhão, nos próximos três anos. O objetivo é intensificar estudos no segmento de petróleo, gás e energia, para identificar tecnologias que levem à independência do país na área. Os recursos deverão ser liberados em agosto pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Parâmetros
O modelo baseia-se na formação de Núcleos Regionais de Competência e na ampliação de redes temáticas de pesquisa da empresa, com a constituição de 30 grupos de excelência. A UFMG participa de dez deles, por meio de projetos comandados pela Escola de Engenharia, Face, ICEx e IGC. A partir das redes, diversos centros de pesquisa da UFMG vão emprestar seu conhecimento em nanotecnologia, geologia, tecnologia em asfalto, motores, combustíveis, automação, gestão e prospecção de inovações para, em troca, receberem investimentos em infra-estrutura de laboratórios e bolsas de pesquisas na graduação e pós-graduação.

“O Brasil utiliza mistura de combustíveis, mas ainda não sabe identificar, com precisão, dados para sua caracterização”, diz o professor Ramon Molina Valle, que coordena o Cetev e é o gestor de duas redes da Petrobras. O problema apontado por Molina será, inclusive, objeto de pesquisa da rede de Fluidodinâmica Computacional em Processos de Refino, que destinará R$ 550 mil ao Cetev para aquisição de equipamentos de laboratório, computadores e softwares. O trabalho será feito em parceria com os departamentos de Química e de Engenharia Química da UFMG, além das universidades federais de Uberlândia e de Santa Catarina.
O objetivo é caracterizar as propriedades químicas e físicas das substâncias que compõem combustíveis e identificar a proporção desejável entre elas, para que possam atingir as melhores condições de combustão. Molina explica que a determinação desses parâmetros poderá repercutir no mercado, uma vez que a pesquisa deverá analisar diversas modalidades de misturas utilizadas tanto em motores, como em caldeiras e fornos.

A redução das reservas, a degradação ambiental e os elevados custos para substituir as matrizes energéticas são questões que parecem acirrar uma competição pouco anunciada na mídia internacional. Em busca do novo ouro, empresas e laboratórios de pesquisa investem, há algum tempo, em tecnologias de aplicação em longo prazo, mas que também sejam capazes de atender, de modo mais imediato, à necessidade de aumento da eficiência e redução de consumo e custos de motores e combustíveis.

Nessa linha, uma segunda rede temática – Desenvolvimento Veicular – também coordenada pelo professor Ramón investirá R$ 3 milhões na montagem de laboratório para testar o desempenho de motores, seu consumo de combustível e emissão de poluentes. Segundo Molina, a qualidade do Cetev será recalibrada não apenas pela chegada dos equipamentos. A abertura de novas frentes de pesquisas aumentará o número de bolsas de graduação e pós-graduação. “Além de propor soluções para a so-ciedade, esses projetos melhoram nossa infra-estrutura de pesquisa e a preparação de recursos humanos”, afirma o professor.

Avaliação semelhante é feita pelo professor do departamento de Ciências Administrativas da Face, Marco Aurélio Rodrigues, que representa a Universidade na rede Gestão da Inovação Tecnológica. “A inovação é uma dimensão estratégica para o desenvolvimento e desencadeia vínculos nas organizações que produzem ciência e tecnologia”, diz Rodrigues. O trabalho de seu grupo, explica, consiste em desenvolver competência, metodologia e ferramentas para implantar modelos inovadores de gestão do sistema tecnológico da Petrobras.

Redes temáticas na Universidade

ICEx – Nanotecnologia aplicada à indústria de energia ( nanocatálise e nanomateriais); Desenvolvimento de tecnologias para combustíveis limpos

IGC – Estudos geotectônicos

Face – Prospecção tecnológica; Gestão de inovação tecnológica

Escola de Engenharia – Desenvolvimento veicular; Instrumentação, automação, controle e otimização de processos; Concretos e refratários para a indústria do petróleo; Fluidodinâmica computacional em processos de refino; Tecnologia em asfalto

Agente financiador: Petrobras