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Nº 1551 - Ano 32
9.10.2006

Da sala de aula para o canteiro de obras

Versão modular leva conteúdos do Cipmoi aos locais de trabalho dos operários da construção civil

Flávio de Almeida

m dos mais antigos programas de extensão da UFMG, o Curso Intensivo de Preparação de Mão-de-Obra Industrial (Cipmoi) está ganhando uma versão que permite levar seus conteúdos para os canteiros de obras das construtoras. É o chamado Cipmoi Modular, desenvolvido por alunos de Engenharia Civil da Escola de Engenharia e que acaba de vencer o concurso Mãos à obra, promovido pela Câmara da Indústria da Construção Civil da Fiemg.

Cipmoi modular amplia o alcance das atividades do Cipmoi, programa de formação da Escola de Engenharia que completará 50 anos em 2007. “Hoje, o programa absorve, por ano, 250 operários da construção civil nas nossas instalações na Escola de Engenharia. Mas a procura é quatro vezes maior”, afirma a estudante Talita Fernanda das Graças Silva, aluna do quinto período de Engenharia e uma das integrantes do grupo.

O Cipmoi modular surgiu exatamente para atender a essa demanda reprimida. A idéia é oferecer o curso nos canteiros de obras ou nas empresas parceiras, que ajudariam a bancar os custos para garantir a gratuidade das aulas. Ele tem uma carga horária mais flexível e é estruturado em módulos, com conteúdos voltados para as especificidades do negócio das construtoras. Desde julho, a Escola de Engenharia mantém um piloto do programa modular para operários da Sudecap.

O curso oferece conhecimentos básicos de matemática e português (obrigatórios e comuns a todos os pacotes), informações sobre tecnologias construtivas, noções de informática e leitura de projetos elétricos, arquitetônicos, estruturais e hidráulicos.

Além de Talita Silva, o grupo que elaborou o projeto é formado por Paula Isabel Martins Lopes, Marcelo Vitor dos Santos Maximo, Karla Cristina Rodrigues Silva, Marcelo Carvalho Figueiredo e Igor Maeda Araújo, sob a orientação dos professores Paula Bamberg e Lúcio Villar, ambos da Escola de Engenharia. O concurso Mãos à obra foi idealizado com o objetivo de aprofundar o debate sobre soluções que impactam a produtividade da indústria da construção e aproximar estudantes de arquitetura e engenharia do setor produtivo.

Ceticon

O anúncio dos vencedores do concurso Mãos à obra ocorreu durante a terceira edição do Minascon, evento que reúne profissionais e empresário da construção civil. Na ocasião, o reitor Ronaldo Pena formalizou a adesão da UFMG ao Centro Tecnológico da Indústria da Construção (Ceticon), entidade que reúne sindicatos, empresas, laboratórios e institutos de pesquisa. Seu objetivo é impulsionar a qualidade e a inovação na área da construção, por meio da articulação de demandas tecnológicas da cadeia produtiva do setor com estudos desenvolvidos em laboratórios e universidades.

O projeto, coordenado pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL), vinculado ao Sistema Fiemg, reúne sete sindicatos ligados à indústria da construção, empresas, laboratórios e instituições de pesquisa. No caso da UFMG, o Ceticon envolverá pesquisadores dos institutos de Geociências, de Ciências Exatas e de Ciências Biológicas, e das escolas de Arquitetura e de Engenharia. A participação da UFMG no Centro Tecnológico será coordenada pelo diretor da Escola de Engenharia, professor Fernando Amorin de Paula.

“A área acadêmica é essencial no projeto”, afirmou a gerente de desenvolvimento regional de indústria do IEL, Cristina Calixto, ao explicar que o Ceticon pretende tornar-se um “grande articulador” entre as demandas das empresas e os laboratórios, universidades e centros de pesquisa. O Centro tem como objetivo mapear e atender necessidades tecnológicas da cadeia produtiva, com foco na geração de negócios.

A indústria da construção representa, segundo Cristina Calixto, 20,56% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e 10% do PIB mineiro. “É um setor com grande representatividade, que gera muitos empregos. Mas precisa de maior qualificação, e ainda há grande distância entre a empresa e as instituições produtoras de conhecimento”, ressaltou.

Além da geração de inovação tecnológica, o setor possui o que Cristina Calixto chama de “demandas emergenciais”. Entre elas, o segmento de extração de pedras, que gera um grande volume de resíduos no seu processo produtivo.

O Ceticon adotou como metodologia de trabalho o conceito de rede de parcerias, por isso não pretende montar novos laboratórios, mas utilizar o conhecimento e a estrutura instalados. Com foco na geração de negócios, o Centro quer identificar as necessidades da cadeia produtiva e a disponibilidade de pesquisa de cada parceiro.