No dia 20 de julho de 1969, há 51 anos, o homem pisou na Lua pela primeira vez, durante a Missão Apollo 11. Após Neil Armstrong e Buzz Aldrin terem realizado esse feito inédito, apenas outros dez astronautas exploraram o solo lunar, sendo Eugene Cernan e Harrison Schmitt os últimos, em 1972, na Missão Apollo 17. Esse longo período de ausência humana no nosso satélite natural, entretanto, já tem uma data para ser encerrado. Graças a incentivos do governo americano e a parcerias com o setor privado, a NASA planeja retornar à Lua no ano de 2024, com o objetivo de não apenas visitá-la, mas sim de iniciar um processo de colonização lunar a longo prazo para ela se tornar o ponto de partida para as viagens até Marte.
Últimos astronautas a pisar na LUA (Harrison Schmitt, em pé, à esquerda, e Eugene Cernan, sentado) – Foto: NASA
Programa Artemis
Não é novidade para ninguém que a NASA se inspira na mitologia greco-romana para a escolha de nomes para os seus programas espaciais. Foi assim com o Projeto Mercúrio, inspirado no deus romano mensageiro, com o Projeto Gemini, referência ao mito greco-romano dos gêmeos Castor e Pólux, e com o Programa Apollo, o nome do deus grego do Sol. Seguindo essa tradição, a nova empreitada espacial que retornará à Lua terá o nome de Programa Artemis, que é a deusa grega da Lua e irmã gêmea de Apollo. A nomeação com uma referência feminina não foi feita por acaso, uma vez que a NASA tem como objetivo fazer desse programa o primeiro que levará uma mulher ao solo lunar.
Apresentação do Programa Artemis – Foto: NASA
O maior foguete de todos os tempos
Para levar os astronautas nessa longa viagem, a NASA, com o auxílio de empresas privadas, está construindo o maior e mais potente foguete de todos os tempos, superando o que foi usado no Programa Apollo. Com uma altura maior que um prédio de 30 andares e um custo aproximado de US$ 12,5 bilhões, o Sistema de Lançamento Espacial (Space Launch System) será o responsável por levar os astronautas para o espaço. Eles viajarão no módulo de tripulação Órion, que possui um design cônico muito similar aos módulos de comando utilizados há 50 anos, mas com uma tecnologia mais avançada. Com uma capacidade para 4 astronautas, ele será a nave espacial para as viagens de ida e volta para a Lua e, futuramente, para Marte.
Sistema de Lançamento Espacial – Foto: NASA
Gateway, uma nova estação espacial
Órion não será usado como um módulo de comando para pousar na Lua, como era feito nas Missões Apollo. O módulo de pouso lunar estará unido a uma estação espacial que irá orbitar a Lua, possibilitando que o pouso seja feito em qualquer parte do nosso satélite natural, o que é uma novidade. Chamada de Gateway, essa estação espacial será construída para ser utilizada como um ponto de parada obrigatória para os astronautas. Eles primeiro deverão se acoplar a ela para terem acesso ao módulo de pouso, para então prosseguir para a alunissagem (pouso na Lua). Uma vez em solo lunar, tudo que será necessário para a missão já estará previamente localizado em regiões estratégicas, graças às parcerias com o setor privado, como veículos de exploração, experimentos científicos e sistemas que possibilitem a estadia humana. Após concluírem as tarefas na Lua, os astronautas irão voltar para o Gateway, de onde Órion retornará para a Terra.
Maquete da Gateway – Foto: NASA
Fases do Programa Artemis
Já foram realizados três voos experimentais não tripulados com o módulo Órion, sendo todos bem sucedidos. O próximo lançamento já será parte do Programa Artemis, com previsão de acontecer em 2021. Nomeada como Artemis 1, essa missão não tripulada será a primeira a usar o Sistema de Lançamento Espacial para levar Órion ao espaço. A espaçonave passará cerca de três semanas fora da Terra, o que inclui um período de seis dias orbitando a Lua.
Módulo de Tripulação Órion – Foto: NASA
Artemis 2 será a primeira missão tripulada com destino ao nosso satélite natural desde 1972. Com previsão de lançamento em 2023 e duração de apenas dez dias, o seu principal objetivo é fazer um voo de teste lunar, assim como ocorreu na Apollo 8.
O primeiro pouso tripulado em solo lunar está previsto para 2024, na missão Artemis 3, com uma extensão de trinta dias. Até 2030, a NASA planeja lançar mais 6 missões espaciais, culminando na Artemis 9. Cada uma dessas missões desempenhará um papel fundamental no processo de colonização lunar, uma vez que elas servirão como meio de transporte para instalações que serão feitas lá.
Esquema de aproximação do módulo Órion à Gateway – Imagem: NASA
Base lunar
É esperado que por volta do ano de 2028 a construção de uma base na superfície lunar tenha sido concluída. A sua localização será na região do pólo sul, devido à maior disponibilidade de luz solar para a geração de energia ao longo do ano. Durante a estadia na Lua, a NASA espera encontrar água e outros recursos naturais necessários para continuar a exploração a longo prazo. Além disso, eles almejam aprender a viver na superfície de outro corpo celeste, onde os astronautas estão a apenas três dias de casa, testando as tecnologias necessárias para as missões de Marte. Por fim, os americanos querem investigar mistérios remanescentes sobre a Lua e aprender mais sobre o nosso planeta e o universo.
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[Texto de autoria de Cristiano Friedlaender, estagiário do Núcleo de Astronomia]