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Nº 1551 - Ano 32
9.10.2006

UFMG ajuda a redesenhar
setor moveleiro em Minas

Transferência de tecnologia beneficia
produtores do Norte, Triângulo e Zona da Mata

Maurício Guilherme Silva Jr.

m Turmalina, no Norte de Minas Gerais, pequenas marcenarias familiares constroem cerca de 30 sofás por mês. Longe dali, na Zona da Mata mineira, as indústrias de Ubá redimensionam o patamar de produção moveleira: o mesmo número de sofás é concluído em apenas 24 horas. Apesar da diferença de escala, os comerciantes do setor têm problemas e interesses similares. Com pequeno auxílio, a vocação econômica de tais regiões pode ser reorganizada, refletindo melhores índices de produtividade e procedimentos técnicos mais eficazes.
Foca Lisboa

Andréa Franco: parceria com o setor produtivo

Parceria interdisciplinar entre o Laboratório de Estruturas Integradas em Arquitetura, Designer e Estruturas (Lade), da Escola de Arquitetura, e o departamento de Engenharia de Estruturas, da Escola de Engenharia da UFMG, tem colaborado, desde 2003, com a evolução do setor moveleiro em três regiões do Estado, por meio de transferência de tecnologia.

Até o momento, a atividade já foi desenvolvida com 13 empresas de Turmalina e região, 13 de Uberaba e sete de Ubá. Em cada local, a iniciativa recebeu um nome. Nas referidas áreas, foram desenvolvidos, respectivamente, os projetos Havalor (2003-2005), Certim (2005) e Pró-Ubá (2004-2006).

O primeiro estágio das iniciativas diz respeito à aproximação dos pesquisadores com os sindicatos do setor. Dividida em etapas, a atividade interdisciplinar tem como ponto de partida a visita dos especialistas da UFMG às fábricas a serem analisadas. “Começa assim nossa parceria com o setor produtivo, que culminará com a transferência de conhecimento. Escolhidos os interessados, partimos para o diagnóstico das empresas”, explica a professora Andréa Franco Pereira, da Escola de Arquitetura, subcoordenadora da equipe de designer.

Depois das visitas técnicas, começa a chamada fase de “nivelamento”, quando os pesquisadores realizam detalhado Raio-X das condições e procedimentos de cada empresa. “Investigamos a fábrica, o produto, a produção e o sistema de comercialização”, informa Andréa. A partir daí, os resultados do diagnóstico são avaliados em seminários com os produtores. “Discutimos pontos importantes do diagnóstico e recebemos sugestões dos empresários”, conta.

Paralelamente às duas primeiras etapas, no Lade e nos laboratórios de Avaliação de Conformidade de Móveis (Lacmo), da Engenharia de Estruturas, e de Ensaios Ergonômicos (LEE), do departamento de Arquitetura e Urbanismo, alunos e professores testam produtos fabricados nas empresas mineiras. “Nos laboratórios, realizamos a montagem dos ensaios. Avaliamos os produtos para verificar se estão em conformidade com as normas técnicas”, diz Andréa Pereira. No processo seguinte, acontece o “teste de usabilidade”. Cadeiras, por exemplo, são utilizadas nas escolas durante algumas semanas. “Neste caso, os produtos são avaliados segundo critérios ergonômicos e de percepção”, detalha a professora.

Diferencial de mercado

Além do diagnóstico das empresas, os três projetos desenvolvidos nas cidades mineiras, de 2003 a 2006, levaram informações aos fabricantes de móveis, implementaram novas metodologias de produção e comercialização, analisaram grupos de interesse e desenvolveram protótipos. No que diz respeito ao design, os pesquisadores procuraram responder, simultaneamente, às necessidades de usuários e produtores. “Para o produtor, criamos um diferencial de mercado. Em relação ao usuário, procuramos atender às demandas de cada região”, explica Andréa Pereira.

Do ponto de vista acadêmico, o desenvolvimento dos projetos significou, para as unidades envolvidas, o aprimoramento do saber desenvolvido nos laboratórios e do processo de formação dos estudantes. “No caso dos produtores, a iniciativa deu-lhes noção do processo de construção, com ênfase na importância das técnicas de design”, ressalta Andréa Pereira.

Outro benefício do desenvolvimento dos projetos em Turmalina e Ubá foi a criação do Instituto Xilon, entidade de certificação de produtos madeireiros. O produto certificado assegura ao consumidor a existência de controle e ensaio conforme normas nacionais ou internacionais. O Instituto transformou-se em Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip).

Os projetos

Havalor
Nome oficial: Mecanismos para o desenvolvimento de produtos madeireiros de alto valor agregado
Área de atuação: Turmalina (MG) e região
Executoras: UFMG/Cetec/Uemg
Financiador: Finep

Certim
Nome oficial: Desenvolvimento de produtos moveleiros aptos a receberem certificação
Área de atuação: Uberaba (MG)
Executoras: UFMG/Uemg/Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Uberaba/Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro
Financiador: Fapemig

Pró-Ubá
Nome oficial: Fortalecimento do pólo moveleiro de Ubá pelo design integrado: desenvolvimento de produtos para a certificação
Área de atuação: Ubá (MG)
Executoras: UFMG/Cetec/Uemg