Busca no site da UFMG

Nº 1545 - Ano 32
28.08.2006

Sinal verde para a inclusão no trânsito

Projeto de semáforo tátil de aluna da UFMG vence concurso nacional

Ana Rita Araújo

projeto de um semáforo tátil para deficientes visuais, desenvolvido por aluna de Engenharia Química da UFMG, foi o vencedor, na categoria estudante universitário, de concurso promovido pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Além de vibrar quando o sinal estiver verde, o semáforo de pedestres deverá ter piso em alto relevo que indique sua localização ao usuário. O projeto também prevê ranhuras na faixa de pedestres para facilitar a travessia da rua em linha reta.
Foca Lisboa

Dispositivo pode funcionar paralelamente ou acoplado ao tradicional semáforo de pedestres

Segundo a autora da idéia, Camila Andreva de Castro, o dispositivo pode ser planejado para funcionar paralelamente ou acoplado ao tradicional semáforo de pedestres, e o usuário identificará, com a mão, vibrações que indicam a passagem livre. “Já existe o semáforo sonoro, mas há reclamações quanto ao barulho no entorno, o que pode atrapalhar o uso”, afirma Camila Castro, que desenvolveu o projeto com os colegas André Weber Cirino, Fernando Palhares Gonçalves dos Santos e Leonardo Tavares Celestino.

Aluna do quarto período de Engenharia Química, ela não planejava enveredar pela área da inovação. Foi na disciplina Introdução à Física Experimental, ministrada no ciclo básico pelo professor Eduardo de Campos Valadares, que a estudante aceitou o desafio de olhar à sua volta e identificar algo em que pudesse interferir positivamente. “Eu não sabia que era capaz. Agora sei que quando chegar ao mercado de trabalho posso, por exemplo, propor melhorias em equipamentos com os quais terei de lidar”, diz, confiante.

Inovação
É a confiança no próprio talento que o professor Valadares procura estimular em alunos dos cursos que têm seu ciclo básico no Instituto de Ciências Exatas (Icex). “É importante oferecer a eles o desafio de identificar problemas e desenvolver projeto único, fruto de demandas não percebidas”, defende Valadares, que sugeriu a inscrição do projeto de Camila Castro no concurso do Denatran.

Na opinião do professor, o que impulsiona o desenvolvimento dos países não são apenas as condições econômicas, mas a disseminação de valores culturais positivos, que estimulem o talento e o gosto pela inovação. Com este intuito, o professor incluiu na avaliação acadêmica da disciplina Introdução à Física Experimental a elaboração de trabalho prático com peso de 40% da nota total. Nesta atividade, os alunos procuram identificar problemas e propor soluções inovadoras, sob a monitoria de seis alunos de graduação dos cursos de Física, Engenharia de Produção e Engenharia Elétrica, todos bolsistas do Projeto Inovação, coordenado por Valadares.

Além da premiação no Denatran, a pesquisa desenvolvida por Camila Andreva de Castro também será apresentada em conferência internacional que a Sociedade Americana de Ensino de Engenharia promove em outubro próximo, no Rio de Janeiro. “Agora precisamos de patrocínio para levar os alunos ao evento”, ressalta o professor do ICEx.

Ao defender a valorização do potencial criativo dos alunos, Eduardo Valadares também pretende atacar um problema comum a quase todas as instituições de ensino superior do país: o alto índice de abandono dos cursos de engenharia, sobretudo nos semestres iniciais. “É um momento crucial na vida do aluno, que em geral é muito jovem e sente-se fragilizado”, diz o professor.

O concurso
Dividido em etapas municipais, estaduais e nacional, o VI Prêmio Denatran de Educação para o Trânsito busca, segundo os organizadores, estimular a sociedade a pensar na relação do trânsito com a cidade, o meio ambiente e a qualidade de vida do cidadão. “Ao discutir o assunto, a sociedade terá mais consciência da importância do respeito às leis de trânsito na prevenção de acidentes e, conseqüentemente, na redução de vítimas”, diz o texto de divulgação do concurso. Não há compromisso do Denatran em implantar idéias sugeridas pelos projetos inscritos.

Participaram desta edição mais de 58 mil trabalhos de todo o país. Na etapa final foram selecionados 35 trabalhos referentes às categorias Estudante, Educador, Profissionais da Comunicação e Programas de Educação para o Trânsito. A premiação nacional acontece em Brasília no dia 27 de setembro.