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Nº 1331 - Ano 28 - 13.12.2001

Tese comprova o poder do "Q.I."

Camila Campolina

ara subir na carreira não basta ter competência. Vale mais o QI, o famoso Quem Indica. Há muito tempo, o senso comum conferiu ares de verdade a essa percepção. Agora um estudo confirma que as relações pessoais são decisivas na hora de conseguir um bom emprego ou galgar novos degraus nas organizações modernas. É o que revela o pesquisador Humberto Elias Garcia Lopes, autor de tese de doutorado defendida no final de novembro junto ao curso de pós-graduação em Administração da Face.

Ao estudar as influências das indicações na trajetória de carreira de profissionais da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Garcia Lopes constatou que as pessoas que alcançaram os postos mais altos receberam o "empurrãozinho" de uma estratégica rede de contato, formada por pessoas próximas e, claro, influentes. "Na amostra pesquisada, os tipos de contato que tiveram mais influência foram os pais, os irmãos, os amigos e os vizinhos", diz Lopes. "Os colegas de trabalho também atuavam, só que em menor escala", acrescenta o pesquisador, que é professor na Faculdade Batista de Belo Horizonte.

Apesar de os processos de contratação tenderem a ser cada vez mais impessoais, as indicações ainda têm um peso muito grande. "Quando alguém empata com outro numa disputa profissional, é o contato quem desempata: `contrate esse aqui, porque ele eu conheço'", esclarece o professor.

Garcia Lopes ouviu 455 profissionais. Desse universo, 238 admitiram ter a carreira influenciada por redes de contato. Mais da metade dos profissionais pesquisados tinham até 39 anos de idade. Sessenta por cento eram homens e a maioria trabalhava no setor de serviços.

Ineditismo

A pesquisa de Humberto Garcia Lopes é inédita no Brasil. Levantamentos do gênero já foram feitos nos Estados Unidos e em países da Europa e apontam para conclusões diferentes. Para os norte-americanos, os contatos também pesam, mas diferentemente dos resultados obtidos pelo pesquisador mineiro, as redes mais importantes são denominadas laços fracos, formadas por pessoas que não estão muito próximas do profissional - o amigo do amigo do chefe ou um conhecido distante dele.

Já na Europa, a realidade se assemelha à brasileira. Lá como cá, os contatos mais próximos são os mais influentes. Humberto Lopes arrisca até uma explicação para o fenômeno. "Isso talvez seja fruto da cultura latina que valoriza a relação familiar", especula.

A força dos contatos é tão marcante que chega a superar a condição socioeconômica do indivíduo. "Pode-se ter uma renda familiar alta, morar na Zona Sul e ter pais com elevado nível de escolaridade. Nada disso pesa mais na trajetória profissional do que os contatos", afirma Humberto Lopes.

Segundo Lopes, essas relações são construídas nas interações diárias. Por isso, é bom sempre ter um cartão à mão. Também deve-se ter jogo de cintura suficiente para evitar atritos com pessoas erradas dentro do ambiente de trabalho. "Às vezes, brigamos com pessoas que, apesar de não ocuparem cargos importantes na empresa, exercem papéis centrais nessa rede de relacionamentos. Isso pode ser fatal", ensina o professor.

Por fim, o alerta: o contato ajuda, mas ninguém consegue se manter em uma ocupação por muito tempo se não demonstrar capacidade. "Quem não possui competência técnica, mais cedo ou mais tarde, deixa sua mediocridade aparecer", adverte. Felizmente, QI ainda não é tudo.

Título: A força dos contatos: o estudo das redes interpessoais de profissionais da região metropolitana de Belo Horizonte

Defesa: 29 de novembro de 2001, junto ao Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração (Cepead)

Orientador: Lúcio Flávio Renault de Moraes

 


Concurso da Revista Literária já tem vencedores

concurso da Revista Literária da UFMG acaba de divulgar os resultados de sua primeira fase. Na categoria poesia, os premiados foram Paulo de Andrade (1º lugar), Anderson de Almeida da Conceição (2º lugar) e César Gonçalves de Oliveira (3º lugar). Paulo de Andrade também ficou em primeiro lugar na categoria Contos. O segundo lugar ficou com Eduardo Coutinho Lourenço e o terceiro, com Gabriela Gazzielli. Na categoria Infanto-Juvenil, a banca decidiu premiar apenas a primeira colocada: Gabriela Gazzielli.

A segunda fase será o Concurso de Ilustração, cujas inscrições vão até 28 de janeiro. Elas podem ser feitas no Centro Cultural (entre 14h e 18h) e no Núcleo de Assessoramento à Pesquisa (NAPq) da Faculdade de Letras (sala 4008, de 9 às 12h e de 14 às 20h). Poderão concorrer trabalhos de ilustração para os textos vencedores do Concurso Literário, produzidos por alunos regularmente matriculados nas unidades de ensino da UFMG, incluindo o Coltec. As narrativas e poemas a serem ilustrados estão disponíveis para consultas no Centro Cultural (avenida Santos Dumont, 174; no setor de fotocópias da Fafich, sala 2027; e nos diretórios acadêmicos da Escola de Belas-Artes e da Faculdade de Letras).