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Nº 1911 - Ano 41
06.07.2015

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Protagonismo na formação

Fruto de parceria com a FaE, laboratório em universidade angolana prepara professores e propõe diretrizes para a instituição

Matheus Espíndola

O Brasil, que no passado recorreu ao apoio dos países desenvolvidos para consolidar seus quadros de educadores, hoje influencia a formação de alunos e professores, especialmente em território africano. “Éramos auxiliados por universidades europeias e americanas. Agora somos protagonistas nesse contexto de internacionalização”, afirma a professora Maria de Fátima Cardoso Gomes, da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG.

A docente participou da criação do Laboratório de Psicologia, Psicanálise e Educação, em funcionamento desde o mês de maio na cidade de Cabinda, em Angola. “Investir na formação continuada, formar professores, fazer pesquisas, publicar e socializar o que eles fazem” são as prerrogativas da instância criada pelo Instituto Superior de Ciências da Educação, da Universidade 11 de Novembro, com o apoio de equipe de pesquisadores da FaE.

Como destaca Maria de Fátima, a UFMG “também levou outras discussões à instituição africana”, a fim de ajudar a formar a concepção sobre o papel da universidade em Angola. “A expectativa é de que eles ampliem o perfil desse Instituto, que hoje atua muito voltado para ensino. Introduzimos outras dimensões da universidade contemporânea, que são a extensão, a pesquisa e a publicação”, diz ela. Os coordenadores do Laboratório em Angola são os professores Nlandu Balenda e Francisco Antônio Macongo Chocolate – este último, pró-reitor de Extensão e Comunicação da instituição africana.

Grupos operativos

Em sua estrutura, o Laboratório reúne quatro grupos operativos – Ensino, Pesquisa, Extensão e Publicação. Cada um tem um subcoordenador e até dez professores participantes. Segundo Maria de Fátima, docentes da FaE elaboraram propostas de trabalhos para cada um desses grupos. “Quanto ao que eles vão, de fato, desenvolver, dependerá das suas próprias necessidades”, ressalta.

O Grupo de Ensino, segundo informa a professora, tem o objetivo de repensar o currículo do curso de Psicologia do Instituto, além de atualizar as práticas pedagógicas. O de Pesquisa deverá promover a ampliação da atuação dos psicólogos, desenvolvendo linhas de investigação.

Projetos para o atendimento a “crianças-problema”, jovens em vulnerabilidade social e enfrentamento ao fracasso escolar e evasão são as sugestões para o Grupo de Extensão. “Também é atribuição dessa subcoordenação a formação de professores da educação básica, o que é um gargalo enorme em Cabinda”, acrescenta Maria de Fátima.

A Subcoordenação de Publicação deverá se dedicar à produção de revista eletrônica e buscar outras soluções de divulgação. “O processo de internacionalização exige que professores e alunos publiquem sua produção acadêmica”, diz a professora.

Parceria

Maria de Fátima lembra que a parceria teve como ponto de partida o programa de mobilidade entre alunos e professores africanos e brasileiros, no âmbito da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (Aulp) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) que começou em 2013. “Muitos dos alunos da Universidade 11 de Novembro cursaram parte do mestrado e doutorado em Psicologia e Psicanálise da Educação na FaE”, informa. Maria de Fátima, Marcelo Ricardo Pereira e Maria Inês Mafra Goulart construíram o projeto, que incluiu esses alunos. “O trabalho envolve, portanto, alunos e professores da pós-graduação da UFMG, mais os professores do Instituto que já foram nossos alunos de mestrado e ainda são de doutorado”, explica a professora. Também reúne alunos da graduação de Psicologia e Arquivologia da UFMG e do curso de Psicologia do Instituto Superior de Ciências da Educação da Universidade 11 de Novembro. Ao todo, a empreitada mobilizou cerca de 40 pessoas.

A professora detalha que, devido às características do Instituto, o Laboratório promove o diálogo com várias áreas do conhecimento. “Os cursos de Psicologia e Pedagogia estão mais diretamente envolvidos, mas outros, como Biologia, Matemática, Física, Inglês e História, também funcionam integrados”, diz a professora, destacando que, a despeito da importante contribuição da UFMG à universidade angolana, não se trata de “uma relação de cima para baixo, mas de parceria”. “Há solidariedade de nossa parte, mas a cada dia também aprendemos muito com os africanos”, analisa.