Busca no site da UFMG




Nº 1331 - Ano 28 - 13.12.2001

 

Um novo olhar sobre o conhecimento

Livro do IEAT discute as bases da transdisciplinaridade

esde sua fundação, no século 8, as universidades do Ocidente passaram a congregar dois ideais contraditórios. Um deles, a compartimentalização do conhecimento, cada vez mais organizado em disciplinas. O outro, a reunião de diferentes áreas no mesmo espaço institucional, representado por departamentos, escolas ou faculdades. Ao longo dos anos, tais estruturas, reforçadas pela constante busca de especialização, geraram lacunas no ensino e na pesquisa. Daí veio a necessidade de se promover encontros interdisciplinares, com a fusão de disciplinas.

Atualmente, as exigências ultrapassam a aproximação de saberes. Para potencializar e tornar mais complexo o conhecimento, experiências transdisciplinares são a única via. Através delas, torna-se possível ir além das disciplinas - sem negá-las - promover o cruzamento de especialidades, superar fronteiras e possibilitar a migração de conceitos de um a outro campo do saber. Na UFMG, tais propósitos são perseguidos pelo Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat), criado em 1999 pela atual gestão. A fundamentação teórica

que norteia as ações do Ieat está reunida no livro Conhecimento e transdisciplinaridade, organizado pelo professor Ivan Domingues, presidente do comitê executivo do Instituto. A publicação será lançada pela Editora UFMG, no dia 18 de dezembro, a partir das 19 horas, no Conservatório UFMG.

A obra reúne textos de seis professores da Universidade, entre eles o reitor da UFMG Francisco César de Sá Barreto, e de uma professora do departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), Olgária Chain Féres Matos. Trata-se do primeiro livro da Coleção Ieat, criada com o propósito de reunir trabalhos relacionados às questões da transdisciplinaridade. No volume, são discutidos temas como Um novo olhar sobre o conhecimento, Os caminhos da transdisciplinaridade e Instabilidade como condição para mudanças institucionais qualitativas. "Neste primeiro livro, os leitores encontrarão os elementos que fundamentam a proposta do Ieat", explica o professor Ivan Domingues. Segundo ele, não só as diretrizes teóricas serão discutidas pelo Ieat. Está previsto para o final de 2002 o lançamento de uma obra que abrangerá aspectos metodológicos da transdisciplinaridade.

Diálogo

A criação de centros de estudos transdisciplinares é prática comum em diversas partes do mundo. Eles são importantes por estimularem a promoção de pesquisas de ponta. Na UFMG, o Instituto age em frentes variadas, do apoio a grupos de pesquisadores ao desenvolvimento de cátedras. Dirigido por 13 professores, integrantes de seus comitês executivo e científico, o Instituto tem trazido ilustres visitantes à Universidade, como o chileno Humberto Maturana e a americana Vibeke Sorensen, além de auxiliar iniciativas transdisciplinares. Iniciativas, aliás, que se marcam pelo "diálogo" entre as áreas do conhecimento. A equipe de estudos sobre Republicanismo, por exemplo, reúne importantes intelectuais brasileiros, como Newton Bignoto, Wander Melo Miranda, Heloísa Starling, José Murilo de Carvalho e Renato Janine Ribeiro. "A partir de experiências como essa, capaz de reunir pesquisadores de diferentes áreas e universidades, é possível ir além das especializações e criar novas bases temáticas", afirma Ivan Domingues.