Éber Faioli
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Mestrado do NCA já impacta
agricultura do Norte de Minas
Pesquisas tratam de temas como irrigação de hortaliças, cultivo orgânico e manejo de frutas típicas
Ana Rita Araújo
té o final deste ano, serão defendidas as nove dissertações da primeira turma do Mestrado em Ciências Agrárias, no campus da UFMG em Montes Claros. Mais do que um marco para o curso e para a Universidade, tais pesquisas significam mudança na qualidade de vida de comunidades de agricultores residentes na Bacia do Alto Rio Pacuí, afluente direto do Rio São Francisco.
Fotos de Éber Faioli
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Os próprios temas que deram origem às dissertações foram definidos com os agricultores, e é na zona rural que as pesquisas vêm sendo executadas. “Temos trabalhado para propor soluções e melhorar a vida dessas comunidades, utilizando as condições específicas e os recursos de que elas dispõem”, diz o professor Regynaldo Arruda Sampaio, membro do colegiado do curso.
A expectativa é de que, até setembro, os estudos apontem resultados conclusivos sobre indicadores de sustentabilidade, manejo eficiente da irrigação de hortaliças, variedades de tomates tolerantes ao calor, cultivo orgânico de plantas medicinais e de hortaliças, fontes alternativas de alimentos para produção animal, agronegócio e manejo agro-extrativista do coquinho azedo – planta de grande importância econômica na região e que ainda é coletada de forma predatória.
Segundo Regynaldo Sampaio, a Bacia do Alto Rio Pacuí é extremamente degradada, com sérios problemas econômicos e alto índice de êxodo social. Por isso, o apoio técnico e científico tem impacto altamente positivo para as comunidades locais, que sobrevivem da agricultura familiar. Com área de concentração em agroecologia, o Mestrado em Ciências Agrárias foi criado para pesquisar problemas específicos do semi-árido e desenvolver tecnologias para pequenos agricultores e extrativistas. As propriedades rurais que participam do projeto servirão de referência para a futura aplicação das tecnologias estudadas no Mestrado.
Dia de campo
Antes mesmo da obtenção dos primeiros resultados das pesquisas, a simples presença dos professores e alunos na região já se traduz em mudanças para as práticas locais. “Em várias propriedades, fazemos os plantios experimentais sem agroquímicos”, exemplifica Regynaldo Sampaio.
No segundo semestre de 2006, o Mestrado promoveu o 1o dia de campo agroecológico, em que levou para a região tecnologias sustentáveis, com demonstrações de uso e preservação dos recursos disponíveis.
Éber Faioli
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“Compareceram nada menos que 130 agricultores interessados em obter informações que os ajudem no seu cotidiano”, relata o professor.
Este ano, como desdobramento da atividade, serão oferecidas oficinas sobre compostagem, adubação verde, saúde animal, identificação de impactos ambientais, cultivo de plantas medicinais, manejo adequado da irrigação e plantio do coquinho azedo. “Essa fruta é uma boa fonte de renda, pois nas cidades da região é vendida em forma de suco e de polpa. Estamos estudando métodos que facilitem a sua propagação, uma vez que sua semente tem dificuldade de germinação”, explica Regynaldo Sampaio.
Essa presença intensiva na região levou o curso a receber, em dezembro passado, o Prêmio Mérito Ambiental, do Conselho Municipal de Defesa e Conservação do Meio Ambiente (Codema), de Montes Claros. O prêmio, que distingue o trabalho de pessoas e organizações em prol da defesa e promoção da natureza, é, segundo o professor Sampaio, o reconhecimento a um esforço institucional. Ele destaca o “apoio incondicional” que a equipe tem recebido da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da UFMG. “Sem o envolvimento da Pró-Reitoria não conseguiríamos desenvolver este modelo de mestrado. Ela têm nos ajudado de diversos modos, seja no trâmite de documentos, no encaminhamento de projetos ou com apoio financeiro”, relata.