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Nº 1545 - Ano 32
28.08.2006

Um pé no avanço tecnológico,
outro na preservação ambiental

Obras do Parque Tecnológico recuperam
leito do Córrego do Mergulhão, na Pampulha

Miguel Arcanjo Prado

uem passa pela avenida Presidente Carlos Luz, próximo à Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG, na região da Pampulha, percebe logo a mudança na paisagem do outro lado da via. Um gramado, margeando o leito do Córrego do Mergulhão, recém-coberto de pedras, começa a ganhar forma. Operários dispõem a vegetação de forma cuidadosa, não deixando de dar o acabamento com generosos jatos d’água, tão necessários em tempos de baixa umidade relativa do ar. Ao todo, o novo gramado será equivalente a cinco campos oficiais de futebol. O verde ao lado do canal é a parte mais visível das ações ambientais do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec), construído numa parceria da UFMG com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e o Governo do Estado.
Foca Lisboa

Operário irriga gramado que margeia leito do Córrego Mergulhão: área equivalente a cinco campos de futebol

Desde março deste ano, estão em andamento as obras de infra-estrutura para a instalação de empresas de ponta no terreno de 535 mil metros quadrados, cedido pela Universidade. Desses, 350 mil metros quadrados serão de área nativa preservada, e 185 mil, de área construída. Nessa última, estão os 45 mil metros quadrados de área gramada e arborizada que começam a ganhar forma às margens do córrego que corta o terreno. Nessa primeira fase de obras, são empregadas diretamente 96 pessoas, e a estimativa de gastos é de R$ 4 milhões.

O coordenador das obras, engenheiro Eduardo Roscoe, conta que a grama é plantada por 30 metros de largura, em cada uma das margens, somando 60 metros de faixa verde, ao longo de 750 metros de curso d’água. Nas próximas semanas, começam a ser plantadas espécies da flora da capital, como quaresmeiras e ipês. “O canal de pedras está bem adiantado. Já terminamos mais da metade do serviço”, conta. O Córrego do Mergulhão passa pela área do BH-Tec e entra no campus Pampulha da UFMG. Ele foi desviado e deve voltar ao curso natural logo após a conclusão das obras. A previsão é de que esta primeira fase esteja pronta até o fim do ano.

O engenheiro conta que o novo canal foi calculado para a vazão máxima de água, no período das chuvas de verão, e que quesitos como a velocidade do curso foram levados em conta. Roscoe lembra bem a situação do Mergulhão antes das obras: “Era um verdadeiro depósito de lixo, de vegetação rasa. O novo canal de pedra vai ajudar na purificação da água e, com o paisagismo do gramado arborizado, é possível que local se torne uma atração turística”, espera. Conforme o engenheiro, a área construída não trará impactos negativos na região. “Foi feito um detalhado estudo ambiental e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente aprovou a obra”, conta. Ele revela também que não haverá asfalto nas duas vias que cortarão o BH-Tec: “Vamos utilizar pavimento de concreto inter-travado. Dessa forma, a água continuará penetrando no solo”. O coordenador das obras garante ainda que o esgoto será canalizado pela rede coletora da Copasa e nenhum dejeto será lançado nas águas do Mergulhão. “A energia elétrica será subterrânea, para evitar a poluição visual provocada por postes e fios de luz”, anuncia Eduardo Roscoe.

Desenvolvimento sustentável

“Um exemplo de desenvolvimento sustentável”. Assim a secretária municipal de Meio Ambiente, Flávia Mourão Parreira, define o BH-Tec. Ela conta que, antes de licenciar o empreendimento, a Secretaria avaliou estudos de impacto ambiental, hidrologia, qualidade da água e de todas as intervenções propostas. “O projeto foi adequado para interferir o mínimo possível na vegetação existente. O processo, até a aprovação, foi extenso e contou comaudiências públicas, nas quais a população local pôde dar sugestões, algumas das quais acatadas no projeto final”, informa.

A área verde, na qual está sendo construído o BH-Tec, abriga animais e plantas típicos do Cerrado e da Mata Atlântica. Só de aves, são mais de 200 espécies.

O professor do ICB Rodrigo Matta Machado, gestor da Estação Ecológica da UFMG, conta que os 350 mil metros quadrados de área nativa devem ser administrados pela Estação, segundo o projeto original do BH-Tec.

“Existe uma proposta de realizar atividades de formação ambiental dos funcionários do Parque Tecnológico, através de oficinas”, informa Matta Machado. Ele revela que espera a construção de uma passarela sobre a avenida Catalão, ligando a Estação Ecológica à mata do BH-Tec. “Assim, nossas atividades poderiam ser feitas em ambos os lados”, comenta.

A previsão é que o BH-Tec esteja em pleno funcionamento em dez anos e consuma investimentos de R$ 60 milhões, nos próximos cinco anos. Além das parcerias com a PBH e o Governo de Minas Gerais, o empreendimento é apoiado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), pelo Sebrae e conta com o financiamento da Fapemig e da Finep.