Cidades vivas: explorando equipamentos culturais – Espaço do Conhecimento UFMG
 
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Cidades vivas: explorando equipamentos culturais

Conheça iniciativas que transformam as cidades em lugares de educação e lazer!

 

24 de outubro de 2023

 

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Você sabia que em Belo Horizonte existem potenciais 173 Centros Culturais? Pois bem, isso é uma mentira. Eu induzi você ao erro, caros amigos leitores. Não são centros culturais propriamente ditos, são lugares que podem vir a ser! 

 

Antes que se faça mais suspense, aponto que os potenciais Centros Culturais aos quais eu me refiro são as escolas. Essas importantes instituições espalhadas pelo país e que possuem algumas estruturas que ficam sem uso nos períodos não letivos. Essas estruturas apontadas podem ser: quadras esportivas, laboratórios de informática, bibliotecas, pátios, piscinas, salas de aula e muitas outras instalações. Esses espaços podem, por meio de planejamento, ser utilizados pela população como opção de lazer e acesso à cultura, aos finais de semana e no período da noite, a depender da forma de funcionamento de cada escola. Ambientes que podem ser utilizados para a realização de oficinas de arte, de dança, de esporte e de música. Ou então, atividades que não precisam ser tão especializadas, tais como festas comunitárias, por exemplo, para comemorar datas importantes para uma comunidade inserida dentro de um bairro. Acredite, é possível organizar tudo isso e muito mais dentro das escolas. 

 

Programa Escola Aberta. (Créditos: Divulgação | Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais).

 

Essa possibilidade de utilização dos espaços escolares para outras atividades já existe. É uma política pública chamada Programa Escola Aberta, uma ação vinculada ao Ministério da Educação (MEC), que propõe o funcionamento das instituições escolares públicas aos sábados e domingos, ou à noite, a depender do funcionamento da escola, para a oferta de oficinas, atividades de formação para o trabalho, práticas esportivas, entre muitas outras coisas. Dentre as ações da Escola Aberta, existem aquelas que são realizadas em regiões de vulnerabilidade social, pois um dos objetivos é promover a aproximação das escolas com as comunidades em volta dos locais em que o programa é ativo.

 

Ainda sobre a execução dessa política pública, é possível afirmar que a potencialidade das ações nas escolas dependem do engajamento promovido pelas próprias comunidades dos bairros. Ou seja, essa potencialidade pode ser explorada por todos nós ou pelas pessoas nos nossos entornos.  

 

Todos nós somos potenciais atores culturais e podemos mobilizar ações e pessoas ao nosso redor, assim como podemos participar de uma iniciativa já existente. Com isso em vista, as escolas podem ser também polos de atividade cultural local, ou até mesmo regional, de acordo com o tamanho da estrutura da escola, da localidade dela, e de outros fatores mais estratégicos. Além disso, a escola pode se tornar referência para algum movimento social vivo pela cidade. 

 

Atividades extraclasse em escolas. (Créditos: Carlos Avelin/PBH).

 

É possível ficar por dentro da realização do projeto e seu funcionamento nas escolas por meio do site das secretarias de educação dos municípios ou procurando a própria direção da  instituição, seja para participar ou ofertar alguma atividade. Vá à escola do seu bairro e pergunte à secretaria se a escola participa do Programa Escola Aberta. Caso ela não participe, é importante mobilizar esforços para fazer com que a escola ative o programa, ou que pelo menos promova ações que encaminhem para essa ativação. 

 

Além das escolas, existem nas cidades outros locais para promover iniciativas de acesso à cultura, há os Centros de Referência, praças e museus que podem abrigar diversas atividades em paralelo. É muita coisa, não é mesmo? Em Belo Horizonte, por exemplo, existem alguns lugares com estruturas e programações de acesso gratuito. Alguns exemplos são o Centro de Referência das Juventudes e o Centro de Referência LGBT que foi inaugurado recentemente. Existem também projetos como o programa BH é da Gente (ou A rua é nossa), que promove feiras e oficinas que acontecem nas manhãs de domingo em alguns bairros.

 

Centro de Referência das Juventudes (CRJ). (Créditos: Divulgação | Prefeitura de Belo Horizonte).

 

Vale ressaltar que essa diversidade de iniciativas, programas e afins, tende a ser disponibilizada em outros municípios, além da cidade de Belo Horizonte. Um caminho para encontrar informação sobre esses projetos é por meio dos sites das prefeituras.

 

Os centros de referências, os museus existentes nas cidades e a ofertas de oficinas, podem ser intitulados como espaços e ações de educação não formal. Além disso, a própria cidade pode ser entendida como um lugar de educação, uma vez que é possível, por exemplo, organizar ações de divulgação de astronomia por meio de observações do céu noturno em praças.  Ou ainda, por meio de uma caminhada, conhecer sobre a história daquele local. 

 

Programa Escola Aberta. (Créditos: Divulgação | Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte).

 

É importante lembrar que embora todo cidadão tenha direitos, ele também tem deveres. Mas nesse caso, não se trata de um dever ao pé da letra, mas sim de um poder. O poder de contribuir com atividades para o próprio entorno. Grandes atividades culturais, como um carnaval, uma virada cultural, um arraial de festa junina, ou outras festividades gigantescas… todas essas manifestações são muito belas e importantes, mas toda a cascata de atividades que sustentam esses grandes eventos também são de igual importância e beleza. Arte, artesanato, brincadeiras, cultura, dança, escrita, esportes, estudos, jogos, entre muitos outros. Para que tudo isso funcione com toda a potencialidade, nada melhor do que usar as estruturas já existentes, como os espaços citados acima, a fim de auxiliar nessa riqueza cultural iminente. É desse modo que uma metrópole consegue demonstrar todo patrimônio cultural e vida que possui. 

 

E por fim, para que toda essa rede de atividades possa se conectar, para que os equipamentos possam ser utilizados da melhor forma possível, para que essas atividades culturais ocorram em simultânea consonância, é necessário transportes públicos de qualidade e a garantia de direito de acesso para as pessoas. Mas, esse assunto ficará para outro texto.

 

Em breve, parte da discussão desse texto estará presente na  nova mostra temporária, intitulada “MetropoliTRAMAS”, produção inédita do Espaço do Conhecimento UFMG. Essa exposição abordará, dentre outras coisas, as apropriações, as potencialidades e as utopias de usos dos espaços das cidades da região metropolitana de Belo Horizonte. Acompanhe mais informações por meio de nossas redes sociais. 

 

[Texto de autoria de Dayler William Souza Lopes Barbosa, aluno do curso de graduação em Ciências do Estado e estagiário do Núcleo de Ações Educativas do Espaço do Conhecimento UFMG]

 

Referências

Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania. Subsecretaria de Direitos de Cidadania. Centro de Referência das Juventudes.

Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania. Subsecretaria de Direitos de Cidadania. Centro de Referência LGBT. 

Secretaria Municipal de Educação. Escola Aberta. 

Secretaria Municipal de Esporte e Lazer. A Rua é Nossa.

SEB-Secretaria de Educação Básica. Programa Escola Aberta.