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Nº 1829 - Ano 39
15.07.2013

Lares adotivos (e trocados)

Coltec e escola argentina voltam a formar grupos de alunos para intercâmbio de reciprocidade

Jaqueline Corradi

Estudar dois meses em outro país, morar na casa de uma família com costumes e idioma diferentes do seu. Esse é o desafio que oito estudantes do Colégio Técnico (Coltec) terão que enfrentar em intercâmbio na Argentina. Por meio de convênio firmado com a Escola Superior de Comércio Manuel Belgrano (ESCMB), da Universidade Nacional de Córdoba (UNC), argentinos e brasileiros realizarão intercâmbio de reciprocidade. Os estudantes do Coltec, que partem para Córdoba no dia 6 de agosto, serão acolhidos pelas famílias dos argentinos, que, por sua vez, ficarão hospedados nas casas dos brasileiros.

Esse é o segundo grupo de estudantes que participa do projeto. “No ano passado enviamos e recebemos dez estudantes; este ano oito irão para Córdoba, e vamos acolher dez argentinos”, informa a professora de espanhol Fernanda Peçanha, coordenadora da comissão organizadora da iniciativa. Ela destaca que o intercâmbio é oportunidade que transcende o contato com outra língua e cultura, ao propiciar imersão em um estilo diferente de ensino.

“O intercâmbio nos proporcionará crescimento pessoal e profissional. Não estamos deixando a vida que temos aqui, mas vamos dar um pause nela e viver outra totalmente diferente”, ressalta a estudante de Eletrônica Alice Mesquita. Para Amanda Santos, que cursa Automação Industrial, o intercâmbio é uma oportunidade de formar novos vínculos. “Quero conhecer a família, seus costumes, amigos e aprender com eles da mesma que forma que eles poderão aprender comigo.”

Para diminuir a ansiedade dos futuros intercambistas, os alunos que integraram o grupo do ano passado repassam informações e dão dicas sobre a cultura, escola e lugares para visitar. A estudante de Análises Clínicas Láyza Silva Jardim, que nunca tinha vivido a experiência de passar tanto tempo longe da família, procura tranquilizar os “calouros”. “É como se o vazio de deixar a sua família aqui fosse preenchido pela família que te recebe lá; não substitui, mas é como se completasse, você se sente acolhido”, afirma.

Quebrando preconceitos

Aprender a conviver com uma cultura diferente foi uma das vantagens da experiência vivida pela aluna de Química Thaís Rodrigues. “Era uma pessoa muito preconceituosa em relação a outros costumes, mas ao passar esse tempo lá, pude perceber que às vezes o diferente não é melhor nem pior”, ressalta. Para ela, os momentos mais difíceis foram a partida e a volta. “Na ida, porque estava deixando a minha família para viver algo novo. Mas voltar ao Brasil foi até mais difícil, porque não sabia se algum dia poderia reencontrar a família e os amigos que fiz na Argentina.”

Em relação à escola, Thaís e Láyza destacam a recepção dos alunos e professores, que procuravam auxiliar com o conteúdo e principalmente amenizar as dificuldades com o idioma. “No curso técnico, eu tive dificuldade com as matérias que mais se diferenciavam das nossas, mas eles tinham muita disponibilidade para sentar comigo e explicar o que não entendia”, afirma Thaís.

Durante o período de intercâmbio, cada estudante terá que desenvolver projeto de pesquisa a partir de tema de sua preferência. O aluno será orientado por um professor no Brasil e outro na Argentina. Após o intercâmbio haverá seminários – no Coltec e na ESCMB –, em que os participantes terão a oportunidade de apresentar os resultados das pesquisas.

A aluna de Análises Clínicas Bárbara Dias Araújo pesquisará sobre a obesidade relacionada com problemas cardiovasculares entre homens de 15 a 20 anos. “Desenvolvi, ano passado, um projeto de bioestatística, em que medimos cintura, altura, peso e calculamos o IMC de 220 alunos. Gostaria de fazer algo parecido lá”, explica. Já Alice Mesquita escolheu um tema na área da cultura. “Quero entender a relação dos jovens argentinos com o teatro e o cinema”, afirma.