Crise de polinizadores e agricultura no Brasil

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Samuel Novais, doutorando do ECMVS, acaba de publicar junto com colegas de uma disciplina um artigo muito interessante sobre a crise de polinizadores.

Samuel M. A. Novais, Cássio A. Nunes, Natália B. Santos, Ana R. D`Amico, G. Wilson Fernandes, Maurício Quesada, Rodrigo F. Braga, Ana Carolina O. Neves

Effects of a Possible Pollinator Crisis on Food Crop Production in Brazil

PLOS ONE, 2016, DOI: http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0167292

A publicação é resultado de um trabalho final realizado pelos alunos Samuel Novais, Cássio Nunes, Natália Santos e Ana D`Amico para a disciplina Funções e Serviços Ecossistêmicos do PPG-ECMVS. A disciplina foi ministrada pelos alunos de pós-doutorado (ECMVS) Ana Carolina Neves e Rodrigo Fagundes Braga, sob a coordenação do professor Geraldo W. Fernandes. Também colaborou com o artigo o Dr. Maurício Quesada, professor titular da Universidade Nacional Autônoma do México e também associado ao PPG-ECMVS.

O declínio recente dos polinizadores animais na Europa e na América do Norte despertou a preocupação para uma possível crise mundial dos polinizadores. A fim de priorizar os esforços para a conservação dos polinizadores, avaliamos em que medida a produção de alimentos depende dos polinizadores animais no Brasil – um dos líderes agrícolas mundiais – comparando a área cultivada, o volume produzido e o valor de rendimento das principais culturas alimentícias dependentes de polinizadores com aquelas que não são dependentes. Além disso, valorizamos o serviço ecossistêmico de polinização com base no grau de dependência de polinizadores de cada cultura e a conseqüência de um declínio na produção de alimentos para o Produto Interno Bruto brasileiro e a segurança alimentar brasileira. Um total de 68% das 53 principais culturas alimentares no Brasil dependem em certa medida de animais para polinização. As culturas não dependentes de polinizadores produzem maior volume de alimentos, principalmente devido à alta produção de cana-de-açúcar, mas a área cultivada e o valor monetário das culturas dependentes de polinizadores são maiores (59% da área cultivada total e 68% do valor monetário). A perda de serviços de polinização para 29 principais culturas alimentícias reduziria a produção agrícola em 16,55-51 milhões de toneladas, o que seria de 4,86-14,56 bilhões de dólares/ano, e reduziria a contribuição agrícola para o PIB brasileiro em 6,46%-19,36%. Esses impactos seriam amplamente absorvidos pelos agricultores familiares, que representam 74,4% da força de trabalho agrícola no Brasil. Os principais efeitos de uma crise polinizadora no Brasil seriam sentidos pelas classes mais pobres e rurais devido à sua menor renda e dependência direta ou exclusiva deste serviço ecossistêmico.

*Matéria escrita por Samuel Novais

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