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Nº 1721 - Ano 37
29.11.2010

EXPANSÃO de fronteiras

Implantação de centro de pesquisas acena para novo patamar das ciências agrárias na UFMG

Ana Maria Vieira*

Arquivo ICA
 

A 400 quilômetros da sede da UFMG, em Belo Horizonte, o campus regional de Montes Claros caminha rapidamente para reduzir distância de outra natureza dentro da Universidade, a das condições de produção de pesquisa. Sinal desse movimento foi a aprovação, em final de novembro, de novos recursos pela Finep destinados a ampliar as instalações do Centro de Pesquisas em Ciências Agrárias e a construção do Centro de Referência em Agricultura Familiar, Aquicultura, Silvicultura e Manejo Florestal Sustentável no Semiárido.

São mais R$ 1,33 milhão para três novos laboratórios do Centro de Pesquisas – Relações Água-Solo-Planta-Atmosfera, Calorimetria Animal e Desenvolvimento e Crescimento de Plantas – e criação do Centro de Referência em Agricultura Familiar. Material de consumo e diversos equipamentos também ganharam recursos próprios, captados em projetos de pesquisa dos professores do ICA. Serão pelo menos R$ 2 milhões, oriundos de agências públicas e privadas, além de programas de apoio à pesquisa da UFMG.

Os espaços, que estão em fase inicial de construção, com obras de terraplenagem, vão abrigar laboratórios especializados e devem catapultar a produção científica no Instituto de Ciências Agrárias (ICA), favorecendo a criação de doutorado acadêmico na área. De acordo com o diretor do Instituto, professor Delacyr Brandão, eles atenderão também à grande demanda por iniciação científica e vão pressionar por captação de novos recursos para pesquisas.

“A formação de infraestrutura para pesquisa demanda tempo de maturação. Nossa meta é que o investimento crie novas condições para a produção científica da equipe de professores do Instituto, que, com o Reuni, duplicou, e necessita de instalações para levar à frente seus projetos”, avalia o professor Renato de Lima Santos, pró-reitor de Pesquisa da UFMG. Ele observa que o investimento permitirá consolidar a qualidade acadêmica do Instituto, no mesmo patamar da Universidade, aumentando a competitividade e inovação científica da Unidade em Montes Claros.

Projeto inicial do Centro de Pesquisas previa a instalação dos laboratórios de Biotecnologia, Controle da Poluição, Plantas Medicinais e Aromáticas, Ciência de Alimentos, Sanidade Animal e Saúde Pública e de Metabolismo Animal. Os recursos, captados em 2007 e em 2009, com chamada pública da Finep, destinavam-se especificamente ao desenvolvimento de campi regionais. À época, foram aprovados cerca de R$ 1,3 milhão e R$ 2 milhões, conforme consta em documento sobre os projetos produzido pela UFMG. Já os valores liberados este ano, pelo mesmo programa da Finep, servirão para expansão do Centro.

Colaboração

Multiusuário e multidisciplinar são as palavras-chaves para compreender o novo arranjo de produção científica no Centro de Pesquisas. A ideia é que grupos do campus regional possam interagir entre si e com o setor produtivo local e regional, ao mesmo tempo em que favoreçam a formação de recursos humanos qualificados. Como consta em projeto do Centro, suas instalações estão planejadas para obter certificação de qualidade na área governamental e privada.

De acordo com o pró-reitor de Pesquisa da UFMG, a Universidade pretende também propor programa de mobilidade para mestrandos do Instituto, a fim de incrementar a estratégia de fortalecimento local. “Eles ficariam de quatro a seis meses em unidades em Belo Horizonte, para fomentar a colaboração entre áreas afins e a qualidade de produção do ICA”, antecipa.

Além das atividades acadêmicas e de pesquisa, o ICA presta serviços diversos à comunidade local, como análise de solos e assessoria técnica em agronomia, zootecnia e gestão ambiental. A unidade está instalada em fazenda experimental localizada a sete quilômetros de Montes Claros.

*Colaborou Maria Fernanda Ruas

Agricultura familiar

Cenas de agricultores refazendo junto a estudantes e professores o dia a dia da produção em uma unidade familiar podem se tornar comuns dentro da academia, com a criação do Centro de Referência em Agricultura Familiar. Os estudos devem trazer à tona informações sobre técnicas produtivas de baixo impacto ambiental e sobre recursos genéticos adaptados por esses grupos para o semiárido e que tenham finalidade alimentar, medicinal ou ornamental.

O Centro será erguido em área de 80 hectares em Montes Claros, doada pela União. Além de abrigar o laboratório de etnociência da agricultura familiar, o espaço terá também laboratórios de silvicultura, manejo florestal e de aquicultura, com tanque para criação de peixes de dois mil metros quadrados. A ideia é que ampliem o conhecimento sobre preservação de solos e de espécies vegetais e animais do cerrado – bioma que se encontra ameaçado. De acordo com projeto apresentado à Finep, os dados produzidos pelos laboratórios podem subsidiar políticas públicas para o Norte mineiro.