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Nº 1549 - Ano 32
25.09.2006

Entrevista / Iván Izquierdo

Rede potencializa conhecimentos

frente de estudos sobre a memória no país, o neurocientista e professor da PUC do Rio Grande do Sul, Iván Izquierdo desempenhou papel importante na análise do comportamento apresentado pelos camundongos modificados geneticamente. Em entrevista ao BOLETIM, o cientista considera que a constituição de redes de colaboração entre cientistas brasileiros, nos moldes do estudo liderado pela UFMG, está produzindo resultados “inesperadamente ótimos” no desenvolvimento de técnicas moleculares e comportamentais.

Que contribuição esses modelos animais, cujos cérebros sofreram alterações químicas, darão a estudos mais amplos relativos à memória?
Esperamos uma contribuição significativa, já que tais modelos reproduzem síndromes bioquímicas correspondentes a patologias humanas.

Foca Lisboa

Izquierdo: técnicas moleculares e comportamentais

O senhor está coordenando um grupo de cientistas que, recentemente, apresentou projeto ao CNPq para formar rede de pesquisa sobre biologia do envelhecimento. Essa constituição tem correlação com o aumento da população idosa do país e da incidência de demências?
A rede baseia-se, sim, no fato de que a população idosa brasileira está aumentando muito e, com ela, a incidência de demências ou de outras doenças degenerativas próprias da idade. Esse crescimento é proporcionalmente maior no Brasil do que em outros lugares, dada a expectativa de vida no país, que começa a ultrapassar a faixa dos 70 anos.

O trabalho em rede também é indício da evolução dos grupos de pesquisa no país?
De fato, há progressos importantes nessa área e era até natural que o tema fosse abordado de forma colaborativa. Vamos priorizar os aspectos em que sabemos trabalhar – animais com modificações genéticas, por exemplo – e que são profundamente inovadores no Brasil. As técnicas moleculares importadas dos Estados Unidos, através de Marco e Vânia Prado, são também inovadoras no nosso meio. Desse trabalho conjunto estão surgindo técnicas novas, sejam moleculares ou comportamentais.

Artigo: Mice Deficient for the Vesicular Acetylcholine Transporter Are Myasthenic and Have Deficits in Object and Social Recognition
Autores: Vânia Prado, Cristina Martins-Silva, Bráulio Castro, Ricardo Lima, Ernani Amaral, Vinicius Cota, Marcio Moraes, Marcus Vinicius Gomez, Cristina Guatimosim, Christopher Kushmerick, Grace Pereira, Janaína Koenen, Marco Prado (UFMG); Ivan Izquierdo, Daniela Barros, Maria Ramirez e Janine Rossato (PUC-RS); Marc Caron, Amy Ramsey, Tatyana Sotnikova, Hyung-Gun Kim, Hui Quan, William Wetsel e Raul Gainetdinov, (Universidade de Duke).
Financiamento: Capes, CNPq, Fapemig, Instituto do Milênio, Pronex-MG e American Health Assistance Foundation
Onde ler: o artigo está disponível na página www.neuron.org (Vol 51, 601-612, 07 September 2006)