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Nº 1686 - Ano 36
15.3.2010

Novo cenário para a pesquisa artística

Primeiras instalações do campus avançado de cultura são inauguradas em Tiradentes

Fernanda Cristo

Quem chega a Tiradentes, na região central de Minas Gerais, pode ter a impressão de estar pisando em um cenário. Cada casa da cidade parece ter sido construída para servir de locação para um filme antigo, assim como as estreitas ruas de pedra, os restaurantes, a pracinha com charretes vermelhas e até mesmo a agência bancária.

A partir deste mês, o velho cenário ganha novos atores: pesquisadores, estudantes e interessados em arte em geral. Isso porque começam a funcionar na cidade os primeiros espaços do campus avançado de cultura da UFMG. A inauguração será nesta terça-feira, dia 16, às 10h, em videoconferência que reunirá, na Biblioteca Universitária, o reitor Ronaldo Pena e, em Tiradentes, boa parte da equipe envolvida na implantação do campus avançado.

As primeiras instalações serão a Biblioteca Referencial sobre o Século 18 e um auditório no antigo Fórum, que agora abriga a Câmara Municipal, onde também será inaugurada exposição de arte computacional. Além disso, a Casa de Padre Toledo ficará fechada durante um ano, tempo em que passará por reforma para abrigar o Museu Casa do Inconfidente Padre Toledo. Esses imóveis, que integram o patrimônio da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, pertencente à UFMG, são tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

“Já existe uma biblioteca na Casa da Cultura. Vamos recuperá-la e ampliá-la para receber professores visitantes. A ideia é trazer gente do mundo inteiro interessada em estudar o barroco mineiro”, explica o professor João Antônio de Paula, presidente da Fundação. A reforma da Casa de Padre Toledo será comandada por um grupo do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor), da Escola de Belas-Artes.

Em breve, o novo campus também deve servir de palco para atividades do curso de graduação em museologia, que passou a ser ofertado no vestibular 2010. “Além dos professores, pretendemos levar estudantes para fazer pesquisa no campus avançado”, afirma João Antônio. Todos os espaços ficarão abertos para visitação da comunidade local. O auditório que será construído na Câmara Municipal poderá ser utilizado pelo legislativo municipal, que continuará funcionando no mesmo prédio, mesmo após a instalação completa do campus.

Outros projetos que integram o campus avançado são o Centro de Pesquisa e Experimentação em Sistemas Multimodais – núcleo avançado de estudo e produção de novas mídias –, que também será instalado na Casa da Câmara, e o Museu de Santanas, que será construído no edifício da antiga cadeia pública, em parceria com o Instituto Cultural Flávio Gutierrez.

Internato artístico

A mostra de arte computacional na Casa da Câmara será uma espécie de carta-convite. “Queremos que ela sintetize a proposta do Centro de Pesquisa e Experimentação”, diz o professor Francisco Marinho, da Escola de Belas-Artes, que coordena a implantação do projeto. Ele explica que já existe um grupo de pesquisa em arte computacional na Universidade. “A exposição também servirá para mostrar um pouco do que nós fazemos”, completa.

Marinho diz que o foco da mostra serão instalações de arte interativas. No teto da Casa da Câmara, por exemplo, haverá projeções de desenhos estilizados, simulando a cúpula de uma capela barroca, com videopoemas no centro formando “uma espécie de decoração digital do local”. A mostra deve ser a primeira de uma série de atividades do Núcleo Avançado de Estudo e Produção de Novas Mídias. “O primeiro objetivo do Centro é a pesquisa, mas ele deve ter também uma parte de extensão”, afirma Marinho. Ele conta que, em breve, será organizado um cronograma de atividades como oficinas e mostras, além de um calendário para levar professores residentes ao Centro.

O local também será utilizado pelos estudantes da graduação. No novo curso de cinema de animação e artes digitais, da Escola de Belas-Artes, já estão previstas atividades adicionais a serem desenvolvidas de modo similar ao internato rural da medicina e que podem render créditos aos alunos. A implantação do campus avançado de cultura conta com o apoio, entre outros, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do próprio Instituto Cultural Flávio Gutierrez.