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Nº 1911 - Ano 41
06.07.2015

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Estudos comparados

Em intercâmbio na Argentina, alunos do Coltec desenvolverão pesquisas sobre publicidade, políticas públicas e aprendizado linguístico

Henrique Jayme Cunha

Estudo sobre a representação de mulheres brasileiras e argentinas na publicidade, comparação entre as políticas públicas destinadas a transexuais e travestis nos dois países e até uma investigação sobre os impactos do processo de desindustrialização da economia argentina após o golpe militar de 1976 na vida dos cidadãos de Córdoba. Esses são alguns dos temas que serão trabalhados por grupo de alunos do Colégio Técnico da UFMG durante temporada de intercâmbio de 45 dias na Escola Superior de Comércio Manuel Belgrano, vinculada à Universidade de Córdoba, a segunda maior cidade do país.

Pelo quarto ano seguido, o Coltec encaminha alunos para a escola argentina.Os 12 intercambistas partem nesta terça-feira, dia 7, para o país vizinho. Eles foram selecionados entre 40 estudantes que, durante um ano e meio, participaram de projeto de ensino, intitulado Grupo de Estudos de Espanhol, por meio do qual fizeram uma imersão na língua espanhola e na cultura argentina, especialmente na cordobesa. Os estudantes também receberam apoio didático para elaborar os projetos de pesquisa que serão desenvolvidos na Escola Manuel Belgrano. O grupo foi orientado pela professora Fernanda Peçanha Carvalho, coordenadora do Programa de Cooperação Internacional do Coltec, e pela monitora Aline Lopes, estudante de Letras da UFMG.

“O Coltec é a única unidade federal de formação técnica a oferecer intercâmbio dessa natureza em um país latino-americano”, afirma a professora Fernanda Peçanha. Segundo ela, nos três anos anteriores, as duas escolas trocaram estudantes em
períodos simultâneos. Neste ano, os jovens argentinos viajam para o Brasil no mesmo voo que trará os brasileiros. “Isso possibilitará a convivência entre eles. Antes, os jovens apenas se hospedavam uns nas casas dos outros”, afirma a professora. Outra novidade do programa é que seis alunos, a partir de análise socioeconômica, terão as despesas da viagem custeadas pelo Coltec.

Gênero, economia e consumo

Mariana Cozzi, 17 anos, está no terceiro ano do curso de Química do Coltec. Na Argentina, ela pretende analisar a forma como as mulheres brasileiras e argentinas são expostas e representadas em anúncios publicitários, principalmente de bebidas alcoólicas. “Pretendo comparar as opiniões de brasileiros e argentinos a respeito do tema e o posicionamento dos órgãos reguladores dos dois países”, esclarece Mariana.

Sua colega de turma, Amanda Torres, também vai trabalhar numa perspectiva comparada. Ela quer identificar pontos de força e de fragilidade nas políticas públicas voltadas para transexuais e travestis no Brasil e na Argentina e nas ações municipais em Belo Horizonte e Córdoba.

Camila Diniz e Ícaro Del Rio, alunos do curso de Química, têm suas pesquisas focalizadas nas questões econômicas da Argentina. Camila pretende investigar os impactos da mais recente crise na vida da população de Córdoba. O trabalho de Ícaro terá um viés historiográfico. Ele quer compreender os impactos do processo de desindustrialização argentina após o golpe de 1976 na vida dos cidadãos cordobeses.

Gustavo Vieira e Luíza França tentarão comparar o acesso a bens nas cidades de Belo Horizonte e Córdoba. Enquanto Gustavo vai se debruçar sobre os hábitos culturais e sua influência na formação da identidade nacional brasileira e argentina, Luíza focalizará o consumo de bens supérfluos nas duas cidades.

Pedro Moreira e Isabela Fonseca desejam investigar aspectos do intercâmbio na vida dos estudantes que já passaram pela experiência. Pedro vai relatar a vivência de intercambistas no desenvolvimento de um projeto de pesquisa internacional ainda no ensino médio, e Isabela analisará a experiência da imersão dos estudantes em um país estranho.

Amanda Oliveira, do terceiro ano de Química, quer investigar o processo de estudo e aprendizado de idioma em outro país, com foco na vivência de intercambistas e ex-intercambistas argentinos, verificando até mesmo como a semelhança entre o espanhol e o português influencia o aprendizado.

Aluno de Automação Industrial, Mateus Cascalho pesquisará a percepção dos jovens cordobeses e belo-horizontinos em relação a problemas urbanos, com ênfase nas enchentes que atingem as duas cidades. Kelton dos Santos, do mesmo curso, fará estudo comparativo entre a escrita utilizada por alunos argentinos e brasileiros na internet.

Fernanda Araujo tem 18 anos e está no terceiro ano do curso de Análises Clínicas. Seu projeto tem o objetivo de traçar as semelhanças e as diferenças entre o curso de Análises Clínicas brasileiro e o seu equivalente na Argentina. A estudante quer comparar as estruturas físicas das escolas e laboratórios, a abordagem dos conteúdos e o perfil dos alunos.

Todos os projetos serão orientados por um professor brasileiro e outro argentino.