Busca no site da UFMG

Nº 1813 - Ano 40
25.3.2013

Uma casa pra chamar de sua

UFMG, Governo de Minas e Clube da Esquina vão criar centro de referência da música produzida no Estado

Ewerton Martins Ribeiro

O prédio onde hoje funciona o Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas), na Praça da Liberdade, foi construído para sediar duas grandes caixas d’água. Na época da fundação de Belo Horizonte, elas eram responsáveis pela distribuição da água consumida na região. Nos próximos anos, o local vai retomar uma função que lembra essa perspectiva inicial. Mas, em vez de água, agora será a vez de a cultura musical se espalhar pela cidade: o prédio abrigará o Museu Clube da Esquina – Centro de Referência da Música de Minas, que será integrado ao Circuito Cultural Praça da Liberdade.

O projeto do museu envolve a Associação dos Amigos do Museu do Clube da Esquina (AAMUCE), o Governo de Minas Gerais e a UFMG. “A Universidade entra com sua expertise, com a elaboração dos projetos museográfico e acústico, e com a base científica e acadêmica para a concepção das atividades do museu”, explica o pró-reitor de Planejamento João Antonio de Paula.

Na última segunda-feira, dia 18, dirigentes da Universidade se reuniram com integrantes da AAMUCE e do governo para a apresentação do projeto arquitetônico da sede do museu, desenvolvido por Mariza Machado Coelho e Fernando Maculan. Já o projeto executivo deve ser apresentado até meados do primeiro semestre de 2014, quando, então, prevê-se o início das obras, que deverão durar cerca de um ano.

O projeto arquitetônico propõe intervenções internas com o resgate do desenho original da edificação, que é tombada pelo Patrimônio Histórico – além da construção de prédio de quatro andares (subsolo, térreo, primeiro e segundo). Ao todo, o equipamento cultural deverá contar com área de 2,3 mil metros quadrados.

A vice-reitora Rocksane de Carvalho Norton representou a UFMG no encontro, acompanhada pelo vice-diretor da Escola de Música e responsável na Universidade pelo projeto do museu, Mauro Rodrigues. “É com muita satisfação que a UFMG abraça esse projeto. A Universidade é um lugar em que se produz, se consolida e se transmite conhecimento. Mas é também o lugar onde se guarda a cultura e a memória de um povo. Nesse sentido, temos muito orgulho de exercer esse papel no estado de Minas Gerais. Muito orgulho e compromisso com essa responsabilidade”, afirmou Rocksane.

Mauro Rodrigues destacou que o espaço não será apenas um local de guarda de acervo, mas também um polo dedicado à pesquisa e discussão musical. Concertos, recitais, encontros, oficinas, palestras e festivais deverão ser registrados em áudio e vídeo, material que também será incorporado ao acervo.

Seu projeto acústico está sendo elaborado pelo professor Marco Antonio Vecci, da Escola de Engenharia. Já a concepção museológica está a cargo da professora Betânia Figueiredo, do Departamento de História. Ela trabalha a partir de conceitos como redes de sociabilidade como elemento agregador, música mineira como identidade, diversidade das influências e permeabilidade da música do Clube da Esquina. “O Clube da Esquina tem um peso internacional significativo, com conexões com jazz, rock e world music. Foi influenciado pelos Beatles e exerceu influência sobre o jazz e o rock”, lembra o professor Mauro Rodrigues.

O músico Cláudio Venturini, do 14 Bis, acredita que o espaço deixará legado importante para as novas gerações. “É uma semente que será plantada no lugar mais bonito de BH, a Praça da Liberdade, e que vai gerar uma árvore com muitos galhos, cada um representando um estilo da música mineira, que é muito rica. Minas são várias, e essa diversidade também se reflete em nossa criação”, afirmou.

Adesão

No encontro, Eliane Parreiras, secretária de Cultura de Minas Gerais, destacou a importância do envolvimento da Universidade para a concretização do museu. “É preciso fazer um agradecimento especial à UFMG, que fez uma adesão extraordinária – e urgente – ao projeto. Acho que foi a negociação mais rápida que já realizamos. Isso vai colaborar muito para que esse sonho se realize”.

Os esforços em torno do projeto começaram em 2010, quando o Governo de Minas Gerais, por meio de Termo de Permissão de Uso, cedeu o espaço para a implantação do museu. Em seguida, o Ministério da Cultura (MinC) firmou termo de cooperação para o aporte de R$ 3,5 milhões até o início das construções. De lá para cá, parlamentares da bancada mineira na Câmara dos Deputados vêm apresentando propostas de emendas ao Orçamento Geral da União para a complementação dos recursos necessários para a conceituação e implantação do espaço. “Agora chegamos a uma etapa crucial, que é viabilizar a chegada desses recursos a tempo, além de um esforço em prol da passagem definitiva do termo de permissão de uso do imóvel, de modo que as obras possam ser iniciadas”, informou a secretária Eliane Parreiras.

Além de Cláudio Venturi, a reunião contou com a participação de outros expoentes da música mineira, como Flávio Venturini, os irmãos Lô e Márcio Borges e Túlio Mourão, que representou a AAMUCE. A Associação mantém museu virtual com o acervo reunido ao longo dos mais de 40 anos de trajetória do Clube da Esquina e que pode ser acessado em www.museuclubedaesquina.org.br.