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Nº 1608 - Ano 34
06.05.2008

A 400 km por hora

UFMG constrói segundo maior túnel de vento do Brasil; equipamento será usado na pesquisa aeronáutica

Ana Luísa Sá

Foca Lisboa
tunel
Operário trabalha na construção do túnel de vento:
aplicação garantida em várias áreas

 

Um dispositivo de cerca de 25 metros de comprimento, 15 de largura e 6 de altura que pesa 15 toneladas. Essa enorme estrutura em construção em uma indústria metalúrgica de Belo Horizonte é o chamado túnel de vento, que deve ser instalado no campus Pampulha até o fim deste ano. O equipamento produz uma corrente de ar com o objetivo de estudar aspectos aerodinâmicos de um corpo, tais como distribuição de pressão e forças que atuam sobre ele. O objetivo é verificar a influência do vento na estabilidade, desempenho e integridade do modelo em teste.

O túnel vai compor a estrutura laboratorial do curso de Engenharia Aeroespacial, nova graduação que passa a ser ofertada pela UFMG no próximo vestibular. Com um motor de 485 cavalos, o primeiro túnel de Minas Gerais será capaz de gerar ventos de mais de 400 quilômetros por hora, o que o põe como o segundo maior do Brasil em termos de potência, atrás somente do equipamento instalado no Centro Técnico Aeroespacial, em São José dos Campos, que possui 1600 cavalos de potência.

O projeto de engenharia do túnel foi elaborado pela própria UFMG. “Não é o tipo de equipamento que já se encontra pronto. Trata-se de uma engenharia cara. A contratação de uma empresa para fabricar um túnel de vento desse porte custa, no mínimo, R$ 2 milhões”, argumenta o professor Paulo Iscold, do departamento de Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia da UFMG e coordenador do projeto, ao justificar o fato de a equipe ter recorrido à própria Universidade para projetar o túnel. Ainda assim, o grupo contou com a consultoria de um velho conhecido: o professor alemão Armin Quast, especialista em túneis de vento. Sua construção é viabilizada com recursos de R$ 360 mil, obtidos por meio de edital de grandes equipamentos da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig).

Diversidade de aplicações

O túnel é um imenso tubo retangular cujas extremidades se encontram. Ao longo dele vão sendo feitas mudanças no formato que condicionam o escoamento do ar que circula internamente para que ele tenha velocidade, seja unidirecional e sempre paralelo às paredes do tubo. Nas curvas existe uma espécie de veneziana para evitar a geração de um redemoinho. O túnel conta também com um motor com hélice, o gerador do vento, e um controlador que permite escolher com que potência o aparelho vai operar. Há também a parte de instrumentação, responsável pelas medições e geração de dados. A UFMG já possui uma instrumentação básica que verifica a pressão do ar nos corpos e a direção de escoamento do ar.

O túnel de vento pode ser utilizado em pesquisas de diversas áreas, como a indústria automobilística, bioengenharia, construção civil e até mesmo a área ambiental, que pode valer-se de uma maquete do relevo para identificar a direção seguida pela poluição emitida por uma indústria. “Apesar de ter nascido com a indústria aeronáutica, o túnel possui uma diversidade de aplicações. Sua instalação na UFMG terá uma importância considerável para elevar a qualidade da pesquisa”, comenta Iscold. “Atualmente os projetos têm que se basear em resultados computacionais e referências da literatura. Os pesquisadores ficam engessados, não podem experimentar muita coisa”, completa o professor.

A construção do túnel já está na reta final, mas a instalação do equipamento na UFMG depende ainda da conclusão das obras de prédio no campus Pampulha. Com cerca de 1,9 mil metros quadrados, o prédio será construído no Quarteirão 10 do campus e vai abrigar os laboratórios e diversos equipamentos da Escola de Engenharia.