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Nº 1721 - Ano 37
29.11.2010
Fred Lamêgo
Por serem derivados de fontes renováveis, os biocombustíveis são tidos como esperança ao anunciado esgotamento dos combustíveis fosséis, como petróleo e carvão mineral. De acordo com a lei 11.097, de 13 de janeiro de 2005, todo óleo diesel comercializado no país necessita ter em sua composição no mínimo 5% de biocombustível. Contudo, devido à origem recente dessa substância, ainda há carência de estudos a respeito de seus efeitos.
Foto:Foca Lisboa |
Óleo de macaúba é foco de pesquisas na UFMG |
Diante disso, a mestranda em engenharia metalúrgica Milene Luciano, sob orientação de Geralda Godoy e co-orientação de Vânya Pasa, do Departamento de Engenharia Metalúrgica da UFMG, resolveu estudar os efeitos corrosivos dos biocombustíveis de soja e macaúba em comparação aos do diesel comum quando em contato com metais do tipo ASTM-A36, utilizados para fabricação de tanques de reservatório para combustíveis aéreos.
Os resultados dos dois trabalhos desenvolvidos – um relacionando soja e diesel e o outro associando a macaúba e o combustível fóssil –, apontaram que os biocombustíveis puros (B100) são significativamente mais corrosivos que o diesel acrescido de 5% dessas substâncias (B5) e estes últimos mais que o óleo diesel puro (B0).
Os B100 tendem a degradar o material metálico com o tempo, devido à presença de triacilglicerídeos de ácidos graxos insaturados – principalmente linoléico e linolênico – que potencializam a oxidação. Além disso, eles apresentam caráter higroscópico – capacidade de absorver água – muito maior que os combustíveis fósseis.
Estima-se que os B100 são 30 vezes mais higroscópicos que o diesel comum. Esta característica serve como indicador de potencial corrosivo. Já sobre o diesel comum é sabido que se trata de substância relativamente inerte, que produz pouca oxidação. Quando misturado ao biocombustível, ele ameniza o potencial de corrosão, já que a substância passa a ter 95% de combustível fóssil, que é menos polar e, por isso, menos reativo. Comparando os bicombustíveis de soja e macaúba e seus efeitos, a mestranda relata que o segundo se mostrou consideravelmente mais corrosivo.
Apesar dos dados obtidos com o trabalho, a pesquisadora alerta que é cedo para afirmar que o potencial corrosivo dos biocombustíveis implicará problemas para os veículos automotivos. “Estamos na primeira etapa de uma pesquisa mais ampla. O metal que utilizamos para avaliar a capacidade corrosiva não é o mesmo usado em tanques de carros. Ele é característico de reservatórios de estocagem de combustíveis aéreos”, salienta.
O estudo foi realizado com a imersão parcial de amostras de aço ASTM-A36 em recipientes com B100 e B5 de soja e macaúba. Elas ficaram submersas durante 168 horas em condições de alta temperatura e pressão de oxigênio – 100° C e atmosfera de oxigênio de 710 kPa (quilopascal).
“Passado esse período, avaliamos parâmetros físico-químicos das amostras de combustíveis, acidez, teor de água, índice de peróxido e massa específica. Esses são os principais parâmetros para observar o quanto degradou e o quanto interferiu no processo corrosivo”, explica Milene Luciano.
Ainda de acordo com ela, a escolha da soja e da macaúba ocorreu por motivos distintos. A primeira se justifica devido a sua grande comercialização no Brasil. “O biocombustível de soja é o mais produzido e comercializado no país, em consequência da grande disponibilidade dessa oleaginosa. Ele equivale a aproximadamente 80% dos biocombustíveis comercializados”, destaca.
O de macaúba, em contrapartida, é a oleaginosa com maior potencial comercial, pois seus frutos fornecem de 20% a 30% de óleo e seu rendimento gira em torno de quatro mil a seis mil quilos de óleo por hectare, quantidade acima das demais oleaginosas. Seu aproveitamento tanto para combustíveis quanto para outras áreas, como a alimentícia, tente a ser intensificado.
Segundo o artigo 6º, inciso XXIV, da lei 11.097, biocombustível é o “combustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna ou, conforme regulamento, para outro tipo de geração de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil”.
Estão reabertas, até 3 de dezembro, as inscrições ao Concurso 2011 para preenchimento de vagas remanescentes em cursos de graduação da UFMG, nas modalidades Transferência e Obtenção de Novo Título. As inscrições devem ser feitas exclusivamente pela internet, e o valor da taxa é de R$136.
O processo foi reaberto em função do feriado no período final do prazo anterior (3 a 16 de novembro) e do grande número de pedidos endereçados à Comissão Permanente do Vestibular (Copeve). O edital está disponível no endereço www.ufmg.br/copeve.