Profundas mudanças estruturais vêm ocorrendo na Amazônia, mas são elas apreendidas de forma variada segundo motivações e interesses dominantes nas escalas global, nacional e regional. Novos atores, sempre presentes na região, assumem hoje papel mais ativo, como é o caso da sociedade civil, cujo nível de organização jamais fora antes alcançado, dos governos estaduais e da cooperação internacional. Conflitos de interesses e ações deles decorrentes mantém imagens obsoletas sobre a região dificultando a elaboração de políticas públicas adequadas ao seu desenvolvimento.

Quatro hipóteses são discutidas sobre a Amazônia de hoje: em nível global, sua configuração como fronteira do capital natural e como Amazônia transnacional, Sul-Americana; em nível nacional, a tendência ao seu esgotamento como fronteira móvel, de expansão econômica e demográfica; em nível regional, sua constituição como uma efetiva região, dotada de dinâmica própria e de uma nova geografia; finalmente, a necessidade de substituir a política de ocupação regional por uma política de consolidação do desenvolvimento em que a regionalização é uma estratégia básica, prevista, inclusive, no Plano Amazônia Sustentável (2003).

A Amazônia coloca um grande desafio para a Ciência e Tecnologia nacionais, qual seja como conhecer e implementar o crescimento econômico com justiça social e uso não predatório do seu patrimônio natural.

Palestrante: Professora Bertha Becker, Instituto de Geociências, UFRJ.
Debatedora: Professora Maria das Graças Lins Brandão, Faculdade de Farmácia, UFMG.