A tradução de literatura, seja poesia ou prosa, é antes e acima de tudo arte. A arte é produto da criação, e a criação é incompatível com a literalidade. É possível recriar na tradução uma unidade de semelhança com amplitude suficiente para que se possa abranger, compreender e interpretar o conjunto de sentidos do original e a cultura que os sedimentou. O tradutor traça uma linha nítida entre semelhança literal e semelhança artística, considerando que essa semelhança só se resolve pela via da arte e que só a semelhança artística permite que o leitor penetre no universo dos sentidos e nas intenções do autor, sinta e vivencie a linha estilística em sua diversidade, que a semelhança artística não maquia nem deforma o autor.

Palestrante: Professor Paulo Bezerra, Universidade Federal Fluminense.
Debatedora: Professora Cecília Cavalieri França, Escola de Música, UFMG.