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Nº 1700 - Ano 36
21.6.2010

Conexão Brasil-Índia

Seminário organizado pelo Cedeplar discutirá semelhanças e diferenças entre os sistemas de saúde dos dois países

Ana Rita Araújo

Os efeitos da desigualdade social sobre o acesso e as condições de saúde nas camadas mais pobres do Brasil e da Índia serão discutidos na próxima semana, na UFMG, em seminário que reunirá pesquisadores brasileiros, indianos e britânicos. O evento integra as atividades do projeto trilateral Inequalities in Access to Health Care in Brazil and India: closing the gap for the poorest-poor (Desigualdades no Acesso à Atenção em Saúde no Brasil e Índia: desafios para a inclusão dos mais pobres), financiado pela instituição Economic & Social Research Council (ESRC), do Reino Unido. A intenção é estabelecer e consolidar rede de cooperação acadêmico-científica que pesquisará as desigualdades em saúde nos dois países, com foco nas crianças de um a quatro anos, mulheres no período reprodutivo (15-49 anos) e idosas (60 anos e mais).

Chris Okamoto
Fundep
André Junqueira: estrutura de atendimento mais hospitalar e menos voltada para a prevenção

“Há muitas diferenças em termos de organização dos sistemas de saúde, mas também muitas semelhanças. Em especial no Sul da Índia, onde determinadas práticas e a estrutura de atendimento têm caráter mais hospitalar e são menos voltadas para a prevenção, assim como no Brasil”, comenta o coordenador do seminário, professor André Junqueira, pesquisador do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional de Minas Gerais (Cedeplar).

Interessados em desenvolver estudos em conjunto com o indiano Sabu Padmadas, da Universidade de Southampton (Reino Unido), os pesquisadores do Cedeplar viram, no edital Pathfinder Project, do ESRC (equivalente, no Reino Unido, ao CNPq), a oportunidade de traçar um paralelo entre Brasil e Índia. “Europa, Reino Unido, Estados Unidos e Japão querem conhecer e se envolver com países como Brasil, Índia, China e África do Sul”, avalia Junqueira, ao destacar a importância de estabelecer e consolidar uma ponte Sul/Sul entre Brasil e Índia no âmbito das ciências sociais aplicadas, em especial na área de estudos populacionais. Ele acredita que essa conexão pode oferecer a oportunidade de estabelecer uma agenda de trabalho comparativa sobre fecundidade e dinâmica demográfica.

Segundo Junqueira, o projeto tem duração de um ano e contará com a realização de mais dois seminários, um na Índia e outro na Inglaterra. “Agora, vamos discutir as metodologias, traçar um roteiro de atuação e preparar uma agenda de publicação dos resultados”, explica.

Programação

O seminário Desigualdades em Saúde no Brasil e na Índia: questões substantivas e metodológicas será realizado no auditório 2 da Faculdade de Ciências Econômicas, no campus Pampulha, nas manhãs dos dias 28 e 29 de junho. No primeiro dia, o coordenador geral do projeto, Sabu Padmadas, apresentará o edital Pathfinder. Em seguida, André Junqueira abordará as desigualdades em saúde no Brasil à luz do projeto Inequalities in Access to Health Care in Brazil and India: closing the gap for the poorest-poor, e o professor KS James, do Institute for Social and Economic Change, de Bangalore (Índia), apresentará dados referentes ao seu país.

No dia seguinte, o evento abordará o tema geral Desigualdade em saúde: fatores e perspectivas. “Queremos ter as visões das outras áreas, principalmente da Saúde Pública e da Ciência Política, em sua subárea de políticas públicas, extremamente importante para entender temas como organização e acesso”, informa Junqueira.

Essa sessão contará com três palestras: Saseendran Pallikadavath, da Universidade de Portsmouth (Reino Unido), abordará o tema Desigualdades em saúde materna na Índia: desafios para incorporar os mais pobres; Sandhi Barreto, do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG, vai falar sobre Doenças crônicas, envelhecimento e desigualdade social no Brasil; e Telma Menicucci, do Departamento de Ciência Política, sobre Conceitos e dimensões da desigualdade em saúde na perspectiva das políticas públicas.

Na última sessão do seminário, também na manhã do dia 29, a abordagem será essencialmente metodológica. “A proposta é discutir evidências empíricas e métodos a respeito de desigualdade em saúde”, comenta Junqueira. A professora Tiziana Leone, da London School of Economics – Health, discutirá os sistemas de saúde no Brasil e na Índia e seu alcance no atendimento às camadas mais pobres da população. A professora Mônica Viegas, do Departamento de Economia da Face, fará intervenção sobre Desigualdades no financiamento e acesso à saúde no Brasil: algumas evidências empíricas. Por fim, o professor Eduardo Rios Neto, do Departamento de Demografia da Face, discutirá métodos de análise de desigualdade no âmbito da saúde.