Data: 24 de Maio de 2006
Local: Auditório da Reitoria da UFMG
Sinopses por autor:
Alfredo Gontijo de Oliveira: Cultura é a grande invenção humana – uma metainvenção que coloca em ação a inventividade e torna possíveis todas as outras invenções. Entretanto, ao longo da história da humanidade aprendemos que cultura é também a arte de promover a exclusão. Na modernidade, os efeitos dessa exclusão cultural eram relaxados e removidos pela deportação dos “refugos” culturais pela da expansão das fronteiras físicas. Na contemporaneidade, com um mundo super-populado, e com uma cultura essencialmente tecnológica com base na ciência desenvolvida no século XX, novas harmonias estão sendo procuradas com vistas a promover a unificação entre as “duas culturas” ortodoxas – a de base humanística e a de base científica – já que em alguma dimensão elas se confundem. Assim, entendemos que os instrumentos de aculturamento hoje têm uma forte vertente na ciência e ser culto hoje demanda o domínio dos princípios da ciência e da metodologia científica. Com a ciência contemporânea aprendemos que ser culto é saber viver num mundo fluido e dinâmico, desprovido de referenciais permanentes, autoritários e dogmáticos. Essas novas características é que leva a considerar culta a pessoa que domina minimamente as leis básicas da natureza e o funcionamento dos dispositivos que utiliza no seu cotidiano.
Ricardo Takahashi: A noção de indivíduo culto hoje, proposta para debate pelo IEAT, não possui certamente significado preciso – seu uso ao longo da história acarretou um desdobramento de denotações e conotações que tornam virtualmente inútil qualquer tentativa de eleger um significado como o “correto”, subtraindo aos demais a legitimidade semântica.
Optamos, neste texto, pela conduta de tentar identificar um núcleo de significado, não necessariamente o mais correto, ou o mais antigo, ou o mais usado, porém aquele relevante como conceito capaz de orientar processos sociais de longo prazo e longo alcance. Esse núcleo aglutina, num conceito inseparável, a ideia de uma civilização antropocêntrica, fundada na razão, nas leis da natureza, na premissa de uma ética universal e na elaboração cuidadosa do espaço da política, com a ideia de um homem culto, o verdadeiro homem capaz de erguer e fazer existir tal projeto de civilização.
Mostramos aqui que, ao longo do tempo, tal núcleo de significado teve de mudar seu conteúdo aparente para manter sua essência, e que hoje nova mudança se faz necessária para que a nossa época possa repassar para o futuro da humanidade a utopia da civilização como bem comum e universal.
Palestrantes: Alfredo Gontijo de Oliveira – Instituto de Ciências Exatas da UFMG. Paulo Henrique Ozório Coelho – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG.
Ricardo Hiroshi Caldeira Takahashi – Instituto de Ciências Exatas da UFMG.