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Nº 1329 - Ano 28 - 28.11.2001

 

Para não tirar a Química da cabeça

Livro de professor do Coltec reúne experiências que ajudam a compreender os fenômenos químicos

uando ainda era estudante de Química na Universidade de São Paulo (USP), em meados da década de 80, Alfredo Luís Mateus realizava, ao lado de colegas da Graduação, uma série de shows. Em visita a escolas da capital paulista, a turma de universitários promovia aulas demonstrativas, com diversos experimentos, para alunos de segundo grau. Diante das práticas "alquimistas", os adolescentes mostravam-se curiosos e fascinados. Professor do setor de Química do Colégio Técnico da UFMG (Coltec) desde 1999, Mateus encontrou outra forma de despertar a curiosidade científica nas pessoas. Em dois anos de pesquisa, catalogou experiências fáceis de serem feitas com substâncias e objetos caseiros. O material reunido serviu de matéria-prima ao livro Química na cabeça, que será lançado, no ínicio de dezembro, pela Editora UFMG.

A obra reúne 82 experimentos químicos, que, além de ajudar professores da área a demonstrarem conceitos aos alunos, podem ser realizados com segurança por crianças e adolescentes. "Normalmente, as pessoas associam o estudo da Química à representação dos elementos em fórmulas e acabam se esquecendo dos fenômenos", ressalta Alfredo Mateus. Segundo ele, observar e desenvolver práticas é algo tão importante quanto ter noção dos conceitos. E também não basta apenas realizar as experiências. Tudo fica mais interessante quando se busca compreender as causas de determinadas reações químicas. "As práticas despertam a curiosidade e põem as pessoas para pensar", completa Mateus.

Nos cursos que lecionou em escolas e eventos de educação, o professor percebeu a dificuldade das pessoas em realizar práticas químicas. Boa parte do público não sabia que material utilizar nas experiências. E nem como fazê-las. A lacuna é coberta pelo livro. Ele revela que, através de objetos e substâncias simples, como garrafas de plástico, latas, açúcar, sal, álcool, detergentes, sabão ou gelo, é possível compreender conceitos complexos da área.

Na obra, tudo está muito bem explicado. Em cada página, além de fotos e ilustrações esclarecedoras, o leitor encontra tópicos específicos sobre materiais que precisa usar, como realizar as práticas e por que tais fenômenos acontecem. Mas o texto não se limita a dar respostas. "Antes de comentar o fenômeno, há perguntas para as pessoas refletirem. Assim, podem tirar suas próprias conclusões", afirma o professor.

Fogo verde

O livro é recheado de experiências como a da investigação a respeito da natureza de um pedaço de cano. O leitor poderá descobrir se o material é ou não PVC. Para isso, ele só necessita de um fio de cobre. Ele deve esquentar o metal no fogo e encostá-lo na amostra do possível tubo de PVC. Em seguida, retorna com o fio às chamas. "Se o tubo for de PCV, as chamas ficam verdes", explica Alfredo Mateus. "Por quê?", pergunta o curioso leitor. É que o PVC possui cloro, elemento que "ataca" o cobre. De volta à fonte de calor, a reação característica provocada pela mistura é o leve esverdeamento da chama.

 

Os alquimistas estão chegando

Artes Cênicas, Física e Química têm muito em comum. Esta fórmula vem sendo usada com sucesso por um grupo de estudantes da UFMG, em apresentações realizadas em escolas de Belo Horizonte. Coordenado pelo professor Alfredo Luís Mateus, o projeto busca difundir os conceitos químicos e físicos através da eterna magia dos palcos. Em cena, os universitários interpretam personagens de peças como Romeu e Julieta, de Shakespeare, sempre preocupados em realizar experimentos e explicar fenômenos científicos diante do público. Nas paródias, as famílias Montecchio e Capuletto são substituídas pelos clãs dos Montefísicos e Capuquímicos. Eles mostram que o universo da ciência também pode ser divertido.