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Nº 1568 - Ano 33
12.3.2007

Éber Faioli
Núcleo de Ciências Agrárias UFMG

Mestrado do NCA já impacta
agricultura do Norte de Minas

Pesquisas tratam de temas como irrigação de hortaliças, cultivo orgânico e manejo de frutas típicas

Ana Rita Araújo

A

té o final deste ano, serão defendidas as nove dissertações da primeira turma do Mestrado em Ciências Agrárias, no campus da UFMG em Montes Claros. Mais do que um marco para o curso e para a Universidade, tais pesquisas significam mudança na qualidade de vida de comunidades de agricultores residentes na Bacia do Alto Rio Pacuí, afluente direto do Rio São Francisco.

Fotos de Éber Faioli
Núcleo de Ciências Agrárias - UFMG
Os próprios temas que deram origem às dissertações foram definidos com os agricultores, e é na zona rural que as pesquisas vêm sendo executadas. “Temos trabalhado para propor soluções e melhorar a vida dessas comunidades, utilizando as condições específicas e os recursos de que elas dispõem”, diz o professor Regynaldo Arruda Sampaio, membro do colegiado do curso.

A expectativa é de que, até setembro, os estudos apontem resultados conclusivos sobre indicadores de sustentabilidade, manejo eficiente da irrigação de hortaliças, variedades de tomates tolerantes ao calor, cultivo orgânico de plantas medicinais e de hortaliças, fontes alternativas de alimentos para produção animal, agronegócio e manejo agro-extrativista do coquinho azedo – planta de grande importância econômica na região e que ainda é coletada de forma predatória.

Segundo Regynaldo Sampaio, a Bacia do Alto Rio Pacuí é extremamente degradada, com sérios problemas econômicos e alto índice de êxodo social. Por isso, o apoio técnico e científico tem impacto altamente positivo para as comunidades locais, que sobrevivem da agricultura familiar. Com área de concentração em agroecologia, o Mestrado em Ciências Agrárias foi criado para pesquisar problemas específicos do semi-árido e desenvolver tecnologias para pequenos agricultores e extrativistas. As propriedades rurais que participam do projeto servirão de referência para a futura aplicação das tecnologias estudadas no Mestrado.

Dia de campo
Antes mesmo da obtenção dos primeiros resultados das pesquisas, a simples presença dos professores e alunos na região já se traduz em mudanças para as práticas locais. “Em várias propriedades, fazemos os plantios experimentais sem agroquímicos”, exemplifica Regynaldo Sampaio.
No segundo semestre de 2006, o Mestrado promoveu o 1o dia de campo agroecológico, em que levou para a região tecnologias sustentáveis, com demonstrações de uso e preservação dos recursos disponíveis.

Éber Faioli
Núcleo de Ciências Agrárias - UFMG
“Compareceram nada menos que 130 agricultores interessados em obter informações que os ajudem no seu cotidiano”, relata o professor.

Este ano, como desdobramento da atividade, serão oferecidas oficinas sobre compostagem, adubação verde, saúde animal, identificação de impactos ambientais, cultivo de plantas medicinais, manejo adequado da irrigação e plantio do coquinho azedo. “Essa fruta é uma boa fonte de renda, pois nas cidades da região é vendida em forma de suco e de polpa. Estamos estudando métodos que facilitem a sua propagação, uma vez que sua semente tem dificuldade de germinação”, explica Regynaldo Sampaio.

Essa presença intensiva na região levou o curso a receber, em dezembro passado, o Prêmio Mérito Ambiental, do Conselho Municipal de Defesa e Conservação do Meio Ambiente (Codema), de Montes Claros. O prêmio, que distingue o trabalho de pessoas e organizações em prol da defesa e promoção da natureza, é, segundo o professor Sampaio, o reconhecimento a um esforço institucional. Ele destaca o “apoio incondicional” que a equipe tem recebido da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da UFMG. “Sem o envolvimento da Pró-Reitoria não conseguiríamos desenvolver este modelo de mestrado. Ela têm nos ajudado de diversos modos, seja no trâmite de documentos, no encaminhamento de projetos ou com apoio financeiro”, relata.