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Astronáutica no Brasil

17 de janeiro de 2023

 

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A tecnologia espacial desenvolvida em outros países sempre nos impressiona. Americanos, russos e chineses parecem estar à frente de todas  as outras nações e podemos nos perguntar: como está o Brasil nessa área?

 

Se você acha que o Brasil não possui desenvolvimento de tecnologias astronáuticas, está equivocado. Para começar, vamos fazer uma retrospectiva a fim de conhecer como os primeiros projetos e pesquisas espaciais surgiram em nosso país.

 

Tudo começa com uma ideia de Alberto Santos-Dumont, em 1918, para criação de uma escola técnica voltada para a aviação no Brasil. É importante dizer que já existia a Escola Nacional de Engenharia, porém nenhum dos cursos de engenharia era especializado em aviação, pois aviões eram uma novidade naquela época. Mas, em 1941, com a Segunda Guerra Mundial, o então Ministro da Aeronáutica decidiu criar locais de formação para desenvolvimento de técnicas e controle de equipamentos relacionados à aeronáutica. Em 1945, após uma viagem aos EUA de um grupo formado por engenheiros, autoridades e militares brasileiros, surgiu a ideia de se montar um Centro Técnico em Aeronáutica (CTA). Ele foi  dividido em dois institutos científicos, coordenados e tecnicamente autônomos, um para o ensino técnico superior (Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA) e um para pesquisa e cooperação com a indústria de construção aeronáutica militar e comercial (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento – IPD), ambos inaugurados em 1954. Porém, somente em 1956 o IPD, que passou a se concentrar na realização de pesquisas e desenvolvimento de aeronáutica, eletrônica, materiais, sistemas e equipamentos espaciais, deu o primeiro passo para o desenvolvimento de atividades espaciais no Brasil, quando foi instalada na ilha de Fernando de Noronha uma estação de rastreio de dispositivos aeroespaciais lançados de Cabo Canaveral nos EUA.

 

Em 1960, foi criado o Grupo de Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (GOCNAE), subordinado ao Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), que trouxe para o projeto de pesquisas espaciais o Centro de Rádio Astronomia Mackenzie, em reconhecimento ao pioneirismo de um grupo de pesquisa da Universidade Mackenzie na área da  radioastronomia. E assim, em 1964, foi criado o GETEPE – Grupo Executivo de Trabalhos e Estudos de Projetos Espaciais, concretizando a intenção brasileira de se dedicar às pesquisas espaciais.

 

Os primeiros projetos desenvolvidos foram de pequenos foguetes de sondagens meteorológicas para a Força Aérea Brasileira, porém era necessário um local para o lançamento. Dessa forma, o GETEPE iniciou uma pesquisa para escolher uma base que, em 1965, resultou na criação o Campo de Lançamento de Foguetes em Ponta Negra, localizado em Natal – RN. Ainda naquele ano foi feito o primeiro  lançamento de um foguete em uma base brasileira, o foguete americano Nike-Apache.

 

 

Em 1967, com o avanço das pesquisas da GETEPE para a construção de equipamentos espaciais brasileiros, foi lançado o primeiro protótipo, a SONDA I, com o intuito inicial de substituir os foguetes americanos de sondagens meteorológicas. O projeto evolui e foguetes maiores foram construídos: a SONDA II, lançada em 1970, e ainda a SONDA III.

 

 

Com o crescimento dos projetos espaciais, o Instituto de Atividades Espaciais (IAE) surgiu, substituindo assim o GETEPE e que, futuramente, se tornaria o que conhecemos hoje como Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

 

Os anos se passaram, e em 1974 o projeto da SONDA IV se iniciava. Agora, bem mais sofisticado que seus antecessores, o projeto possuía um sistema de controle melhor e com uma capacidade de carga muito maior. O primeiro voo da SONDA IV só aconteceu em 1984, devido às pesquisas necessárias para que um foguete tão grande como este fosse lançado com a eficiência necessária. Neste “link” podemos ver uma notícia da época do lançamento. da SONDA IV.

 

 

O sucesso dos lançamentos destes foguetes maiores foi fundamental para que o INPE investisse em satélites de sensoriamento melhores e com mais capacidade de obtenção de dados ambientais.  Mas para colocar estes satélites em órbita seriam necessários foguetes maiores e mais potentes. Aproveitando o sucesso da SONDA IV, com algumas modificações, foi desenvolvido o Veículo Lançador de Foguetes, o VLS. Porém, seu grande porte tornou inviável o lançamento do Campo de Lançamento de Foguetes em Ponta Negra, sendo necessário a construção de uma nova base de lançamentos maior. 

 

Assim, em 1983, após muita procura por um lugar adequado, um novo centro de lançamento foi construído na região de Alcântara, no Maranhão, conhecido como o Centro de Lançamento de Alcântara. Este local foi escolhido  por possibilitar um aproveitamento  máximo da rotação da Terra para a inserção de satélites em órbitas equatoriais.

 

Bom, até aqui fizemos um grande resgate da história da nossa astronáutica e da pesquisa espacial brasileira. No próximo texto do Núcleo de Astronomia, falaremos sobre os lançamentos da base de Alcântara e onde a pesquisa espacial brasileira se encontra nos dias de hoje.

 

[Texto de autoria de Diógenes Martins Pires, professor de física e assistente do Núcleo de Astronomia]

 

REFRÊNCIAS:

VSL-1 : https://www.gov.br/aeb/pt-br/assuntos/noticias/o-papel-estrategico-do-programa-espacial-brasileiro

Imagens e pesquisa: http://200.144.244.96/cda/oba/aeb/a-conquista-do-espaco/Introducao.pdf