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Nº 1813 - Ano 40
25.3.2013

Acesso unificado

UFMG adere ao Sisu em substituição ao concurso vestibular

Ana Rita Araújo

O ingresso de alunos nos cursos de graduação da UFMG passa a ser feito pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação. A decisão foi tomada no último dia 19, pelo Conselho Universitário, em votação que recebeu 40 votos favoráveis, dois contrários e duas abstenções.

Segundo o reitor Clélio Campolina, o fim do concurso vestibular – que será substituído exclusivamente pela prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – é fruto de estudos que a Universidade vem fazendo há pelo menos três anos. “O Brasil estava atrasadíssimo em relação a países como Estados Unidos e os da Europa, que há muito adotam sistema de avaliação do ensino médio”, disse, ao ressaltar a qualidade da prova do Enem.

Clélio Campolina também informou que o sistema de cotas será alterado com o fim do vestibular. “A seleção pelo Sisu é democrática, elimina custos para os candidatos e oferece igualdade de oportunidades a todos”, disse. Apenas os cursos que exigem exames para identificar habilidades terão edital específico. “Os candidatos fazem o Enem e depois a prova de habilidades”, explicou Campolina, que concedeu entrevista logo após a reunião do Conselho Universitário. Confira alguns trechos:

Patrimônio do Brasil

Este é um dia histórico para a UFMG, parte de uma mudança social significativa, de um avanço que o país está fazendo ao dar uniformidade de tratamento a todas as pessoas, independentemente da região em que moram e da condição social.

Temos visto o bom desempenho dos alunos oriundos de escolas públicas e do interior, e eles precisam ser conscientizados de que a UFMG é um patrimônio do povo brasileiro. Há uma parte da sociedade que não vem à UFMG porque acha que ela é de elite, que é cara, que não permite acesso.

Além de ser gratuita e de qualidade, a UFMG possui política de assistência estudantil, patrocinada pelo Governo Federal, que aplicou, em 2012, R$ 18 milhões com assistência estudantil, e em 2013 terá R$ 23 milhões para apoiar o aluno com dificuldades materiais.

A democratização é uma grande vantagem do Enem, que é nacional. Assim, as pessoas não precisam vir à UFMG para concorrer, e não têm custos adicionais, já que não mais pagarão taxa de inscrição.

Adoção em 2014

A mudança ocorrerá a partir da seleção de 2014, pois não haverá mais a segunda etapa do vestibular. A UFMG já tinha o Enem como primeira etapa e fazia a segunda apenas para três candidatos por vaga. Agora, a seleção vai ser feita única e exclusivamente pelo Enem, através do Sisu. Cada candidato pode fazer opção por até duas universidades ou até dois cursos dentro de cada universidade.

Procedimentos

Agora, o candidato se inscreve no Enem, faz a prova e espera a seleção do Sisu, onde estarão quase todas as 6.670 vagas dos cursos de graduação da UFMG. Apenas os cursos que exigem exames para identificar habilidades – Artes Visuais, Música, Conservação e Restauração, Dança, Teatro, Cinema de Animação, Design e Design de Moda, totalizando 390 vagas – terão edital específico, já que o Sisu não seleciona cursos que exigem provas de habilidade. Esses candidatos farão o Enem e, se aprovados, a prova de habilidades da UFMG.

Três anos de estudos

O Enem começou a funcionar em 2010 e foi adotado pela UFMG a partir de 2011, como fase classificatória, como primeira etapa do vestibular. Durante esse período, comparamos todos os resultados do Enem e achamos que o exame é bom, bem feito. Entre os itens que a UFMG avaliou nesse ­período estão a qualidade da prova do Enem e a logística, que tem se mostrado muito boa.

Já tínhamos um sistema de bônus anterior, e estamos acompanhando o desempenho desses nossos alunos. Recentemente, introduzimos o sistema de cotas em substituição ao bônus, como define a lei, e estamos acompanhando tudo isso. Fizemos todas as comparações, utilizando, por exemplo, a classificação dos candidatos pelas notas do Enem – simulamos como se não tivéssemos segunda etapa – e comparamos esse resultado com os da nossa segunda etapa. Na maioria dos cursos deu coincidência de mais de 90%, ou seja, os alunos estão todos muito agrupados, sejam selecionados pela segunda etapa ou pelo Sisu. Ao mesmo tempo, fizemos o acompanhamento de todas as outras universidades brasileiras.

Como reitor da UFMG, participo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), onde mantemos permanente contato e acompanhamos o que vem acontecendo em todas as instituições. Quase a totalidade das universidades federais já está no Sisu, e as poucas que ainda não o integraram plenamente, estão se decidindo a entrar.

Futuro da Copeve

A Comissão Permanente do Vestibular (Copeve) continua a existir, pois ela tem diversas outras atribuições, entre as quais os vestibulares das licenciaturas indígena e do campo, dos cursos na modalidade a distância e do Colegiado Especial da Educação Básica e Profissional.